PPGHis - Programa de Pós-graduação em História
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Item Políticas da memória e políticas do esquecimento : uma análise das transformações dos antigos centros de tortura do Brasil em memorial - DOPS/RJ e DOI-Codi/SP.(223) Ivo, Larissa Vitória; Pereira, Luisa Rauter; Pereira, Luisa Rauter; Abreu, Marcelo Santos de; Neves, Deborah Regina LealA compreensão acerca das políticas da memória deriva dos estudos da Teoria da História e da Historiografia sobre a memória, cuja área de conhecimento passou por uma crescente durante a década de oitenta, tendo em vista acontecimentos como a queda do muro de Berlim, o Apartheid, as Ditaduras na América Latina e outros grandes eventos a nível global que deram origem às demandas de preservação do passado. O objetivo dessa dissertação foi compreender as disputas de memória em torno dos antigos centros de tortura no Brasil, sendo eles o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) da cidade do Rio de Janeiro e o Departamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna da cidade de São Paulo, a fim de elucidar de que maneira o conduziu o período de 1964 à 1985, bem como quais são as suas continuidades e rupturas presentes na contemporaneidade. Neste intuito, foram utilizadas como fontes os jornais brasileiros, como o Estadão, o G1, a Agência Brasil e a BBC, a fim de analisar de maneira esses casos foram repercutidos na mídia nacional e de que maneira tais embates foram veiculados. Em conjunto a elas foram consultadas as principais referências da área, fazendo um contraponto entre os conceitos e as manchetes. A hipótese central desenvolvida nessa dissertação foi que a maneira em que a Lei da Anistia foi elaborada, mediante o não julgamento dos torturadores em conjunto à ausência da Justiça de Transição no país colaborou para um cenário propício de inserção das políticas de esquecimento em torno da ditadura no país.Item Ordens terceiras e o ultramontanismo em Minas : catolicismo leigo e o projeto reformador da Igreja Católica em Mariana e Ouro Preto.(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2009) Gomes, Daniela Gonçalves; Silveira, Marco AntônioO presente trabalho consiste no estudo sobre o universo das Ordens Terceiras de Nossa Senhora do Carmo e de São Francisco de Assis das cidades de Mariana e Ouro Preto, no período que compreende os anos de 1844 e 1875, período do Bispado de D. Viçoso. O seu objeto está circunscrito às questões que abarcam as relações que estas instituições estabeleceram com a Diocese de Mariana. Interações marcadas por fortes laços de proteção, mas também por uma atmosfera de desconfianças. Neste contexto, porém, D. Viçoso não (re)cria táticas para modificar as expressões do sentir religioso e para censurar as práticas costumeiras das confrarias. Encontramos um estreitamento das relações da Diocese com as Ordens Terceiras. Na análise foi utilizado um corpo documental de procedências diversas, que incluem documentos provenientes das ordens terceiras e fontes oriundas do poder civil e eclesiástico. Este conjunto foi alvo de análises qualitativas e quantitativas. Os resultados nos possibilitaram sugerir, portanto, que o tipo de catolicismo que estas organizações praticavam, em certa medida, pode ser considerado um catolicismo plural, que mescla cotidianamente elementos da ortodoxia oficial da Igreja Católica com elementos de uma religiosidade popular. Portanto, concluímos que o catolicismo no século XIX é um amálgama, um imenso mosaico que se caracteriza como uma instituição híbrida e maleável diante das inúmeras expressões da fé católica, oriundas de vários segmentos sociais e culturais.Item Povos indígenas e ampliação dos domínios coloniais : resistência e assimilação no Vale do Rio Doce e Zona da Mata, séculos XVIII e XIX.(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2009) Oliveira, Ricardo Batista de; Venâncio, Renato PintoEsta dissertação analisa um novo aspecto dos povos indígenas do Vale do rio Doce e Zona da Mata, destacando a perspectiva de suas fronteiras étnicas, e não os usuais limites administrativos que circunscrevem as capitanias de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Fundamentado em fontes historiográficas e documentais, o trabalho repensa as estratégias de resistência e associação, bem como as imagens forjadas sobre o indígena, a partir do rearranjo do processo migratório ocasionado pelo acirramento do contato com os neobrasileiros. Sendo tais fronteiras um fenômeno móvel, também foi possível destacar como o indígena ocupou importante papel no estabelecimento das mesmas, inserindo-o como sujeito ativo no processo histórico das capitanias mencionadas. Não obstante, mais importante do que incluir estes povos, muitas vezes esquecidos, ao se estudar a história indígena, percebe-se que a própria interpretação da história toma novos rumos.Item Colonização, política e negócios : Teófilo Benedito Ottoni e a trajetória da Companhia do Mucuri (1847-1863).