Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/18151
Título: Avaliação da influência do inóculo em açaí (Euterpe oleracea) na infecção oral pelo Trypanosoma cruzi em camundongos BALB/c.
Autor(es): Marques, Flávia de Souza
Orientador(es): Vieira, Paula Melo de Abreu
Borges, William de Castro
Palavras-chave: Protozoário
Doença de Chagas
Infecção
Açaí
Estômago
Data do documento: 2024
Membros da banca: Vieira, Paula Melo de Abreu
Borges, William de Castro
Lima, Wanderson Geraldo
Amaral, Joana Ferreira do
Souza, Daniel Menezes
Toledo, Max Jean de Ornelas
Referência: MARQUES, Flávia de Souza. Avaliação da influência do inóculo em açaí (Euterpe oleracea) na infecção oral pelo Trypanosoma cruzi em camundongos BALB/c. 2024. 120 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2024.
Resumo: Por muito tempo, o principal mecanismo de transmissão da doença de Chagas foi o vetorial. Entretanto, após uma série de medidas de controle ao principal vetor, Triatoma infestans, ocorreu um decréscimo na transmissão vetorial no Brasil. Nesse cenário, a infecção por via oral se tornou o principal mecanismo de transmissão da doença de Chagas no Brasil. Essa via de infecção é caracterizada pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminados com asformas metacíclicas (TM) do Trypanosoma cruzi, sendo o açaí (Euterpe oleracea) o principal alimento envolvido. A alta capacidade antioxidante da pasta de açaí, com alto teor de polifenóis, especialmente antocianinas, já foi confirmada em vários estudos, entretanto existem poucos trabalhos na literatura que abordam a via oral, e complementarmente, a participação do açaí na interação parasito/hospedeiro. Nesse sentido, um estudo sobre a influência do açaí, frente a infecção por via oral possibilitará a compreensão de como o alimento no qual o parasito é inserido no organismo interfere na interação entre T. cruzi/hospedeiro. Baseado nisso, o objetivo desse trabalho foi avaliar a influência do inóculo em açaí na infecção experimental pelo T. cruzi. Para cumprir com esse objetivo, camundongos BALB/c foram divididos em três grupos experimentais, o grupo Controle (animais não infectados) e os grupos de animais infectados por via oral com formas TM da cepa Y (DTU II) do T. cruzi adicionadas ao meio RPMI ou ao açaí. Os animais inoculados com os parasitos em meio RPMI apresentaram 83% de sobrevida, enquanto essa porcentagem no grupo inoculado com parasitos em açaí foi de 98%. Apesar do grupo Açaí apresentar período pré- patente de parasitemia mais longo, as curvas de parasitemia dos animais infectados foram semelhantes. A quantificação da carga parasitária tecidual mostrou um aumento do parasitismo na bochecha no grupo RPMI em relação ao grupo Açaí no 14o DAI (dias após a infecção). Já no estômago esse aumento foi observado precocemente no 5o DAI. Entretanto, no coração observou-se um perfil inverso, onde houve um aumento da carga no grupo Açaí no 7o DAI em relação ao grupo RPMI. Já no 14o DAI ocorre uma inversão. A avaliação do processo inflamatório mostrou que tanto no músculo próximo a bochecha, quanto no estômago há presença de processo inflamatório nos dias 2 e 5 após a infecção para ambos os grupos infectados. No 14o DAI esse aumento foi observado apenas na bochecha para animais infectados em meio RPMI. No coração apesar de não ter sido observado processo inflamatório, foram encontrados ninhos de amastigota no 14o DAI no grupo RPMI. A quantificação de citocinas no músculo próximo a bochecha mostrou que ocorre uma maior produção da citocina pró-inflamatória TNF aos 14 dias após a infecção no grupo RPMI em relação ao grupo Açaí. Já no estômago, a avaliação das citocinas mostrou que nos animais infectados com Açaí há uma menor produção de citocinas pró-inflamatórias e imunoreguladoras. A avaliação proteômica do estômago revelou 110 proteínas diferencialmente abundantes nos três grupos experimentais. Destas, 24 proteínas encontraram- se aumentadas no grupo Açaí e diminuídas no grupo RPMI em relação ao grupo Controle. Estas proteínas estão envolvidas no controle do processo inflamatório e na manutenção da integridade da barreira epitelial. Já os grupos infectados partilharam 17 proteínas com aumento da abundância em relação ao grupo Controle, entre as quais se destacam proteínas relacionadas à invasão celular e integridade da mucosa gástrica. Esses resultados sugerem que a infecção oral por ingestão de formas metacíclicas em meio RPMI, além de promover uma parasitemia mais precoce, foi responsável pelo estabelecimento da infecção no estômago no 5o DAI. Já no grupo Açaí, a infecção ocorre de forma maissilenciosa, com parasitemia mais tardia e estabelecimento da infecção apenas no 14o DAI. Este fato pode estar relacionado à uma menor produção de citocinas pró-inflamatórias nos animais infectados com o Açaí, além do aumento de proteínas que dificultam a invasão celular pelo T. cruzi.
