PPCBIOL - Doutorado (Teses)

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    O consumo de dieta hiperlipídica intensifica as alterações imunometabólicas em camundongos sépticos.
    (2022) Gomes, Sttefany Viana; Costa, Daniela Caldeira; Calsavara, Allan Jefferson Cruz; Queiroz, Karina Barbosa; Costa, Daniela Caldeira; Daleprane, Julio Beltrame; Festuccia, William Tadeu Lara; Silva, André Talvani Pedrosa da; Souza, Melina Oliveira de
    A sepse continua sendo uma das principais causas de morte no mundo e, atualmente, é reconhecido que alterações inflamatórias e metabólicas fazem parte da fisiopatologia desta condição. Assim, distúrbios na homeostase de órgãos imunometabólicos, como o fígado e o tecido adiposo branco (TAB), decorrente do consumo crônico de dietas inadequadas, como a dieta hiperlipídica pode impactar na resposta do hospedeiro à sepse. Diante disso, o objetivo deste estudo pré-clínico foi avaliar o efeito do consumo crônico da dieta hiperlipídica rica em gordura hidrogenada na modulação das respostas imunometabólicas após a indução da sepse polimicrobiana grau moderado. Para isso, camundongos fêmeas da linhagem C57BL/6 recém desmamadas (3-4 semanas; ± 14g) foram randomizados para o grupo dieta controle (C, n=30; 4,45% lipídeos/100g de dieta; 3,9 Kcal/g) ou grupo dieta hiperlipídica (HF, n=34; 19,55% lipídeos totais /100g de dieta; 4,8 Kcal/g) durante 15 semanas. Na 14a semana, a sepse polimicrobiana, grau moderado, foi induzida através do método de ligadura e perfuração de ceco (CLP). Os grupos dietas, C e HF, foram subdivididos nos seguintes grupos: (i) grupo dieta controle sham (C-Sh; n=9); (ii) grupo dieta controle sepse (C-Sp; n=16); (iii) grupo dieta hiperlipídica sham (HF-Sh; n=10); (iv) grupo dieta hiperlipídica sepse (HF-Sp; n=14). Após o processo cirúrgico a taxa de sobrevida foi mensurada, na 15a semana do delineamento experimental os animais sobreviventes foram eutanasiados. Os resultados deste estudo pré- clínico demonstraram que a ingestão crônica da dieta hiperlipídica rica em gordura hidrogenada, na sepse, causou redução de 58% na taxa de sobrevida de camundongos sépticos. A sepse causou redução do peso, adiposidade corporal, assim como da área dos adipócitos no TAB retroperitoneal. Em relação a resposta do hospedeiro à sepse, sugestiva compartimentalização da resposta inflamatória ocorreu em locais anatômicos distintos, a dieta hiperlipídica causou aumento da secreção de citocinas séricas (IL-6, IL-1β, TNF, IL-17, IL- 10) e no TAB retroperitoneal (IL-6, TNF, IL-17, IL-10; CCL-2), resultando em hiperinflamação. No fígado, a ingestão crônica da dieta hiperlipídica alterou a secreção de citocinas hepáticas em camundongos sépticos quando comparado ao grupo séptico que consumiu a dieta controle. No entanto, a dieta hiperlipídica causou redução de células inflamatórias totais e mononucleares no fígado após a sepse. Ainda analisando o fígado dos animais do grupo HF-Sp, foi observado hepatomegalia e desequilíbrio redox (redução da atividade da catalase e aumento de malondialdeído), assim como alterações histopatológicas significativas (necrose, degeneração hidrópica e esteatose) que foram acompanhadas de redução de marcadores de processos regenerativos (hepatócitos em mitose e binucleados). A partir dos resultados deste estudo pré-clínico, concluímos que a dieta hiperlipídica rica em gordura hidrogenada é um preditor negativo na resposta à sepse, assim como no desfecho da síndrome, sugestivamente, em virtude das alterações imunometabólicas e do desequilíbrio redox observadas nos compartimentos anatômicos avaliados. Em particular, a produção excessiva de citocinas, o aumento da suscetibilidade do fígado a lesões celulares e a redução das células de defesa, assim como de parâmetros relacionados à regeneração de órgãos podem ter sido fatores-chave que aumentaram a mortalidade na sepse, o que causou danos funcionais e estruturais aos órgãos.
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    Correlação da resistência à insulina com a expressão de marcadores epigenéticos no tecido adiposo visceral após consumo de dieta rica em sacarose.
    (2021) Fernandes, Isabela da Costa; Cota, Renata Guerra de Sá; Cota, Renata Guerra de Sá; Rogero, Marcelo Macedo; Baba, Elio Hideo; Ferreira, Joana do Amaral; Isoldi, Mauro César
    Introdução: Estudos epigenéticos têm oferecido nos últimos anos ferramentas para um melhor entendimento dos motivos envolvidos com a prevalência mundial da obesidade, que já se caracteriza como pandemia. Objetivos: Avaliar o efeito de uma dieta rica em sacarose, analisando: (1) os parâmetros glicometabólicos; (2) o número de células inflamatórias, a área e o número de adipócitos; (3) o efeito da dieta rica em sacarose (DRS) na expressão de genes envolvidos com a metilação e desmetilação do DNA e sirtuínas; (4) o efeito na expressão de microRNAs relacionados à adipogênese, relacionados à resistência à insulina e RNAs longos não codificadores associados à adipogênese; (5) e o efeito no perfil de metilação global do DNA. Materiais e métodos: Ratos Wistar recém-desmamados foram divididos em dois grupos: dieta controle (DC) n=8 e DRS n=12. Após 15 semanas, os animais foram eutanasiados e coletados sangue e tecidos para análises bioquímicas e morfométricas, respectivamente. Foram avaliados o percentual de metilação global do DNAg por ELISA e a expressão dos genes: Sirt 1-7, Dnmt 1a, 3a e 3b, Tet 2 e 3, microRNAs relacionados ao processo de adipogênese 27a- 3p, 31a-3p, 124-5p, 125-5p, 126-3p, 126-5p, 200c-3p, 212-3p e 5p, 221-3p e 5p, e microRNAs relacionados à resistência à insulina microRNAs 9-5p, 28-5p, 29a-5p, 30a- 5p, 103-5p, 150-5p e os RNAs longos relacionados ao aumento do tecido adiposo o Gas5 e o Hota-ir por qRT-PCR. Resultados: A DRS induziu resistência à insulina, aumentou a adiposidade, os níveis séricos de VLDL-c, triglicerídeos e insulina (p <0,05), elevou a área de adipócitos, diminuiu o número de adipócitos e não alterou o número de células inflamatórias. Do conjunto avaliado, somente a Sirt7 apresentou up-regulation (p < 0,05) induzida pela DRS. Não foram encontradas diferenças nas expressões de enzimas metilases e desmetilases e o nível de metilação global do DNA manteve-se inalterado. Foi encontrada up-regulation dos microRNAs 28-5p, 29a-5p, 30a-5p, 103-1-5p e 150- 5p, down-regulation nos microRNAs 27a-3p, 124-5p, 125-5p, 126-3p, 126-5p, 200c-3p, 212-3p, 212-5p, 221-3p, 221-5p, sem alterar a expressão de Gas5 e Hota-ir. As expressões de Sirt2 e do microRNA 124-5p se correlacionaram com o índice Homa-IR. Conclusão: Quinze semanas de uso da DRS induzem um fenótipo de hipertrofia, sem hiperplasia e inflamação dos adipócitos. A ausência de um conjunto de ativação significativa nos marcadores epigenéticos reforça a hipótese de que a regulação da lipogênese e da adipogênese são influenciadas por meio de mecanismos específicos. A manutenção do padrão de metilação do DNA, da expressão de lncRNAs, e a correlação entre as expressões de microRNAs 124-3p e expressão de Sirt2 com o índice Homa-IR no tecido adiposo visceral são reguladores chave no metabolismo do adipócito. Este estudo descreve a estreita associação entre variações na expressão dos microRNAs, consumo de sacarose e resistência à insulina e o potencial relevante no desenvolvimento das células de gordura após consumo excessivo de carboidratos. Os efeitos da estimulação nutricional no tecido adiposo visceral, no que se refere aos marcadores epigenéticos, ainda precisam ser esclarecidos.
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    Efeito neuroprotetor da piperina em camundongos C57BL/6 com encefalopatia associada a sepse.