(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2009) Silva, Weder Ferreira da; Araújo, Valdei Lopes deEste trabalho pretende analisar o significado político e econômico da trajetória da Companhia de Navegação e Comércio do Mucuri, empresa fundada em 1847 que atuou no propósito de criar uma nova rota comercial em Minas Gerais. Ao longo da década de 1850, seu principal idealizador, o político liberal Teófilo Benedito Ottoni lançou-se no ambicioso plano de conquista e colonização do vale do Mucuri através da construção de estradas, de núcleos urbanos, de portos e do incremento da imigração estrangeira. O estudo da evolução da empresa entre 1847 e 1863 oferece-nos uma boa mostra de como se movimentavam os interesses políticos e econômicos no complexo cenário do Segundo Reinado.Item As donas da rua : comerciantes de ascendência africana em Vila Rica e Mariana (1720 - 1800).(2009) Camilo, Débora Cristina de Gonzaga; Chaves, Cláudia Maria das Graças; Chaves, Cláudia Maria das Graças; Gonçalves, Andréa Lisly; Faria, Sheila Siqueira de CastroEste trabalho objetiva investigar a participação das pessoas de ascendência africana no mercado local na região compreendida por Vila Rica e Mariana entre as décadas de 1720 a 1800. Analisamos, através de variada documentação, os diversos aspectos que justificam a entrada e a permanência de um grande contingente de mulheres pretas e crioulas na atividade mercantil. Compreendemos que a presença negra no pequeno comércio foi resultado de uma série de fatores como a tradição de determinados grupos africanos, a divisão sexual do trabalho em África e em Portugal, as demandas da sociedade local e, enfim, dos espaços de mobilidade nesta sociedade escravista. Além destes fatores, as comerciantes negras utilizaram estratégias pessoais para permanecer no trabalho e acumular pecúlio através do mesmo. Assim, a conquista de determinados bens por parte de vendeiras, quitandeiras e negras de tabuleiros significava ascender perante a população de cor escrava e alcançar um status intermediário na comunidade local. Ser uma negra comerciante no Setecentos mineiro significou partilhar tradições e reconhecer o lugar do mercado, o que bem fizeram tantas pretas e crioulas, tornando-se ‘donas’ das ruas no cotidiano das vilas.Item Alforriados e “fujões” : a relação senhor-escravo na região de São João del-Rei (1820-1840).(2009) Silva, Elisa Vignolo; Gonçalves, Andréa LislyAlforriados e “fujões” é um estudo das relações escravistas na região de São João del-Rei entre os anos de 1820 e 1840. As principais fontes históricas analisadas nesta dissertação foram as cartas de alforria e os anúncios de escravos foragidos do jornal Astro de Minas. Para a análise das questões que emergiam a partir da leitura desses documentos, nos baseamos na existência de uma ideologia paternalista, nas relações entre senhores e escravos. Assim, buscou-se discutir a partir da documentação e dos pressupostos dessa ideologia as distintas interpretações que senhores e escravos poderiam ter em relação ao contexto em que estavam inseridos.Item Sarcedos Magnus Dom Oscar de Oliveira, O Arquidiocesano e a recepção fragmentada do Concílio Vaticano II na Arquidiocese de Mariana (1959-1988).