Resumo em outra língua: For a long time, vectorial transmission was the main mechanism for Chagas disease dissemination. However, after a series of control measures against the main vector, Triatoma infestans, there was a decrease in vector transmission in Brazil. In this scenario, oral infection has become the main mechanism of transmission of Chagas disease in Brazil. This route of infection is characterized by the ingestion of food or drinks contaminated with the metacyclic (MT) forms of Trypanosoma cruzi, with açaí (Euterpe oleracea) being the main food involved. The high antioxidant capacity of açaí paste, with a high content of polyphenols, especially anthocyanins, has already been confirmed in several studies, however there are few studies in the literature that address the oral route, and in addition, the participation of açaí in the parasite/host interaction. In this sense, a study on the influence of açaí on oral infection will make it possible to understand how the food in which the parasite is inserted into the body interferes with the interaction between T. cruzi/host. Based on this, the objective of this work was to evaluate the influence of açaí inoculum on experimental infection by T. cruzi. To achieve this objective, BALB/c mice were divided into three experimental groups, the Control group (uninfected animals) and the groups of animals infected orally with MT forms of the Y strain (DTU II) of T. cruzi added to the RPMI medium or açaí. Animals inoculated with parasites in RPMI medium had 83% survival, while this percentage in the group inoculated with parasites in açaí was 98%. Although the Açaí group had a longer pre-patent period of parasitemia, the parasitemia curves of infected animals were similar. Quantification of tissue parasite load showed an increase in parasitism in the cheek in the RPMI group in relation to the Açaí group on the 14th DAI (days after infection). In the stomach, this increase was observed early on the 5 th DAI. However, in the heart, an opposite profile was observed, where there was an increase in load in the Açaí group on the 7th DAI in relation to the RPMI group. On the 14th DAI an inversion occurs. The evaluation of the inflammatory process showed that both in the muscle near the cheek and in the stomach there is the presence of an inflammatory process on days 2 and 5 after infection for both infected groups. On the 14th DAI this increase was only observed in the cheek for animals infected in RPMI medium. In the heart, despite no inflammatory process being observed, amastigote nests were found on the 14th DAI in the RPMI group. The quantification of cytokines in the muscle close to the cheek showed that there was a greater production of the pro-inflammatory cytokine TNF at 14 days after infection in the RPMI group compared to the Açaí group. In the stomach, the evaluation of cytokines showed that in animals infected with Açaí there is a lower production of pro-inflammatory and immunoregulatory cytokines. Proteomic evaluation of the stomach revealed 110 differentially abundant proteins in the three experimental groups. Of these, 24 proteins were increased in the Açaí group and decreased in the RPMI group in relation to the Control group. These proteins are involved in controlling the inflammatory process and maintaining the integrity of the epithelial barrier. The infected groups shared 17 proteins with increased abundance compared to the Control group, among which proteins related to cell invasion and integrity of the gastric mucosa stand out. These results suggest that oral infection through ingestion of metacyclic forms in RPMI medium, in addition to promoting earlier parasitemia, was responsible for the establishment of the infection in the stomach on the 5th DAI. In the Açaí group, the infection occurs more silently, with later parasitemia and establishment of the infection only on the 14th DAI. This fact may be related to a lower production of pro-inflammatory cytokines in animals infected with Açaí, in addition to the increase in proteins that hinder cell invasion by T. cruzi.
Descrição: Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
URI: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/18151
Licença: Autorização concedida ao Repositório Institucional da UFOP pelo(a) autor(a) em 07/03/2024 com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que sejam citados o autor e o licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação.
Aparece nas coleções:PPCBIOL - Doutorado (Teses)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
TESE_AvaliaçãoInfluênciaInóculo.pdf3,44 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Este item está licenciado sob uma Licença Creative Commons Creative Commons