    (2023) Ferreira, Flavia Monteiro; Costa, Daniela Caldeira; Calsavara, Allan Jefferson Cruz; Costa, Daniela Caldeira; Calsavara, Allan Jefferson Cruz; Oliveira, Antônio Carlos Pinheiro de; Rachid, Milene Alvarenga; Nogueira, Katiane de Oliveira Pinto Coelho; Gomes, Sílvia de Paula
    A sepse é caracterizada como uma disfunção orgânica grave desencadeada por uma resposta desregulada do organismo diante de um agente infecioso e representa um dos principais motivos de internação em unidade de terapia intensiva (UTI), com altos índices de morbidade e mortalidade. A encefalopatia associada à sepse (EAS) é uma complicação comum que leva a prejuízos cognitivos em longo prazo e aumento da mortalidade em sobreviventes da sepse. Embora apresente elevada incidência na sepse, os mecanismos subjacentes a esta complicação permanecem obscuros e não existe, até o momento, terapia específica e eficaz para a EAS. A piperina é um alcaloide extraído da pimenta do reino e apresenta propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e neuroprotetoras, características importantes no contexto da EAS. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o possível efeito neuroprotetor da piperina, em curto e longo prazo, na encefalopatia associada a sepse de camundongos C57BL/6 submetidos a sepse polimicrobiana induzida por cirurgia de ligadura e perfuração de ceco (CLP). Para tanto, camundongos C57BL/6 foram submetidos à cirurgia SHAM ou CLP. Os camundongos submetidos à CLP foram tratados ou não com piperina nas doses de 20 mg/Kg e 40 mg/Kg por 5 dias e 10 dias após CLP. Os resultados demonstraram que a piperina na dose de 20 mg/Kg foi capaz de aumentar a sobrevivência dos animais sépticos em uma fase mais aguda, mas não em uma fase mais tardia da doença. A concentração sérica das citocinas inflamatórias IL-6 e TNF aumentou no grupo séptico não tratado 5 dias após a cirurgia, mas não em 10 dias. O tratamento com piperina foi capaz de diminuir a concentração de IL-6 em ambos os tempos avaliados quando comparado ao grupo CLP sem tratamento. As análises dos testes cognitivos demonstraram que a sepse causou prejuízo na memória e aprendizagem dos animais não tratados, nos diferentes tempos analisados. O tratamento com piperina, principalmente na dose de 20 mg/Kg, foi capaz de proteger os animais contra o dano cognitivo. A análise de BDNF hipocampal demonstrou diminuição dos níveis de BDNF nos animais do grupo CLP sem tratamento 5 dias após cirurgia. O tratamento com piperina (20 mg/Kg) aumentou os níveis de BDNF 10 dias após a cirurgia. Além disso, a avaliação da atividade das enzimas antioxidantes SOD e catalase no cérebro demonstrou um desequilíbrio nos animais sépticos não tratados, com diminuição da atividade da catalase 5 dias após CLP e aumento de sua atividade 10 dias após CLP. O tratamento com as duas doses de piperina foi capaz de reestabelecer a homeostase das enzimas antioxidantes SOD e catalase. A avaliação do dano oxidativo demonstrou aumento nas concentrações de TBARS e proteína carbonilada nos animais do grupo CLP e o tratamento com piperina diminuiu os níveis de ambos os marcadores. Quanto a avaliação da atividade cerebral da MMP-9, observamos um aumento em sua atividade nos animais do grupo CLP sem tratamento, 5 dias após a cirurgia. Já o tratamento com ambas as doses de piperina diminui a atividade da MMP-9, no mesmo período. As análises histológicas demonstraram aumento na quantidade de células neuronais em degeneração no grupo CLP em ambos os tempos avaliados. O tratamento com piperina (20 mg/Kg) diminuiu a quantidade de neurônios alterados. Em conjunto, os dados analisados demonstram que a piperina apresenta potencial efeito neuroprotetor em animais submetidos à sepse sub letal, podendo ser uma boa alternativa para minimizar as complicações induzidas pela EAS.
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    Efeitos da aclimatação ao desafio frio moderado sobre a contratilidade e o cálcio intracelular transiente em cardiomiócitos de camundongos C57BL/6J selvagens e knockouts para o canal Trpa1.
    (2023) Miranda, Denise Coutinho de; Isoldi, Mauro César; Castrucci, Ana Maria de Lauro; Isoldi, Mauro César; Natali, Antonio Jose; Reis, Emily Correna Carlo; Silva, Andre Talvani Pedrosa da; Souza, Gabriela Guerra Leal de
    Doenças cardiovasculares representam uma das condições com maior taxa de mortalidade, com aumento da incidência na estação fria. Sugere-se que o canal TRPA1, presente no coração, desempenha um papel no desenvolvimento e progressão de várias condições, incluindo hipertensão ao frio. Diante disso, torna-se necessário compreender a fisiologia básica dos canais TRPA1 em associação com o frio moderado. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da aclimatação ao desafio frio moderado sobre a contratilidade e transiente intracelular de cálcio ([Ca2+]i) no coração de camundongos C57BL/6J selvagens e knockouts para o canal Trpa1. Os experimentos foram conduzidos em camundongos machos (45 a 52 dias; C57BL/6J e TrpA1 KO em fundo C57BL/6J). Os animais foram mantidos a 30oC por 15 dias (adaptação) e, após a divisão dos grupos, foram aclimatados por mais 15 dias na temperatura pré-definida (30oC ou 22oC), totalizando 30 dias de experimento (adaptação + tratamento). A divisão ocorreu de forma aleatória, a saber: WT 22°C, WT 30°C, TrpA1 KO 22°C, TrpA1 KO 30°C (n=10 cada grupo). Após o período de intervenção foi realizada a eutanásia e a coleta dos corações. Os cardiomiócitos dos animais (ventrículos e átrios) foram isolados (dispersão enzimática) para registro de contratilidade e transiente [Ca2+]i. Foi verificado maior amplitude de contração em todos os animais submetidos ao desafio frio moderado; aumento no tempo de contração e relaxamento nos animais do grupo Trpa1 KO 22oC em relação aos animais Trpa1 KO 30oC e aos animais WT 22oC; nenhuma alteração na amplitude do transiente [Ca2+]i, porém foi possível observar maiores tempos para se atingir o pico do transiente [Ca2+]i e o tempo para 50% de decaimento do [Ca2+]i nos animais Trpa1 KO 30oC quando comparados ao WT 30oC; os cardiomiócitos dos ventrículos dos grupos WT 30oC e Trpa1 KO 22oC apresentaram maior tempo para o pico de contração e para 50% do relaxamento celular, em comparação às células dos átrios; além disso, os miócitos cardíacos dos ventrículos do grupo Trpa1 KO 30oC apresentaram maior tempo para 50% do relaxamento e para o tempo para o pico do transiente [Ca2+]i, em relação às células atriais. Em suma, os achados envolvendo os estudos com cardiomiócitos isolados sugerem que a aclimatação ao frio moderado induz modificações no padrão de contração celular possivelmente como uma tentativa de se aumentar o débito cardíaco, em uma resposta termorreguladora.
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    Influência da capacidade termogênica nas respostas comportamentais em ratos Wistar.
    (2023) Reis, Thayane Oliveira; Menezes, Rodrigo Cunha Alvim de; Chianca Júnior, Deoclécio Alves; Noronha, Sylvana Izaura Salyba Rendeiro de; Menezes, Rodrigo Cunha Alvim de; Chianca Júnior, Deoclécio Alves; Noronha, Sylvana Izaura Salyba Rendeiro de; Almeida, Roberto Farina de; Souza, Gabriela Guerra Leal de; Fontes, Marco Antônio Peliky; Moreira, Fabrício de Araújo
    O tecido adiposo marrom (TAM) é capaz de dissipar calor gerado pelo desacoplamento da respiração mitocondrial, conhecido por termogênese sem tremor. Diversos experimentos com intuito de desnervar as almofadas interescapulares em ratos, além de estudos com agonistas e bloqueadores β3- adrenérgicos, sugerem que o principal impulsionador da termogênese do TAM pode ser a inervação simpática noradrenérgica. Mamíferos quando expostos a situações marcantes e relevantes para a sobrevivência do indivíduo, podem apresentar variação na temperatura interna, que pode ser chamado de “hipertermia induzida por estresse”, que é mediada por uma combinação de termogênese do TAM e a vasoconstrição da artéria caudal. Os aumentos na temperatura corporal facilitam o funcionamento do músculo cardíaco e esquelético, enquanto o aumento na temperatura cerebral pode ser importante para suas funções intrínsecas. Estudos demonstraram que animais dessensibilizados com resiferatoxina (RTX) apresentaram uma resposta hipertérmica mais prolongada e um comportamento de ansiedade mais acentuado que o grupo controle, quando expostos a um novo ambiente. A lei de Yerkes- Dodson sugere que existe um ponto ótimo de ansiedade que é necessário para que uma tarefa seja executada da melhor forma possível, no entanto estudos demonstraram que níveis muito elevados de ansiedade podem prejudicar a execução (performance) da tarefa. O presente estudo é focado na avaliação da resposta térmica e comportamental dos animais. Deste modo, objetivamos avaliar se as alterações na capacidade termogênica influenciam no funcionamento autonômico e comportamental durante situações de estresse. Para tal, os animais foram separados em dois grupos: controle e desnervado. Todos foram submetidos a cirurgia para implante de cânula intraperitoneal e tricotomia dos pelos da região de escapulas para aferição de temperatura. Somente os animais desnervados foram submetidos a cirurgia para desnervação bilateral do TAM. As respostas de temperatura corporal e comportamento foram avaliadas após 7 dias durante os protocolos experimentais. Nossos resultados demonstraram que a desnervação bilateral foi capaz de reduzir os aumentos da temperatura do TAM nestes animais durante exposição ao campo aberto. A desnervação bilateral não alterou a atividade locomotora dos animais. No entanto, os animais desnervados ficaram por mais tempo no centro do campo aberto, bem como entraram e permaneceram por mais tempo no ambiente claro do aparato claro/escuro. A desnervação também impediu o aumento da temperatura do TAM durante o teste de interação social (IS), além de aumentar o tempo e a frequência de interações com o animal co-específico. Já os animais expostos a IS imediatamente após o estresse social por rato intruso, mantiveram essa pequena variação de temperatura corporal e mantiveram a temperatura da cauda muito semelhante ao grupo controle. Além disso, os animais desnervados tiveram uma redução no tempo e na frequência de interação com o co-específico. Estes resultados mostram que a desnervação bilateral do TAM é capaz de inibir grandes variações de temperatura no dorso. Sendo assim, podemos sugerir que, inibindo inicialmente o aumento da temperatura do dorso, os animais desnervados apresentam um comportamento ansiolítico. No entanto, ao aumentar a exposição desses animais a situações de estresse de forma associada, observa-se um efeito ansiogênio nos mesmos. Assim, nosso estudo sugere que o aumento da temperatura é de suma importância para que os animais consigam realizar, de forma clara, a avaliação de risco e responder às situações estressoras, já que entende-se que se expor ao risco não seria algo bom para sua sobrevivência.