(2009) Silveira, Diego Omar da; Almeida, Ivan Antônio deCompreender os variados aspectos da recepção do Concílio Vaticano II parece continuar sendo para a Igreja do Brasil, bem como para toda a catolicidade, uma tarefa de grande relevância. Isso porque, a medida que vamos ganhando distanciamento do Concílio como evento, começam a aparecer no horizonte dos estudiosos do catolicismo a riqueza e a pluralidade dos processos desencadeados pelos padres conciliares nas mais diversas Igrejas locais e nacionais. Em geral, tanto as Ciências Sociais – história e sociologia sobretudo – quanto a Teologia construíram, ao longo desses mais de quarenta anos, modelos que pautaram os estudos sobre o Vaticano II e que começam agora a parecer limitados, cedendo lugar a novos modelos de análise, mais focados na riqueza dos processos de recepção que marcaram os anos pós-conciliares e no caráter eclético e plural de muitos de seus atores, tendo como exemplo os bispos que, por serem moderados ou conservadores, permaneceram invisíveis para os historiadores da Igreja na sua tentativa de implementar em suas (arqui)dioceses os documentos e orientações emanados do Concílio Vaticano II. Formados por uma mentalidade tridentina e profundamente antimoderna, tornou-se difícil para diversos desses prelados encontrar adequações possíveis nos imaginários sociais católicos, que permitissem uma nova concepção de Igreja acompanhada de formas novas de vivenciar essa fé. A presente dissertação busca, nesse sentido, acompanhar esse processo na Arquidiocese de Mariana, sobretudo através da atuação do Arcebispo, Dom Oscar de Oliveira (1959-1988), que através de uma intensa atividade editorial, buscou elaborar modelos próprios – e fragmentados – que possibilitaram enquadrar as diretrizes conciliares dentro de uma compreensão conservantista (Mannheim) de Igreja e do social, sem aparente ruptura com o tradicional legado dos bispos marianenses e com a cultura política local.Item Ultramontanismo na Diocese de Mariana : o governo de D. Antônio Ferreira Viçoso (1844-1875).(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2010) Campos, Germano Moreira; Silveira, Marco AntônioA presente pesquisa se propõe a analisar e refletir sobre o processo de Reforma Ultramontana, ou de Romanização do catolicismo brasileiro, no período oitocentista. Para tanto, procuramos centrar nosso objeto – a romanização – no espaço da Diocese de Mariana no período compreendido entre os anos de 1844 e 1875, recorte este que corresponde ao governo episcopal de Dom Antônio Ferreira Viçoso. Esta investigação visa repensar os modelos pelos quais, tradicionalmente, a historiografia dedicada ao tema se esforçou por apresentar este processo de intervenção e reestruturação da Igreja católica em seus âmbitos internos e exteriores. Valemo-nos de documentos eclesiásticos, como cartas pastorais, breves, epistolários e especialmente as fontes periódicas para desenvolver nosso trabalho. Desta forma, buscaremos destacar o processo de formação do ultramontanismo, as propostas e os percalços enfrentados por essa nova política católica, interessando-nos em especial as situações, típicas ou não, da reforma no espaço da Diocese Mariana. Primeiramente apontamos como sendo importante aspecto a precocidade temporal da reforma marianense, onde esta possui um caráter de luta heróica da diocese mineira em levar adiante suas propostas de transformação religiosa para seu clero e seus fiéis. Também a formação do Partido Católico na década de 1873 representa certa particularidade do caso da reforma marianense, numa clara tentativa de defesa e influência frente à situação política dominante no Segundo Reinado brasileiro, caracterizado pela existência do sistema de Padroado Régio.Item Cum mente et malleo : a ciência na escrita de Claude-Henri Gorceix (1874-1891).(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2010) Rodrigues, Deise Simões; Castro, Virginia Albuquerque Buarque deNossa proposta é reconstituir nesta dissertação a concepção e prática científica de Claude-Henri Gorceix a partir da interpretação dos fundamentos histórico-filosóficos de seu epítome cum mente et malleo, desdobrados em sua escrita. Com este objetivo, recorremos principalmente ao relato epistolar que Gorceix manteve com o imperador brasileiro entre 1874, período em que se estabeleceu no Brasil, com o intuito de fundar a Escola de Minas de Ouro Preto, tornando-se seu professor e primeiro diretor, até 1891, quando retornou para a França. Seu programa amplo de ciência articulava diferentes conhecimentos, proporcionando inclusive uma inter-relação entre os saberes relacionados à natureza (numa articulação do método empírico oitocentista e noções oriundas de uma filosofia da natureza delineada no século XVIII) e ao conhecimento do campo das humanidades.Item As ações de liberdade de escravos na justiça de Mariana 1850-1888.