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Título: A justiça restaurativa como possibilidade aos conflitos ambientais : estudo de caso sobre os impactos do desastre de Mariana-MG no Rio Doce-Watú frente à cosmovisão do povo indígena Krenak.
Autor(es): Terra, Ligia Machado
Orientador(es): Morais, Flaviane de Magalhães Barros Bolzan de
Dantas, Fernando Antonio de Carvalho
Palavras-chave: Direito ambiental
Desastres tecnológicos
Ecocentrismo
Solução de conflitos
Justiça restaurativa
Data do documento: 2023
Membros da banca: Morais, Flaviane de Magalhães Barros Bolzan de
Dantas, Fernando Antonio de Carvalho
Bahia, Alexandre Gustavo Melo Franco de Moraes
Pereira, Helena Dolabela Luciano
Referência: TERRA, Ligia Machado. A justiça restaurativa como possibilidade aos conflitos ambientais: estudo de caso sobre os impactos do desastre de Mariana-MG no Rio Doce-Watú frente à cosmovisão do povo indígena Krenak. 2023. 223 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2023.
Resumo: Em 05 de novembro de 2015, o rompimento da Barragem de Fundão, que continha rejeitos da atividade mineradora da empresa Samarco Mineração S.A., controlada pela Vale S.A. e BHP Billinton, em Mariana/MG, tornou-se um dos maiores e mais graves desastres ambientais da história brasileira, deixando inúmeras vítimas – humanas e não humanas, e contaminando diversos corpos hídricos até chegar ao Oceano Atlântico. Partindo de um estudo de caso sobre os impactos do rompimento no Rio Doce, intitulado Watú pelos indígenas Krenak, frente à cosmovisão desse povo, cujo território é situado às suas margens no município de Resplendor/MG, a presente pesquisa busca analisar os conflitos socioambientais oriundos de desastres tecnológicos da mineração e o tratamento jurídico dado a eles, sobretudo vislumbrando criticamente a (in)efetividade de soluções centradas nos conceitos de dano, responsabilidade e reparação na perspectiva pós-violatória. Para tanto, num primeiro momento, realiza-se a contextualização do desastre de Mariana e seus impactos socioambientais, suas consequências na relação do povo indígena Krenak com o Watú/Rio Doce, e a luta pela reparação integral. Após, analisa-se os danos ambientais no sentido de superar o antropocentrismo marcante do Direito Ambiental brasileiro, partindo-se do marco teórico do paradigma ecocêntrico, que leva aos Direitos da Natureza, sendo esta entendida como sujeito de direitos, e sua relação com a interculturalidade. Em seguida, analisa-se a responsabilidade ambiental e o tratamento processual pertinente, partindo-se do referencial teórico do Modelo Constitucional de Processo, a fim de buscar formas de solução dos conflitos socioambientais e possibilidades de reparação integral, com ênfase numa abordagem efetivamente democrática que considere as reais necessidades das vítimas, entendidas como sujeitos de direitos. Por fim, analisa-se a Justiça Restaurativa como possibilidade de solução ecocêntrica a essa problemática, para uma melhor resposta aos anseios dos atingidos, especialmente o povo indígena Krenak e o Rio Doce/Watú, entendido como sujeito de direitos. Analisa-se como os Krenak podem dar voz ao rio em um sistema que não reconhece a Natureza como sujeito de direitos. Assim, defende-se a hipótese de que a Justiça Restaurativa, sob um olhar sulear, decolonial e ecocêntrico, pautando-se em garantias do Modelo Constitucional de Processo, tem potencial bastante para possibilitar uma releitura do modelo de justiça socioambiental, especialmente no desastre de Mariana, a fim de efetivar a reparação integral considerando a cosmovisão indígena Krenak, criando uma possibilidade concreta à exclusão de sujeitos atingidos, especialmente os indígenas e a Natureza.
Resumo em outra língua: On November 5, 2015, the rupture of the Fundão dam, which contained tailings from the mining activity of the company Samarco Mineração S.A., controlled by Vale S.A. and BHP Billinton, in Mariana/MG, became one of the biggest and most serious environmental disasters in Brazilian history, leaving countless victims – human and non-human, and contaminating several water bodies until it reached the Atlantic Ocean. Starting from a case study on the impacts of the rupture in the Rio Doce, entitled Watú by the Krenak indigenous people, in view of the cosmovision of this people, whose territory is located on its banks in the municipality of Resplendor/MG, this research seeks to analyze the socio-environmental conflicts arising from of mining technological disasters and the legal treatment given to them, especially by critically glimpsing the (in)effectiveness of solutions centered on the concepts of damage, responsibility and reparation in the post-violation perspective. To do so, at first, the Mariana disaster and its socio-environmental impacts are contextualized, its consequences on the relationship of the Krenak indigenous people with the Watú/Rio Doce, and the struggle for full reparation. Afterwards, environmental damage is analyzed in order to overcome the marked anthropocentrism of Brazilian Environmental Law, starting from the theoretical framework of the ecocentric paradigm, which leads to the Rights of Nature, which is understood as a subject of rights, and its relationship with interculturality. Then, environmental responsibility and the relevant procedural treatment are analyzed, starting from the theoretical framework of the Constitutional Process Model, in order to seek ways of solving socio-environmental conflicts and possibilities of integral reparation, with emphasis on an effectively democratic approach that consider the real needs of the victims, understood as subjects of rights. Finally, Restorative Justice is analyzed as a possibility for an ecocentric solution to this problem, for a better response to the concerns of those affected, especially the Krenak indigenous people and the Rio Doce/Watú, understood as a subject of rights. It analyzes how the Krenak can give voice to the river in a system that does not recognize Nature as a subject of rights. Thus, the hypothesis is defended that Restorative Justice, under a southern, decolonial and ecocentric perspective, based on guarantees of the Constitutional Process Model, has enough potential to enable a re- reading of the socio-environmental justice model, especially in the disaster of Mariana, in order to effect full reparation considering the Krenak indigenous cosmovision, creating a concrete possibility for the exclusion of affected subjects, especially indigenous people and Nature.
Descrição: Programa de Pós-Graduação em Direito. Departamento de Direito, Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto.
URI: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/16771
Licença: Autorização concedida ao Repositório Institucional da UFOP pelo(a) autor(a) em 13/06/2023 com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que sejam citados o autor e o licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação.
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