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    Avaliação da composição bioativa e atividade antioxidante dos extratos do fruto do noni (Morinda citrifolia L.) e sua ação sobre mecanismos de respostas a danos de DNA em células de hepatocarcinoma humano.
    (2024) Santos, Hellen Vidal; Garcia, Camila Carrião Machado; Garcia, Camila Carrião Machado; Castilho, Rachel Oliveira; Freitas, Florencio Porto; Figueiredo, Sonia Maria de; Moreira, Leandro Marcio
    Morinda citrifolia Linn, mais conhecida como noni, é uma planta originária de países da Ásia que ganhou bastante popularidade no Brasil devido às suas propriedades divulgadas, como anticâncer e imunomoduladora. O câncer representa a segunda maior causa de morte nos países industrializados. Células tumorais utilizam diferentes mecanismos para sustentar a proliferação, como por exemplo, resistência à morte celular. O uso de substâncias bioativas são uma alternativa promissora para atuarem no tratamento de doenças. Diante disso, esta pesquisa teve como objetivo caracterizar os frutos do noni, avaliar sua atividade antioxidante in vitro e o teor de compostos bioativos e investigar a ação dos frutos em mecanismos de respostas a danos de DNA em cultura de células. Para a caracterização do fruto e avaliação da atividade antioxidante e teor de compostos bioativos, foram produzidos os extratos metanólico, hidroalcoólico e de acetato de etila da polpa e polpa mais semente do noni. Foram realizadas análises de pH, acidez, umidade, compostos fenólicos totais, carotenóides totais, vitamina C e atividade antioxidante pelos métodos DPPH, ABTS e betacaroteno/ácido linoleico. O extrato que obteve melhores resultados nesta etapa foi utilizado para os ensaios em cultura de células. Primeiramente, células da linhagem HepG2 foram tratadas com diferentes concentrações dos extratos da polpa mais semente do noni, peróxido de hidrogênio e bromato de potássio isoladamente e em combinação para avaliação de morte celular por MTT. Para avaliação de danos ao DNA foi realizado o ensaio cometa alcalino e a progressão de ciclo celular por citometria de fluxo. Os resultados demonstram que o noni é um fruto rico em substâncias bioativas e apresentou atividade antioxidante in vitro. Em cultura de células, o extrato do noni, na concentração de 250 mg/mL, promoveu danos de DNA logo após a exposição, com posterior indução de morte celular e, na concentração de 100 mg/mL, este efeito ocorreu somente após 72 horas de exposição. O co-tratamento de noni e peróxido indicaram que a concentração de 100 mg/ml exerce um discreto efeito protetor e a de 250 mg/mL aumenta os danos induzidos por peróxido, porém este efeito não foi significativo em relação ao bromato. Pôde-se concluir que o noni possui efeito citotóxico e genotóxico para células de hepatocarcinoma humano. Estudos complementares com animais e/ou seres humanos deverão ser conduzidos para avaliar o uso do noni como potencial quimioterápico natural.
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    Fatores associados à gravidade da Covid-19 nos municípios de Belo Horizonte e Nova Lima.
    (2024) Paula, Ana Beatriz Rezende; Isoldi, Mauro César; Barra, Alexandre de Almeida; Isoldi, Mauro César; Andrade, Amanda Cristina de Souza; Ribeiro, Andréia Queiroz; Silva, Fernanda Cacilda dos Santos; Souza, Gabriela Guerra Leal de
    A Covid-19 é uma doença causada pelo Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2) com um quadro clínico que varia de infecções assintomáticas a problemas respiratórios graves. Desde o início da pandemia, em 2019, diversas pesquisas têm sido conduzidas para avaliar os efeitos dos fatores de risco modificáveis e não modificáveis na infecção e desfechos da Covid-19. Estudos apontam que o IMC, consumo de álcool e tabaco, bem como a qualidade do sono, além de fatores ambientais impactam na resposta do sistema imune frente a agentes infecciosos como no caso do vírus da SARS-CoV-2. Logo, uma melhor compreensão das relações entre o estilo de vida e a Covid-19 tem implicações óbvias para a prevenção de resultados graves e também para a identificação das características das pessoas com maior risco. O presente estudo avaliou a associação entre o perfil alimentar, saúde mental e características socioeconômicas, demográficas e de saúde, e a gravidade da doença Covid-19 em indivíduos acometidos pela Covid-19 (período de março de 2020 a fevereiro de 2021) e que foram notificados no banco de dados das Secretarias de Saúde das cidades de Belo Horizonte e Nova Lima. Os pacientes foram avaliados através de um questionário eletrônico, composto por questões sobre dados demográficos e socioeconômicos, aspectos de saúde, perfil alimentar e saúde mental, via plataforma Google Forms. Foram realizados modelos de análise univariada e multivariada dos fatores associados ao risco de hospitalização. A análise de associação entre as variáveis exposição e desfecho (sintomatologia da Covid-19) foi feita por regressão logística multinomial. A maioria dos pacientes internados era do sexo masculino (52,49%; p=0,003) e apresentavam excesso de peso (74,03%; p<0,001). A idade mais avançada (39-59 anos, OR 4,01, IC 95%: 2,25-7,13; ≥60 anos, OR 8,22, IC 95%: 4,29-15,77), o sexo masculino (OR 1,82; IC 95%: 1,24-2,67), estado civil divorciado/viúvo (OR 2,49; IC 95%: 1,25-4,95) foram variáveis sociodemográficas associadas a um risco elevado de internação por Covid-19. Em termos de saúde, comorbidades pré-existentes (doença cardiovascular/hipertensão OR 2,30, IC 95%: 1,41-3,75; diabetes mellitus OR 4,58, IC 95%: 2,09-10,03; doenças respiratórias OR 3,71, IC 95%: 1,65-8,34), uso de medicação (OR 2,01, IC 95% 1,37-2,94), excesso de peso (OR 2,73; IC 95%: 1,65-4,53) e saúde regular autorreferida (OR 2,28; IC 95%: 1,17-4,23) foram associados a um risco elevado de internação por Covid-19. Em relação as variáveis comportamentais, o exercício físico foi associado negativamente à hospitalização por Covid-19 (OR 0,52; IC 95%: 0,33-0,82). Curiosamente, o tabagismo reduziu o risco de desenvolver sintomas de Covid-19 (OR 0,20; IC 95%: 0,05-0,074). Em suma, fatores demográficos, condições de saúde e estilo de vida estão associados a desfechos graves da Covid-19, alertando- nos para a importância de estratégias de prevenção e de gestão que considerem vários aspectos individuais e comportamentais nos desfechos da Covid-19.
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    Uso de suplementação com farinha de invertebrado (FI) em indivíduos jovens : avaliação da recuperação muscular, de parâmetros bioquímicos e fisiológicos associados ao desempenho físico.
    (2024) Baleeiro, Raianne dos Santos; Lima, Wanderson Geraldo de; Becker, Lenice Kappes; Lima, Wanderson Geraldo de; Becker, Lenice Kappes; Esteves, Elizabethe Adriana; Pinto, Flávia Carmo Horta; Pinto, Kelerson Mauro de Castro; Costa, Daniela Caldeira
    O esgotamento dos recursos naturais é relevante dado o aumento da demanda decorrente do grande crescimento populacional. A busca por soluções viáveis tem sido foco de organizações alimentares e ambientais em todo mundo. Este trabalho visou avaliar o efeito da suplementação com farinha de invertebrado (FI) na recuperação muscular em parâmetros bioquímicos de indivíduos praticantes de atividade física submetidos a exercícios de força. No estudo crossover randomizado e duplo cego, jovens do sexo masculino (entre 18 e 35 anos), foram divididos em duas condições: FASE NÃO ENTOMOFAGICA e FASE ENTOMOFAGICA. Inicialmente a FI foi testada para sua qualidade nutricional e microbiológica. A condição FASE ENTOMOFAGICA recebeu suplemento alimentar de FI durante sete dias, sendo quatro dias prévios à realização do exercício de força. Ambas condições foram submetidas ao exercício de força excêntrica, com posteriores avaliações da recuperação muscular em 24, 48 e 72h. A FI mostrou-se adequada quanto ao teor proteico e a qualidade microbiológica. Os dados de intensidade do esforço e o número de repetições realizadas durante o protocolo de exercício de força com ações musculares excêntricas foram semelhantes em ambas condições. Assim como a potência, a percepção subjetiva de esforço e comparação da intensidade de dor. No entanto, o salto de contra - movimento na condição FASE ENTOMOFAGICA (29,57: 26,10~36,57cm p<0,05) teve maiores valores em relação à fase basal (27,03: 24,33~33,37cm). Os dados de creatinoquinase e desidrogenase láctica, sugerem que o protocolo utilizado para gerar danos musculares leves foi efetivo. Observou-se o comportamento de redução nos níveis de lipídeos circulantes na condição FASE ENTOMOFAGICA. A suplementação com 0,6g/kg/dia de FI integral por sete dias consecutivos não causa alterações negativas nos marcadores da função hepática e renal. Os resultados apontam ser seguro o uso nutricional da FI e sugere que as condições do exercício físico impostas aos voluntários, independente da condição, têm a mesma intensidade e esforço. Os resultados sugerem que a FI é um potencial suplemento para praticantes de atividade física, pois contribui para o desempenho igualmente da dieta no FASE NÃO ENTOMOFAGICA. Porém tem menor impacto ao meio ambiente e menor custo de produção, além de proporcionar benefícios para a saúde cardiovascular. Ainda são necessários mais estudos para a validação da FI como um suplemento nutricional.