(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2010) Dias, Silvania de Oliveira; Jesus, Ronaldo Pereira deDurante séculos a demanda instaurada pelo projeto colonizador elevou as importações e consumiu trabalhadores em ritmo acelerado. Com o passar do tempo e, mesmo com as mudanças políticas observadas no Brasil após a Independência, o país permaneceu sendo um dos maiores consumidores de homens na produção de suas riquezas. Para os escravos africanos e especialmente para seus descendentes, a construção dos laços familiares, afetivos, de amizade, de confiança e solidariedade representou um poderoso mecanismo que auxiliava a sobrevivência no ambiente adverso da escravidão. Abandonar o mundo do cativeiro e ingressar no mundo dos livres era, certamente, uma possibilidade que todos sonhavam e a que dedicavam amplos esforços. Muitos cativos, mesmo após o longo caminho percorrido rumo à liberdade e mesmo após alcançar o direito de viver livremente na comunidade, ainda precisaram permanecer lutando para conquistar de modo efetivo sua condição de libertos. Sob a alegação de “injusto e ilegal cativeiro”, muitos homens, mulheres e crianças, representados por seus advogados e curadores, conduziram seus senhores, ou supostos senhores, aos tribunais, movidos pela esperança de conseguirem provar que eram forros e de poderem usufruir, enfim, dessa condição pela qual tanto sonharam, viveram e lutaram. Entender e demonstrar a relevância das relações sociais na vida dos cativos para se conquistar a alforria e principalmente para se abrir um processo judicial de liberdade contra seus senhores foi a principal proposta deste trabalho. Sem o apoio das pessoas pertencentes ao mundo dos livres, o alcance da justiça ficava inviabilizado para os escravos. Os contatos tecidos e consolidados ao longo dos anos de convivência na sociedade e a capacidade de usá-los em prol do objetivo de liberdade representaram a grande inquietude que nos estimulou a rastrear, através das ações de liberdade, o caminho percorrido pelos escravos na justiça de Mariana. Entender o fundamental papel exercido pelas relações na vida dos escravos, no momento de buscar o amparo da justiça, foi nosso grande desafio ao longo deste trabalho.Item Arranjos de vida : direito e relações entre senhores e escravos - termo de Mariana, 1850-1888.(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2010) Meyer, Marileide Lázara Cassoli; Gonçalves, Andréa LislyA partir principalmente da década de 1980, muitos dos estudos históricos relacionados à história do trabalho e dos trabalhadores no Brasil elegeram as fontes judiciais como informantes preciosos, não somente da criminalidade ou dos mecanismos jurídicos como também da percepção e das noções de direito e de justiça que foram construídas por senhores, por escravos e por libertos acerca do domínio senhorial nos séculos XVIII e XIX. Este trabalho tem por objetivo analisar as percepções de direitos e de justiça, no universo escravista do Termo de Mariana, nas três últimas décadas da escravidão no Brasil, analisando regionalmente as acomodações ou as resistências que foram construídas a partir de uma intervenção cada vez mais marcante do Estado Imperial nas relações entre senhores e escravos via leis, e, sobretudo, a partir da Lei do Ventre Livre em 1871.Item Os sentidos da preservação : história da arquitetura e práticas preservacionistas em São Paulo (1937-1986).(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2010) Lowande, Walter Francisco Figueiredo; Mata, Sérgio Ricardo daEste trabalho trata das práticas preservacionistas nacionais a partir de uma abordagem historiográfica. Seu objetivo é investigar como duas estratégias narrativas distintas, que visaram conferir sentido à noção de “evolução da arquitetura brasileira”, lograram instituir inovações no seio das práticas preservacionistas nacionais, em dois diferentes períodos de sua trajetória. O primeiro deles se refere à atuação do arquiteto paulista Luís Saia, entre os anos de 1937 e 1975, quando, por intermédio da noção de “evolução regional paulista”, conseguiu inserir no rol dos monumentos tombados pelo IPHAN uma série de edifícios que diriam respeito à contribuição paulista para a construção da nacionalidade. O segundo período diz respeito à atuação de outro arquiteto paulista, Nestor Goulart Reis Filho, cuja noção de “evolução urbana” mostrou-se eficaz num contexto em que as práticas preservacionistas se deparavam com novas demandas sociais, econômicas e culturais. Desse modo, um dos objetivos deste trabalho é sugerir, primeiramente, por meio de um recorte temporal e espacial específico, que os órgãos responsáveis pelas