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    Avaliação da imunogenicidade e eficácia da imunização utilizando Leishmania infantum viva atenuada pela deleção do gene KHARON1 contra a Leishmaniose Visceral no modelo Hams.
    (2024) Moreira, Gabriel Jose Lucas; Roatt, Bruno Mendes; Roatt, Bruno Mendes; Luca, Paula Mello de; Fujiwara, Ricardo Toshio; Lima, Wanderson Geraldo de; Borges, William de Castro
    Historicamente, a leishmanização, que consiste no inoculo de parasitos vivos na pele, foi a única estratégia bem-sucedida para imunização contra leishmaniose cutânea. Com os avanços nas técnicas moleculares, tornou-se possível selecionar parasitos vivos atenuados, não patogênicos, que apresentam ampla variedade antigênica, induzindo imunidade protetora de forma mais segura e duradoura. A deleção do gene KHARON 1 em Leishmania infantum resultou em uma cepa atenuada (LiKH) que pôde infectar camundongos e desencadear uma resposta imune robusta com controle do parasitismo. No presente estudo, avaliamos esta cepa em hamsters, a fim de determinar sua imunogenicidade e eficácia vacinal em um modelo mais representativo da doença. Os animais foram divididos em grupos que receberam uma ou duas doses da imunização pela via subcutânea ou intradérmica, estes foram avaliados um mês pós imunização e um e oito meses pós desafio com promastigotas virulentas de L. infantum. Nossos resultados indicam que a resposta humoral nos animais imunizados apresentou maior estimulação na produção sérica de IgG total e IgG2, sendo a última imunoglobulina produzida em maior quantidade em todos os grupos imunizados. A resposta humoral se manteve neste perfil após o desafio experimental, com elevada produção das duas imunoglobulinas testadas. A imunização com a cepa deficiente em KH1 induz uma resposta celular mista caracterizada pela produção de citocinas pró- inflamatórias e anti-inflamatórias, tanto pela avaliação por citometria de fluxo quanto pela qRTPCR. Os hamsters imunizados apresentaram maior porcentagem de linfócitos (totais e CD4+ ) produtores de IFN- em comparação aos hamsters não imunizados e desafiados. Em relação à citocina IL-10, foi observada redução na porcentagem de linfócitos produtores dessa citocina em todos os animais imunizados e desafiados. A expressão gênica de diferentes alvos imunológicos (TGF-, TNF, IL- 1, IFN- e IL10) indica uma forte estimulação pós-imunização nos grupos que receberam os parasitos LiKH pela via subcutânea, enquanto a avaliação 8 meses pós- desafio, indica o aumento da expressão de todas as citocinas nos grupos intradérmicos. Além disso, em ambos momentos pós-desafio (1 e 8 meses) observamos a redução da carga parasitária hepática nos grupos que receberam duas doses em ambas as vias. Os animais que receberam duas doses por via subcutânea também apresentaram menor carga parasitária esplênica quando comparado ao grupo controle tanto um quanto oito meses pós-desafio. Nosso estudo indica que a imunização com LiKH foi potencialmente imunogênica, resultando na estimulação mista da resposta imune (Th1/TH2), promovendo o controle da infecção e destacando- a como uma estratégia imunoprofilática promissora.
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    Traumas relacionados à pandemia da COVID-19 : sofrimento mental de estudantes universitários e os efeitos de uma sessão de biofeedback cardiorrespiratório sobre parâmetros fisiológicos e emocionais.
    (2023) Rosário, Nacha Samadi Andrade; Souza, Gabriela Guerra Leal de; Bearzoti, Eduardo; Souza, Gabriela Guerra Leal de; Bearzoti, Eduardo; Freire, Izabela Mocaiber; Oliveira, Lenice Kappes Becker; Pereira, Mirtes Garcia; Vital, Wendel Coura
    A pandemia da COVID-19, causada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2), levou a um elevado número de mortes em todo o mundo, que foi associado a incertezas em relação ao futuro, sofrimento mental e exposição a eventos traumáticos, sendo este último, pouco estudado até o momento em amostras que não trabalharam na linha de frente de combate à doença, como os universitários. A população de estudantes universitários é considerada mais suscetível ao sofrimento mental, quando comparada à população geral, devido a pressões acadêmicas, carga de trabalho, novos relacionamentos e responsabilidades. A pandemia pode ter agravado esse quadro. Estudos já demonstraram que diversos transtornos mentais, como depressão e ansiedade estão relacionados à baixa variabilidade da frequência cardíaca (VFC). A VFC consiste na variação dos intervalos entre os batimentos cardíacos e é modulada pelos ramos simpático e parassimpático do sistema nervoso autônomo sob o coração. Diversas técnicas podem ser utilizadas para modificar a VFC, dentre elas destaca-se o biofeedback cardiorrespiratório. Este tem se mostrado efetivo em aumentar os componentes da VFC, assim como reduzir sintomas de sofrimento mental, mas ainda não há estudos realizados com essa técnica com foco nos traumas vivenciados durante a pandemia da COVID-19. A presente pesquisa foi dividida em dois estudos. O primeiro estudo teve como objetivo avaliar a influência do tipo e a intensidade de eventos traumáticos relacionados à COVID-19, das características sociodemográficas, e dos hábitos de vida e condições de saúde sobre os sintomas de depressão, ansiedade e estresse de estudantes universitários durante a pandemia da COVID-19. O estudo foi realizado no formato online em dois momentos distintos, um em 2021 e o outro em 2022. Todos os estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) receberam o convite de participação e os questionários pelo e-mail institucional. Participaram estudantes de ambos os sexos, com idade entre 18 e 35 anos. Os resultados mostraram uma associação positiva entre o aumento da intensidade dos eventos traumáticos relacionados à COVID-19 e os sintomas de estresse, ansiedade e depressão, e também que cada tipo de evento traumático foi associado a esses sintomas no ano de 2021, porém estes resultados não foram encontrados no ano de 2022. Além disso, encontramos que esses sintomas se associaram com sexo, idade, ter ou ter tido uma doença, usar medicação e não praticar exercício físico para ambos os anos investigados. O segundo estudo foi realizado entre maio e junho de 2022 no formato presencial tendo como objetivo avaliar os efeitos de uma sessão de biofeedback cardiorrespiratório sobre a VFC, coerência cardiorrespiratória, frequência respiratória e estados emocionais de estudantes universitários que vivenciaram as mais altas e baixas intensidades de trauma relacionadas à COVID-19. Para a realização do estudo, selecionamos 69 estudantes da UFOP, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 35 anos, sendo 37 com as maiores pontuações e 32 com as menores pontuações no questionário de experiências traumáticas durante a pandemia da COVID-19. Esses estudantes realizaram uma sessão de biofeedback cardiorrespiratório com duração de 12 minutos. Antes e após a sessão, foram coletados o estado de afeto positivo e negativo, o estado de ansiedade, a coerência cardiorrespiratória, a frequência respiratória e a VFC por quatro minutos em repouso. Os resultados mostraram que antes da sessão o grupo de alta intensidade apresentou maiores valores de sintomas de ansiedade e ansiedade estado comparados ao grupo baixa intensidade de trauma. A sessão de biofeedback promoveu aumento dos parâmetros parassimpáticos da VFC e da coerência cardiorrespiratória, diminuição da frequência respiratória, do afeto positivo e negativo e da ansiedade estado para ambos os grupos independente da intensidade de trauma. Concluímos que eventos traumáticos relacionados à COVID-19 podem exacerbar o sofrimento mental, mesmo em uma amostra que não esteve na linha de frente da pandemia. E que uma única sessão de biofeedback foi capaz de melhorar os parâmetros fisiológicos e emocionais de estudantes universitários independente da intensidade de traumas vivenciados.
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    Avaliação da influência do inóculo em açaí (Euterpe oleracea) na infecção oral pelo Trypanosoma cruzi em camundongos BALB/c.
    (2024) Marques, Flávia de Souza; Vieira, Paula Melo de Abreu; Borges, William de Castro; Vieira, Paula Melo de Abreu; Borges, William de Castro; Lima, Wanderson Geraldo; Amaral, Joana Ferreira do; Souza, Daniel Menezes; Toledo, Max Jean de Ornelas
    Por muito tempo, o principal mecanismo de transmissão da doença de Chagas foi o vetorial. Entretanto, após uma série de medidas de controle ao principal vetor, Triatoma infestans, ocorreu um decréscimo na transmissão vetorial no Brasil. Nesse cenário, a infecção por via oral se tornou o principal mecanismo de transmissão da doença de Chagas no Brasil. Essa via de infecção é caracterizada pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminados com asformas metacíclicas (TM) do Trypanosoma cruzi, sendo o açaí (Euterpe oleracea) o principal alimento envolvido. A alta capacidade antioxidante da pasta de açaí, com alto teor de polifenóis, especialmente antocianinas, já foi confirmada em vários estudos, entretanto existem poucos trabalhos na literatura que abordam a via oral, e complementarmente, a participação do açaí na interação parasito/hospedeiro. Nesse sentido, um estudo sobre a influência do açaí, frente a infecção por via oral possibilitará a compreensão de como o alimento no qual o parasito é inserido no organismo interfere na interação entre T. cruzi/hospedeiro. Baseado nisso, o objetivo desse trabalho foi avaliar a influência do inóculo em açaí na infecção experimental pelo T. cruzi. Para cumprir com esse objetivo, camundongos BALB/c foram divididos em três grupos experimentais, o grupo Controle (animais não infectados) e os grupos de animais infectados por via oral com formas TM da cepa Y (DTU II) do T. cruzi adicionadas ao meio RPMI ou ao açaí. Os animais inoculados com os parasitos em meio RPMI apresentaram 83% de sobrevida, enquanto essa porcentagem no grupo inoculado com parasitos em açaí foi de 98%. Apesar do grupo Açaí apresentar período pré- patente de parasitemia mais longo, as curvas de parasitemia dos animais infectados foram semelhantes. A quantificação da carga parasitária tecidual mostrou um aumento do parasitismo na bochecha no grupo RPMI em relação ao grupo Açaí no 14o DAI (dias após a infecção). Já no estômago esse aumento foi observado precocemente no 5o DAI. Entretanto, no coração observou-se um perfil inverso, onde houve um aumento da carga no grupo Açaí no 7o DAI em relação ao grupo RPMI. Já no 14o DAI ocorre uma inversão. A avaliação do processo inflamatório mostrou que tanto no músculo próximo a bochecha, quanto no estômago há presença de processo inflamatório nos dias 2 e 5 após a infecção para ambos os grupos infectados. No 14o DAI esse aumento foi observado apenas na bochecha para animais infectados em meio RPMI. No coração apesar de não ter sido observado processo inflamatório, foram encontrados ninhos de amastigota no 14o DAI no grupo RPMI. A quantificação de citocinas no músculo próximo a bochecha mostrou que ocorre uma maior produção da citocina pró-inflamatória TNF aos 14 dias após a infecção no grupo RPMI em relação ao grupo Açaí. Já no estômago, a avaliação das citocinas mostrou que nos animais infectados com Açaí há uma menor produção de citocinas pró-inflamatórias e imunoreguladoras. A avaliação proteômica do estômago revelou 110 proteínas diferencialmente abundantes nos três grupos experimentais. Destas, 24 proteínas encontraram- se aumentadas no grupo Açaí e diminuídas no grupo RPMI em relação ao grupo Controle. Estas proteínas estão envolvidas no controle do processo inflamatório e na manutenção da integridade da barreira epitelial. Já os grupos infectados partilharam 17 proteínas com aumento da abundância em relação ao grupo Controle, entre as quais se destacam proteínas relacionadas à invasão celular e integridade da mucosa gástrica. Esses resultados sugerem que a infecção oral por ingestão de formas metacíclicas em meio RPMI, além de promover uma parasitemia mais precoce, foi responsável pelo estabelecimento da infecção no estômago no 5o DAI. Já no grupo Açaí, a infecção ocorre de forma maissilenciosa, com parasitemia mais tardia e estabelecimento da infecção apenas no 14o DAI. Este fato pode estar relacionado à uma menor produção de citocinas pró-inflamatórias nos animais infectados com o Açaí, além do aumento de proteínas que dificultam a invasão celular pelo T. cruzi.
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    Efeito da dieta hiperlipídica consumida pela progenitora sobre o metabolismo do tecido adiposo branco da prole de segunda geração.
    (2023) Lima, Taynara Carolina; Alzamora, Andréia Carvalho; Carneiro, Cláudia Martins; Carneiro, Claudia Martins; Alzamora, Andreia Carvalho; Castro, Carlos Henrique de; Souza, Gabriela Guerra Leal de; Araujo, Ronaldo de Carvalho; Borges, William de Castro
    A dieta hiperlipídica (H) da progenitora pode induzir alterações metabólicas na prole. O presente estudo avaliou o efeito da dieta H consumida pela progenitora G0H durante o período de acasalamento, gestação e lactação (59 dias), no metabolismo do tecido adiposo branco da prole segunda geração F2- G0H. Ratos Fischer foram submetidos à dieta H (G0H) ou dieta controle (C; G0C) durante o acasalamento, gestação e lactação (59 dias), gerando as proles F1 e F2, que receberam dieta C após desmame até completarem 90 dias de idade. A prole F2 foi dividida em dois grupos de acordo com alimentação da G0: prole F2 de progenitoras G0H (F2-G0H) e de progenitoras G0C (F2-G0C). Nossos resultados revelaram que a dieta H materna induziu aumento da massa corporal, da eficiência alimentar, dos depósitos de gordura inguinal, retroperitoneal e epididimal, da relação TAV/TAS, do índice de adiposidade, da massa do fígado na prole F2-G0H. Além disso, a prole F2-G0H apresentou o TAB disfuncional gerando lipotoxicidade, mostrado pela hipertrofia do depósito de gordura retroperitoneal com aumento no teor de lipídeos, no colesterol total, no número de células inflamatórias e nas áreas dos adipócitos, além de aumento do processo redox e dos marcadores do processo inflamatório mostrado pelos níveis proteicos de CCL2 e da expressão gênica de componentes da via Toll (Tol2R; Tol4R; MyD88; Tirap e Traf). E ainda aumento da expressão gênica do sistema renina angiotensina (Agto; AT1R), de marcadores da lipólise (UCP-1; UCP-3; PGC1-α e leptina) e adipogênicos (BMP4+; Wnt10; Wnt1; C/EBPα) no depósito de gordura retroperitoneal. Já o depósito de gordura inguinal apresentou aumento do número e da área dos adipócitos e aumento de células inflamatórias. Adicionalmente, o fígado apresentou aumento do teor de lipídeos, do triglicerol e colesterol hepáticos e dos níveis séricos de ALT e AST, caracterizando um quadro de doença hepática não alcóolica. Nossos dados em conjunto sugerem que o consumo da dieta H pela progenitora, induziu na prole F2-G0H expansão do TAB por hipertrofia, seguido de processo inflamatório e lipotoxicidade, ocasionando disfunção no TAB e do fígado, contribuindo para o quadro de síndrome metabólica na prole F2-G0H.
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    Alta sintomatologia depressiva reduz as reações emocionais diante de estímulos de interação social.
    (2022) Lacerda, Kíssyla Christine Duarte; Souza, Gabriela Guerra Leal de; Souza, Gabriela Guerra Leal de; Meireles, Adriana Lúcia; Volchan, Eliane; David, Isabel de Paula Antunes; Nogueira, Katiane de Oliveira Pinto Coelho
    As interações sociais são inerentes a nossa espécie e representaram fator crucial para a evolução humana. Ainda hoje a sociabilidade tem impacto na a saúde física e mental, onde o sentimento de solidão é fator de risco para o desenvolvimento de doenças tanto físicas quanto mentais, dentre elas, destaca-se o transtorno depressivo. Já é elucidado que indivíduos depressivos apresentam expressões faciais distintas de indivíduos não depressivos. Uma vez que as expressões faciais representam um fator determinante para que as interações sociais se estabeleçam, estas diferenças podem estar relacionadas com o alto nível de solidão presente na população depressiva. Além disso, indivíduos depressivos exibem atividade muscular facial distinta ao visualizarem fotografias com diferentes níveis de valência e ativação emocional, entretanto, ainda não existem investigações utilizando estímulos pareados para a valência e ativação. Dessa forma, este trabalho se propõe a investigar se fotos com pistas de interação social, pareadas para valência e ativação, modulam as reações emocionais em indivíduos com sintomas depressivos e em indivíduos saudáveis, e se a re-exposição das imagens após um período de 10 semanas (TEMPO 2) permaneceria exercendo os mesmos efeitos observados na primeira exposição (TEMPO 1), caso estes efeitos ocorressem. A amostra foi composta por 85 individuos, divididos de acordo com seus escores no Inventário de Depressão de Beck. Voluntários com pontuação superior a 21 pontos foram incluídos no grupo depressivo (n=16) e os demais alocados no grupo saudável (n=69). Os participantes tiveram seus níveis de depressão, solidão, ansiedade, empatia e toque social avaliados por meio de escalas. Em seguida, visualizaram três blocos de imagens (28 imagens cada), contendo imagens neutras (objetos), afiliativas (pessoas realizando interação social direta) e controles (pessoas não realizando interação social direta). A atividade eletromiográfica do músculo zigomático maior (ZIG) e corrugador do supercílio (COR) foi coletada durante todo o período de visualização dos blocos. Após cada bloco de imagens, os voluntários responderam a escala de estado afiliativo e escala de comportamento altruísta. Todas as análises foram repetidas após um período de 10 semanas. No TEMPO 1, em indivíduos saudáveis, as imagens afiliativas aumentaram a atividade ZIG e os escores nas escalas de expectativa de aproximação e altruísmo, e reduziram a atividade do COR em comparação com as imagens neutras e controle. Entretanto, estes efeitos não foram observados em indivíduos depressivos. No TEMPO 2, as imagens afiliativas permaneceram exercendo modulação sobre o ZIG e sobre a expectativa de aproximação no grupo saudável, porém sem efeitos sobre o COR. Novamente, as fotos afiliativas não provocaram nenhum efeito nos indivíduos depressivos. Podemos concluir que indivíduos depressivos são hiporresponsivos às pistas de interação social, refletindo em baixa expressividade facial, sociabilidade e altruísmo. Além disso, a reexposição de imagens com interação social permanece exercendo seus efeitos sobre a resposta emocional de indivíduos saudáveis após 10 semanas, porém sem efeitos nos depressivos. Este trabalho nos indica que a depressão leva a responsividade emocional reduzida diante do contexto de interação social, o que pode impactar consideravelmente as interações sociais de indivíduos depressivos e o curso de desenvolvimento do transtorno.