práticas preservacionistas nacionais caracterizaram-se muito mais pelo acordo entre dissensos que pela imposição de consensos, de modo que, ao contrário do que se tem afirmado, o que deve ser analisado é como indivíduos subordinados à órgãos como o IPHAN puderam agir, consoante suas aspirações pessoais e diante das limitações impostas por um consenso mínimo (ou seja, frente ao acordo em torno da existência de uma linha evolutiva nacional a indicar os rumos da modernização). Em segundo lugar, a análise de dois conjuntos de ações individuais mostrará o papel destacado da produção historiográfica no âmbito das práticas preservacionistas nacionais. Sendo uma prática que carece de um sentido legitimador, a salvaguarda de bens históricos, artísticos e culturais encontrou na produção historiográfica uma ferramenta eficaz de orientação de condutas por meio da constituição narrativa de sentido. Assim, mais que uma “história intelectual paralela”, a produção historiográfica teve um papel central nos órgãos responsáveis pela proteção do patrimônio cultural nacional. São analisadas, no intuito de comprovar essas duas hipóteses centrais, as principais obras de história da arquitetura produzida por Saia e Reis Filho, respectivamente Morada paulista e Quadro da arquitetura no Brasil, com especial atenção ao modo como a noção de evolução da arquitetura é interpretada por cada um deles. Tenciona-se mostrar quais elementos formativos e intelectuais particulares motivaram ações dotadas de interesses específicos nos órgãos preservacionistas por parte desses autores, como foi construído narrativamente sentido para as noções de “evolução regional paulista” e “evolução urbana” e, por fim, como esse tipo de ação provocou alterações nas práticas dos principais órgãos preservacionistas regionais e locais, a exemplo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e do Conselho Deliberativo do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT).Item De muitos, um : Estado, território e narrativas nacionais nos Estados Unidos e na Argentina no século XIX.(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2010) Oliveira, Juliana Jardim de Oliveira e; Chaves, Cláudia Maria das GraçasOs processos de independência das treze colônias norte- americanas e das Províncias Unidas do Rio da Prata, entre o final do século XVIII e o início do século XIX, abriram um leque de possibilidades de experimentações e formas de organização política para esses Estados. Neste trabalho procuramos afirmar que o processo de construção do Estado nessas regiões esteve marcado pela forte influência das tendências pactistas, dos ideais jusnaturalistas e do princípio do consentimento, notadamente através das formas de or ganização federal e confederal. Os Estados nacionais norte americano e argentino experimentaram uma longa disputa política em torno de modelos de centralização do governo e da divisão do poder entre unidades regionais, como os estados e as províncias. Essa disputa traduzia quase sempre uma dificuldade nesses territórios em conjugar os princípios de “povo” a “nação” dentro do Estado moderno. O território, em ambos processos, era o elemento definidor e particularizante e que se tornou inerente à constituição das nacionalidades destes estados ao longo do século XIX. Assim muitas narrativas destacaram a natureza e o território como elementos definidores da nação e, por essa razão, desempenham papel fundamental nesses processos. As obras de Frederick Jackson Turn er (The Frontier in American History) e de Domingo Faustino Sarmiento (Facundo: civilização e barbárie) são aqui analisadas como exemplos destas narrativas pautadas na importância do território e das características naturais do espaço considerado nacional. Evidenciamos, portanto, como essas “geo- narrativas” estiveram intimamente ligadas a formas específicas de se pensar a nação. Intrínsecas a elas está uma concepção de Estado nacional político e essencialmente territorialItem Cartas à viscondessa : cotidiano e vida familiar no Brasil Império. Ouro Preto, 1850-1902.