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    Avaliação do potencial profilático e terapêutico da piperina na hepatotoxicidade induzida pelo paracetamol.
    (2022) Coelho, Aline Meireles; Costa, Daniela Caldeira; Costa, Daniela Caldeira; Cadena, Pabyton Gonçalves; Santos, Sandra Lauton; Isoldi, Mauro César; Cardoso, Leonardo Máximo
    A metabolização de xenobióticos pelo fígado pode levar a intoxicação e hepatotoxicidade. O paracetamol (APAP) é um dos analgésicos e antipiréticos mais utilizados, porém devido ao acesso fácil e a falta de conhecimento da população sobre seus efeitos nocivos o número de intoxicações por este fármaco tem aumentado progressivamente. A piperina, um composto natural extraído da pimenta preta, tem sido relatado na literatura pelo seu potencial hepatoprotetor, antioxidante, anti- inflamatório e imunomodulatório. Assim, o objetivo deste projeto foi avaliar a progressão temporal da intoxicação hepática causada pela overdose de paracetamol bem como o potencial profilático e terapêutico da piperina na redução da hepatotoxicidade em camundongos C57BL/6. Para tal, utilizamos 98 animais, sendo que todos os procedimentos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA-UFOP). Nos três delineamentos utilizados neste projeto (temporal, profilático e terapêutico), a hepatotoxicidade foi induzida pela administração do paracetamol na dose de 500mg/kg por gavagem orogástrica. No delineamento temporal, distribuímos os grupos em: controle, APAP 3H e APAP 12H, sendo os animais eutanasiados 3 ou 12 horas após a overdose de paracetamol. Nossos resultados mostram que 3 horas após a overdose foi observado aumento de creatinina e do biomarcador de peroxidação lipídica (TBARS). Já no período de 12H foi observado um aumento nos marcadores de lesão hepática e dano oxidativo, além do aumento de citocinas inflamatórias séricas e ativação da expressão genica dos componentes do inflamassoma, sugerindo o agravamento da hepatotoxicidade ao longo do tempo. No delineamento profilático com a piperina, avaliamos o potencial do fitoterápico na prevenção das alterações hepáticas induzidas pela exposição à xenobiótico, neste caso o paracetamol. Os grupos foram distribuídos em: grupo controle, APAP, P20 + APAP e P40 + APAP. Os animais receberam piperina por 8 dias consecutivos nas doses de 20 mg/kg ou 40 mg/kg, sendo o APAP administrado 12 horas após a última dose de piperina. Os animais foram eutanasiados 03 horas após a administração do APAP. Os resultados mostraram que a prevenção com ambas as doses da piperina reduziu a atividade de ALT, o índice de necrose e os biomarcadores de dano oxidativo, além de modular positivamente a expressão gênica dos componentes da via do inflamassomo e da isoenzima CYP2E1. No delineamento terapêutico com a piperina, os grupos foram distribuídos em: controle, APAP, APAP + P20, APAP + P40, APAP + NAC, APAP + P20 + NAC, APAP + P40 + NAC. Neste delineamento, após 2 horas à overdose de APAP foram realizados os tratamentos com a piperina nas doses de 20 ou 40 mg/Kg em associação ou não com a N- acetilcisteína (NAC) na dose de 300 mg/kg. Todos os tratamentos foram realizados por gavagem orogástrica. Os animais foram eutanasiados 12 horas após a administração do APAP. Os resultados mostraram que a associação da NAC com ambas as doses de piperina diminuiu a atividade de AST e da MMP-9, além da redução dos níveis de ureia, proteína carbonilada, TBARS, TNF e IL-6. Também foi observado redução na área de necrose hepática e aumento na regeneração dos hepatócitos. Em relação à expressão gênica, a associação da NAC com ambas as doses de piperina reduziu os níveis de mRNA de IL-1β, IL-18 e CASP-1 e a associação com a maior dose de piperina reduziu os níveis de mRNA de NLRP3. Além disso, a associação da NAC com a menor dose de piperina reduziu a atividade de ALT e aumentou os grupamentos sulfidrilas. Assim, podemos concluir que a piperina isolada ou em associação com a NAC tem se mostrado uma possível aliada tanto na prevenção quanto no tratamento da hepatotoxicidade causada pelo paracetamol.
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    Avaliação da atividade anti-Trypanosoma cruzi in vitro e in vivo da miltefosina em combinação com compostos nitro-heterocíclicos e com derivados azólicos.
    (2019) Mota, Suianne Letícia Antunes; Bahia, Maria Terezinha; Bahia, Maria Terezinha; Reis, Alexandre Barbosa; Diniz, Lívia de Figueiredo; Soeiro, Maria de Nazaré Correia; Mosqueira, Vanessa Carla Furtado
    A terapia combinada e o reposicionamento de fármacos ganharam atenção como uma possível estratégia para superar as deficiências do atual arsenal terapêutico para a doença de Chagas. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito anti-Trypanosoma cruzi da miltefosina em associação com compostos nitroheterocíclicos (benznidazol e metabólito sulfona do fexinidazol) e com derivados azólicos (posaconazol e ravuconazol). Para evitar efeitos tóxicos a citotoxicidade dos compostos (isolados ou combinados) para as linhagens celulares H9c2 e J774 foi avaliada. Não foi observada citotoxicidade destes compostos para as células hospedeiras nas concentrações próximas ao IC90 de cada fármaco isolado ou em combinação. Em seguida, o efeito in vitro da miltefosina em combinação com compostos nitro- heterocíclicos ou derivados azólicos contra amastigotas das cepas Y e colombiana foi avaliado em um ensaio de 72h, utilizando as mesmas linhagens celulares. Não foi observada uma marcante influência da cepa do parasito nos valores de IC50 ou IC90 para miltefosina e para os compostos nitro-heterocíclicos, sendo o valor de IC50 no máximo 3,4 vezes maior quando células H9c2 foram infectadas pela cepa colombiana e o IC90 no máximo 2.0 vezes. De forma diferente, os valores de IC50 do ravuzonazol e do posaconazol foram 23 e 11,7 vezes maiores para a cepa colombiana, em relação à cepa Y, respectivamente. Os valores de IC90 foram 4.26 e 7.66 vezes maiores para a cepa colombiana quando as células infectadas foram tratadas com ravuconazol e posaconazol, respectivamente. Os valores de IC50 e IC90 não foram influenciados pela célula hospedeira. As interações foram classificadas como aditivas para todas as combinações de drogas avaliadas (somas das concentrações inibitórias fracionárias - ∑ICF> 0,5). No entanto, é importante notar que os valores de ΣFIC para as combinações miltefosina/compostos nitro-heterocíclicos foram sempre <1,0. Diferentemente, os resultados de ΣFIC>1 foram observados na maioria dos experimentos realizados com miltefosina/derivados azólicos. Não foi observada a influência da cepa do parasito ou da célula hospedeira no tipo de interação entre os diferentes compostos. Em seguida, camundongos infectados pela cepa Y foram tratados com 10 doses de 40 mg/kg de miltefosina administradas em dias consecutivos ou alternados e com 20 doses de 50 e 100mg/kg de benznidazol administradas em dias consecutivos. Os fármacos foram administrados em monoterapia e em combinação nas mesmas doses. O tratamento com miltefosina e benznidazol a 50mg/kg em monoterapia levaram à supressão transitória da parasitemia. Os mesmos resultados podem ser observados entre animais tratados com 40mg/kg de miltefosina (dias consecutivos) em combinação com 50mg/kg de benznidazol. No entanto, o tratamento com a mesma dose de miltefosina, administrada em dias alternados, e 50mg/kg de benznidazol foi capaz de curar 62,5% dos animais. A administração de uma dose mais elevada de benznidazol (100mg/kg) e 40mg/kg de miltefosina aumenta significativamente a taxa de cura: 87,5% entre camundongos tratados com miltefosina em dias consecutivos e 100% naqueles que receberam o fármaco em dias em dias alternados. Estes resultados mostram uma interação positiva entre a miltefosina e o benznidazol. No entanto é necessário a avaliação da sua eficácia contra a infecção induzida por outras cepas do parasito, bem como no tratamento da fase crônica da infecção.
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    Estudo dos efeitos da Hesperidina em células e camundongos submetidos à ventilação mecânica.
    (2022) Souza, Ana Beatriz Farias de; Bezerra, Frank Silva; Menezes, Rodrigo Cunha Alvim de; Bezerra, Frank Silva; Valença, Samuel dos Santos; Silva, Pedro Leme; Vieira, Paula Melo de Abreu; Souza, Gustavo Henrique Bianco de; Menezes, Rodrigo Cunha Alvim de
    A ventilação mecânica (VM) é uma ferramenta utilizada na assistência ao paciente crítico, porém pode desencadear processos inflamatórios e oxidativos capazes de causar ou agravar lesões pulmonares. A hesperidina é um flavonoide encontrado em frutas cítricas que apresenta propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da administração de hesperidina em células e camundongos submetidos à VM. O estudo foi dividido em ensaios in vitro e in vivo, inicialmente foi avaliado os efeitos in vitro da hesperidina. Utilizando diferentes concentrações de hesperidina (12,21; 24,42; 48,84; 97,7; 195,4 μg/mL) e lipopolissacarídeo (LPS) (0,25; 0,5; 1,0; 2,0; 4,0 μg/mL) avaliamos em macrófagos da linhagem J774A.1 por meio do teste de MTT alterações na viabilidade celular e, posteriormente utilizando as melhores concentrações e hesperidina e LPS foi avaliada a produção intracelular de espécies reativas de oxigênio (ERO). Para os ensaios in vivo foram utilizados 50 camundongos C57BL/6 com idade entre 7 e 8 semanas. Os animais foram divididos em 2 ensaios (n = 25), e para ambos experimentos os camundongos foram randomizados em 5 grupos: grupo controle (GC), grupo ventilação mecânica (GVM), grupo VM + hesperidina 10 mg/kg (VMH10), grupo VM + hesperidina 25 mg/kg (VMH25) e grupo VM + hesperidina 50 mg/kg (VMH50). Os animais receberam solução salina (GC e GVM) ou solução de hesperidina (VMH10, VMH25 e VMH50) via gavagem orogástrica, sendo que para o primeiro ensaio a administração das soluções ocorreu seis horas antes do início da VM, já para o segundo estudo os animais receberam as respectivas soluções por 30 dias consecutivos antes do início da VM. Em ambos ensaios após o tempo de administração das soluções os animais foram submetidos à VM no modo controlado à volume por uma hora utilizando os seguintes parâmetros: volume corrente de 10 mL/kg, fração inspirada de oxigênio de 21%, frequência respiratória de 150 incursões respiratórias por minuto e pressão positiva ao final da expiração de 2 cmH2O. Ao término da VM os animais foram eutanasiados e foram coletados sangue, lavado broncoalveolar (LBA) e pulmões. No ensaio in vitro, células expostas por 24 horas à hesperidina, nas concentrações de 24,42; 48,85; 97,7 e 195.4 μg/mL apresentaram aumento da viabilidade celular quando comparado com o controle. Além disso, as células que foram incubadas com hesperidina (24,42; 48,85 e 97,7 μg/mL) e LPS (1,0 μg/mL) apresentaram menor produção de ERO quando comparado com as células expostas apenas ao LPS. Para os ensaios in vivo, os animais receberam a hesperidina seis horas antes do início da VM, especialmente os grupos VMH25 e VMH50, apresentaram menor influxo de células inflamatórias para as vias aéreas e menor dano oxidativo, quando comparado com GVM. Além disso, a administração de hesperidina modulou a resposta inflamatória, reduzindo os níveis de CLL2 e IL-12. A administração da hesperidina por trinta dias antes do início da VM promoveu em todas as doses utilizadas, uma diminuição do influxo de células inflamatórias, dano oxidativo e nos níveis de CCL2, TNF-α e IL-12. Em conclusão, a administração de única ou múltiplas doses de hesperidina exerceu efeitos protetivos sobre os pulmões de camundongos submetidos à ventilação mecânica.
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    Efeito do açaí (Euterpe oleracea martius) em fatores envolvidos na progressão da NAFLD induzida por dieta hiperlipídica em camundongos.
    (2020) Carvalho, Mayara Medeiros de Freitas; Pedrosa, Maria Lúcia; Silva, Marcelo Eustáquio; Guerra, Joyce Ferreira da Costa; Pedrosa, Maria Lúcia; Guerra, Joyce Ferreira da Costa; Silva, Marcelo Eustáquio; Esteves, Elizabethe Adriana; Silva, Fernanda Cacilda dos Santos; Espindola, Foued Salmen; Isoldi, Mauro César
    A Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica (NAFLD) é caracterizada pelo acúmulo de triacilgliceróis nos hepatócitos e abrange esteato-hepatite e cirrose. Estresse oxidativo, inflamação, disfunção mitocondrial, apoptose e alterações na homeostase do retículo endoplasmático (RE) são citados como eventos implicados na sua patogênese. Como estratégia para prevenção da NAFLD, são considerados promissores os compostos fenólicos pelo seu modo de ação multifatorial e nesse contexto, encontram- se os alimentos ricos em compostos fenólicos, como o açaí (Euterpe oleracea Mart.), que possui alto teor de polifenóis, alta capacidade antioxidante e potencial atividade anti-inflamatória. Neste trabalho avaliamos o efeito antioxidante in vitro do filtrado da polpa de açaí e do seu efeito nos fatores/hits envolvidos na patogênese da NAFLD in vivo. A avaliação in vitro do filtrado do açaí demonstrou uma alta capacidade antioxidante pelo método ORAC: 36,608 μMTE/mL, e de inibição da produção de espécies reativas de oxigênio em células HepG2, sem efeito citotóxico. Para o experimento in vivo foram utilizados 32 camundongos swiss divididos nos grupos: Controle (C), Controle + açaí (CA), Hiperlipídico (HF) e Hiperlipídico + açaí (HFA). In vivo, a administração do açaí atenuou o dano hepático, observado pela redução do peso do fígado, conteúdo de lipídios hepáticos e da atividade da ALT, do número de células inflamatórias e proteínas carboniladas avaliada por OxyBlot. A administração de açaí modulou a atividade da enzima antioxidante paraoxonase. Não foram encontradas alterações na deposição de fibras colágenas, em marcadores de estresse no retículo endoplasmático e apoptose. A expressão do fator de crescimento de fibroblasto 21 (FGF21), importante hormônio secretado em maior concentração pelo fígado, e que pode levar a alterações no tecido adiposo, teve sua expressão reduzida nos grupos A, HF e HFA. Ao analisarmos o tecido adiposo, os resultados mostraram que o grupo HF apresentou ganho de peso e índice de adiposidade maior que o grupo C. O grupo A apresentou menor área dos adipócitos e expressão do coativador 1 alfa do receptor ativado por proliferador de peroxissoma (PGC1a) comparado a todos os outros grupos experimentais. Observou-se aumento no grupo HF quanto a expressão de mRNA da carnitina palmitoiltransferase I (CPT-1). Dessa forma demonstramos o efeito hepatoprotetor do açaí em fatores chave envolvidos na patogênese e progressão da NAFLD. Esses achados indicam que o filtrado do açaí pode representar uma estratégia terapêutica na NAFLD e que outros estudos serão importantes para ampliar e consolidar os conhecimentos sobre outros mecanismos de ação desse fruto no tecido adiposo, considerando os efeitos do açaí na expressão gênica e proteica nesse tecido.
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    Avaliação do estresse oxidativo e defesas antioxidantes na infecção pelo vírus Oropouche em modelo animal.