(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2010) Hot, Amanda Dutra; Gonçalves, Andréa LislyA presente pesquisa tem por objetivo estudar uma família da classe senhorial ouropretana, os Teixeira de Souza Magalhães. Analisaremos este grupo familiar, usando como representante principal, Maria Leonor de Magalhães Teixeira, baronesa e viscondessa de Camargos. Buscaremos, também, compreender o conceito de família e a forma de se viver em família, experimentada por este grupo da elite oitocentista mineira. Através do estudo das correspondências ativas e passivas de Maria Leonor, além de inventários post-mortem, auto de justificação e certidões de batismo, poderemos esboçar as relações e redes de solidariedades vividas pelos sujeitos que as encenaram. Acreditamos que, através do estudo do cotidiano desta família, poderemos compreender melhor as relações familiares de outros núcleos de mesma condição social. Os casamentos arranjados, a concessão de dotes, a aquisição de títulos de nobreza, a extrema preocupação com a educação e a instrução dos filhos, a participação em redes de apadrinhamento e o estabelecimento de relações clientelares devem ser vistos, no interior deste grupo, como estratagemas usados para a perpetuação da riqueza e do status social, tão caro às elites oitocentistas.Item Os deputados mineiros eleitos às cortes constituintes de Lisboa.(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2010) Silva, Luana Melo e; Gonçalves, Andréa LislyEsta pesquisa, que transita entre a história política e social, pretende um estudo sobre os deputados mineiros eleitos às Cortes Constituintes de Lisboa. Valendo-se do método prosopográfico, busca-se a resposta para a permanência desses deputados no Brasil. Nas Cortes lisboetas residia a legitimidade do debate político na época, elas representavam a possibilidade de reorganização do Império Luso. Essas Cortes e o constitucionalismo foram recebidos de diferentes maneiras no Brasil. Das dezenove províncias que compunham a porção americana do Império Luso em 1820, apenas três não enviaram representantes às Cortes. A província mineira elegeu a maior delegação do Brasil num período marcado por negociações políticas e incertezas quanto aos rumos que tomaria a nação que então se formava. Para esta pesquisa, parte-se da hipótese de que a permanência desses deputados deve-se ao fato de que as províncias do Centro-sul do Brasil não tiveram uma adesão forte à Constituinte de Lisboa em função da presença da Corte no Rio de Janeiro.Item Lucien Febvre, Marc Bloch e as ciências históricas alemãs (1928-1944).(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2010) Rocha, Sabrina Magalhães; Mata, Sérgio Ricardo daLucien Febvre (1878-1956) e Marc Bloch (1886-1944), dois dos mais importantes historiadores do século XX, são estudados neste trabalho por meio de uma abordagem própria da história da historiografia. A investigação tem como foco as relações desses intelectuais com as ciências históricas alemãs, sobretudo a historiografia, mas também a economia política e a sociologia. No contexto das “guerras culturais” entre intelectuais franceses e alemães, analisa-se a convivência e a crítica produzida por Febvre e Bloch a respeito do pensamento histórico alemão, entre 1928 e 1944. A partir de um conjunto de fontes composto principalmente por resenhas produzidas pelos dois historiadores e por cartas trocadas entre ambos, investiga-se o peso da presença germânica em suas trajetórias, a influência de historiadores conhecedores da produção acadêmica alemã, como Henri Berr e Henri Pirenne, e o contato com acadêmicos alemães e austríacos, como Alfons Dopsch. Demonstrando como a crítica foi instrumento fundamental para Marc Bloch e Lucien Febvre, e como as ciências históricas alemãs ocuparam nela lugar privilegiado, procura-se compreender a relação ambivalente dos fundadores dos Annales com a Alemanha.Item Pedagogia liberal e instrução pública na província de Minas Gerais : a Escola Normal de Ouro Preto (1835-1852).(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2011) Anunciação, Ana Luzia; Andrade, Francisco Eduardo deA presente dissertação trata do processo de regulamentação e organização da instrução pública em Minas Gerais, no período de 1835 a 1852, procurando desvendar o percurso dos planos educacionais implantados pela elite dirigente desta província. Num contexto em que se pretendia disciplinar a população pobre e livre para o trabalho e para a ordem social, e estabelecer também o poder público na província, ampliava-se o discurso liberal, articulador do papel civilizatório da instrução, e os planos de levar esta instrução às camadas mais pobres. Nesse sentido, as prescrições para o século XIX apontavam para a necessidade de estabelecer aulas públicas nas cidades, vilas e povoações, reformular os métodos de ensino, utilizando aqueles que eram praticados nos países mais adiantados e, principalmente, formar professores para o ensino elementar, criando uma Escola Normal na capital da província. Através destas estratégias a elite política procurou difundir na província de Minas Gerais a instrução liberal que representava uma das vias de inserir o Brasil no rol dos países civilizados.Item A criação de enjeitados em Vila Rica : a permanência da caridade (1775-1850).(2011) Ferreira, Luciana Viana; Venâncio, Renato PintoEsta dissertação busca entender as medidas assistenciais da Caridade e da Filantropia destinadas às crianças enjeitadas de Vila Rica, no período de 1775 a 1850. Foi a partir de meados do século XVIII, que a Câmara de Vila Rica decidiu destinar recursos para os cuidados dos enjeitados, devido o crescimento de casos de abandono e por imposição da coroa portuguesa, para que fosse adotada medida similar à de Portugal. No final do século XVIII com o Alvará Pombalino de 1775 e no decorrer do XIX, houve uma necessidade de investir nos tratamentos destinados aos expostos, pois, nesse momento, houve uma substancial transformação na atuação do Estado Monárquico em relação ao cuidado com os enjeitados e os órfãos desvalidos. Durante esse período o Estado assumiu um papel assistencial, buscando regularizar e fiscalizar os recursos destinados às Santas Casas de Misericórdia, principal instituição que recebia a Roda dos expostos. Nessa ocasião principalmente em Portugal e em outros países da Europa começaram a difundir as Rodas dos Expostos no sentido mais filantrópico. Esse caráter público organizacional surgiu com a integração da atuação da Filantropia, que criava novas instituições e controlava as que já existiam, como as Santas Casas da Misericórdia. Essa maneira de atuar do Estado tinha como objetivo prover a assistência à criança abandonada, para que essa não se tornasse uma pessoa vadia. Essa forma de auxílio disseminou para algumas cidades do Brasil, porém uma das mais importantes Ouro Preto não possuiu o auxilio da Roda dos Expostos.Item As contas de um município no Império : a fiscalidade de Juiz de Fora, 1857-1889.(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2011) Oliveira, Fernanda Amaral de; Venâncio, Renato PintoEsta dissertação apresenta um estudo sobre a fiscalidade da cidade de Juiz de Fora durante a 2ª metade do século XIX. Procuramos traçar um panorama do município a partir de seus livros contábeis, a fim de percebermos os mecanismos e estratégias utilizadas para o desenvolvimento do centro urbano, contribuindo para a elevação da cidade como principal entreposto comercial da Zona da Mata Mineira, região importante na produção cafeeira do Brasil. O estudo das receitas e despesas nos indica como Juiz de Fora conseguiu crescer somente dez anos após o seu surgimento, tornando-se a maior cidade no quesito arrecadação financeira e uma das principais no âmbito político, na Província de Minas Gerais. Fez parte deste estudo a análise do Código de Posturas Municipal e algumas de suas aplicabilidades na sociedade juizforana ao determinar como deveria se dar o crescimento do centro urbano e as ações realizadas pela Câmara ao cuidar de seus moradores e manter a ordem local.Item Consilium muliebre ac deterius (Tac. Ann., XV, 54, 4) : as personagens femininas e a construção da imagem imperial no principado de Nero.(Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto., 2011) Azevedo, Sarah Fernandes Lino de; Faversani, FábioA presente dissertação trata da relação estabelecida entre as personagens femininas dos Anais, de Tácito, e a construção da imagem de Nero como um mau imperador. A partir da identificação de dispositivos retóricos relativos às mulheres, principalmente nos livros XIII ao XVI dos Anais, parte do relato referente aos acontecimentos do principado de Nero (54-68 d.C.), buscamos compreender como Tácito utilizou-se das personagens femininas como recurso retórico na elaboração de críticas a este imperador. Tais críticas indicam valores morais pelos quais se orientava a sociedade romana. Neste sentido, analisamos como as interações entre as personagens e a composição de exempla (exemplos) evidenciam modelos de vícios e virtudes. A fim de fundamentar nossa análise, exploramos questões a respeito da condição social e política em que viviam tais mulheres, principalmente aquelas que pertenciam à domus Caesarum (Casa dos Césares).