    (2023) Menegatto, Marília Bueno da Silva; Magalhães, Cíntia Lopes de Brito; Magalhães, Cíntia Lopes de Brito; Ferreira, Jaqueline Maria Siqueira; Vieira, Etel Rocha; Silva, André Talvani Pedrosa da; Bezerra, Frank Silva
    O Oropouche orthobunyavirus (OROV) é o arbovírus causador da Febre Oropouche, cujos sintomas são febre alta, cefaléia, mialgia, artralgia, fotofobia, tontura, náuseas e vômito. Mais de meio milhão de pessoas já foram infectadas com o OROV desde seu isolamento em 1955, sendo a Febre Oropouche uma doença negligenciada de caráter emergente. Até o momento não há medicamentos antivirais ou vacinas disponíveis contra a infecção e ainda, pouco se sabe sobre os mecanismos envolvidos em sua patogenicidade. Assim, estudos que busquem entender os mecanismos envolvidos na patogênese do OROV são de extrema importância. Nesse sentido, dados da literatura vêm demonstrando que o estresse oxidativo pode estar envolvido na patogênese de vários agentes virais, dentre alguns arbovírus como Dengue, Zika, Chikungunya e Mayaro. O estresse oxidativo é a condição que se estabelece quando há um desequilíbrio entre os oxidantes, como as “Espécies Reativas de Oxigênio” (ERO), e os antioxidantes, como as enzimas Superóxido Dismutase (SOD) e Catalase (CAT), a favor dos oxidantes. Sendo assim, este estudo teve como objetivo investigar em modelo animal, a homeostase redox em órgãos alvos da infecção. Primeiramente camundongos BALB/c de 21 dias de vida foram infectados via subcutânea com 6x106 Unidades Formadoras de Placas (UFP) do OROV e monitorados por 21 dias quanto ao desenvolvimento da doença e sobrevida. Os animais desenvolveram doença aguda autolimitada, com menor ganho de peso entre os dias 2 e 5, sem mortalidade. Para os próximos experimentos, os animais foram infectados da mesma forma e eutanasiados no 4o dia pós infecção (dpi). Ao final desse período, os animais infectados apresentaram aumento significativo do baço, leucopenia, anemia e trombocitopenia. Ainda, desenvolveram anticorpos neutralizantes anti-OROV, aumento dos níveis séricos das transaminases hepáticas (AST/ALT) e das citocinas pró-inflamatórias Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α) e Interferon-γ (IFN-γ). O genoma do OROV e partículas virais infecciosas foram detectados no fígado e baço dos animais. A histopatologia revelou inflamação hepática e aumento do número e área total de nódulos linfóides no baço. No que diz respeito à homeostase redox, a infecção pelo OROV levou a um aumento dos níveis de ERO e dos biomarcadores de estresse oxidativo malondialdeído (MDA) e proteína carbonilada no fígado e baço. Ainda, nesses mesmos órgãos, a infecção pelo OROV levou a uma diminuição nas atividades das enzimas SOD e CAT. Juntos, estes resultados mostram que a infecção pelo OROV culmina com desequilíbrio na homeostase redox e consequente estresse oxidativo em órgãos alvos da infecção, ajudando a elucidar alguns aspectos importantes que podem contribuir na patogênese da Febre Oropouche.
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    Investigação do potencial terapêutico da silimarina na doença hepática gordurosa não alcoólica em camundongos submetidos ao consumo de frutose em água.
    (2022) Carvalho, Luana Cristina Faria; Costa, Daniela Caldeira; Costa, Daniela Caldeira; Garrido, Marilene Porawski; Lira, Eduardo Carvalho; Magalhães, Cíntia Lopes de Brito; Gomes, Sílvia de Paula
    Na última década, houve um aumento na prevalência da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Dentre os fatores de risco para DHGNA, destaca-se o consumo de frutose, que favorece o acúmulo de triglicerídeos (TG) no fígado devido à sua via de metabolização hepática. Nesse sentido, antioxidantes exógenos podem ser uma alternativa para modular o perfil lipídico. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da silimarina no perfil hepático e metabólico em camundongos C57BL/6 submetidos ao consumo de 30% de frutose por quatro e oito semanas. Nossos resultados mostram em testes in vitro, que a silimarina apresenta importantes teores de compostos fenólicos e flavonoides, e uma significativa capacidade antioxidante. Além disso, observamos que a frutose induz estresse mitocondrial (290mM), revertido pela silimarina (25 e 50μg/mL). Os testes in vivo foram baseados em duas formas distintas de tratamento da DHGNA, a primeira objetivou averiguar a eficácia da silimarina mesmo diante do consumo contínuo da frutose e a segunda objetivou a avaliação da eficácia da silimarina concomitante à mudança do perfil dietético, ou seja, mediante a retirada da frutose. Assim, os resultados foram apresentados em dois capítulos. No CAPÍTULO I, os animais foram distribuídos em: controle (C), 30% frutose por 8 semanas (F), 30% frutose por 8 semanas+ 120mg/kg/dia de silimarina (FS1) e 30% frutose por 8 semanas + 240mg/kg/dia de silimarina (FS2). Na apresentação do CAPÍTULO II, os animais foram distribuídos nos seguintes grupos: controle (C), 30% frutose por 8 semanas (F), 30% frutose por 4 semanas, sendo na 5a semana a interrupção do consumo de frutose e consumo de água ad libitum até a 8a semana (FST), 30% frutose por 4 semanas, sendo na 5a semana a interrupção do consumo de frutose e tratamento com silimarina na dose de 120mg/kg/dia por 4 semanas (FS1), 30% frutose por 4 semanas, sendo na 5a semana a interrupção do consumo de frutose e tratamento com silimarina na dose de 240mg/kg/dia por 4 semanas (FS2). A frutose foi adicionada à água e o tratamento com silimarina foi administrado por gavagem. RESULTADOS CAPÍTULO I: Os grupos que receberam frutose aumentaram a ingestão de água e reduziram a ingestão de alimentos. Observamos aumento de AST e ALT no grupo F em relação aos grupos C, FS1 e FS2. O consumo de frutose induziu hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia. No perfil hepático, o consumo de frutose aumentou a relação SOD/CAT, TBARS, triglicerídeos e colesterol (confirmado por análise histológica), além de aumentar a expressão gênica das enzimas regulatórias da via lipogênica, caracterizando o modelo animal de DHGNA. O tratamento com a silimarina em ambas as doses foi capaz de reduzir os agravos hepáticos e metabólicos decorrentes da DHGNA, mesmo mediante o consumo contínuo de frutose. RESULTADOS CAPÍTULO II: Os grupos que receberam frutose aumentaram a ingestão de água e reduziram a ingestão de alimentos. O grupo F induziu hipertrigliceridemia, sendo que a retirada do consumo líquido de frutose (FST), por si só, foi capaz de reduzir os TG séricos. Observamos hipercolesterolemia em todos os grupos que consumiram frutose (F, FST, FS1 e FS2). Verificamos que o grupo F aumentou a concentração de TG e CT hepáticos, enquanto os grupos FST, FS1 e FS2 reduziram. ALT e AST aumentaram nos grupos F e FST quando comparados aos grupos controle, FS1 e FS2. Os grupos F, FS1 e FS2 aumentaram TBARS em relação aos grupos C e FST. O grupo F aumentou a concentração de proteína carbonilada, sendo este perfil revertido pelos grupos FST, FS1 e FS2. A razão SOD/CAT aumentou nos grupos F e FST em relação aos grupos C, FS1 e FS2. O grupo F aumentou sulfidrilas em relação aos demais grupos. O grupo F aumentou a expressão de ACC-1, FAS em relação aos demais grupos. O grupo FS2 reduziu a expressão da ACC-2. Por fim, observamos que o grupo FST aumentou a concentração de ácido acético e butírico em relação aos demais grupos avaliados. Os resultados sugerem que a silimarina reduz os danos metabólicos e hepáticos causados pelo consumo de frutose, tanto na ausência quanto na presença de modificação no perfil dietético, podendo ser uma opção terapêutica complementar para a redução do agravamento da DHGNA.
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    Seleção de leveduras de frutos e folhas nativos do Cerrado para fabricação de cachaça e cerveja.
    (2022) Oliveira, Marcos de; Brandão, Rogélio Lopes; Cunha, Aureliano Claret da; Brandão, Rogélio Lopes; Tótola, Antônio Helvécio; Fietto, Luciano Gomes; Teixeira, Mônica Cristina; Silva, Silvana de Queiroz
    A cachaça é o genuíno destilado nacional. A cerveja, de origem mais tardia, tornou-se a bebida mais consumida tanto pelos brasileiros quanto pela população mundial. Ambas são bebidas derivadas de processos fermentativos, realizados pelas leveduras, microrganismos responsáveis pela fermentação alcoólica. Ademais, novas cepas têm sido estudadas e testadas objetivando a produção de bebidas com características sensoriais singulares. O Cerrado é um bioma que possui grande diversidade de plantas endêmicas e frutíferas, com características relevantes que possibilitem desenvolvimento de leveduras. O objetivo deste trabalho foi selecionar leveduras dos frutos e folhas do Cerrado Mineiro que possuíssem características importantes para produção de cachaça e cerveja. Desta forma, foram isoladas um total de 37 leveduras de 6 frutos e folhas do Cerrado mineiro com características morfológicas diferentes. Posteriormente de acordo com as respostas bioquímicas relacionadas a produção de cachaça e cerveja 4 foram selecionadas, a JUR11, JUR16, ERC10B e JEN11, nas quais todas pertencem ao mesmo gênero, Meyerozyma. Na produção da cachaça, os parâmetros fermentativos apresentados pelas leveduras não se diferenciaram estatisticamente umas das outras. Os parâmetros de teores alcoólicos, acidez volátil e metabólitos voláteis secundários estão dentro dos valores encontrados em cachaças elaboradas por meios tradicionais de produção e dentro dos parâmetros aceitos da legislação vigente (IN 13/2005). Adiante, as análises sensoriais mostraram uma aceitação acima de 58% entre os degustadores, sem diferença significativa nos atributos avaliados. Nos testes bioquímicos de seleção, foi verificado que as 4 leveduras selecionadas não foram capazes de metabolizarem maltose, característica importante para fabricação de cerveja com baixo teor alcoólico. Nesse sentido, elas foram submetidas a testes em diferentes condições fermentativas sendo estimados e quantificados os principais metabólitos voláteis relacionados ao sabor e aroma e o seu teor alcóolico produzido. A levedura ERC10B foi a selecionada para produção da cerveja produzindo cervejas do tipo zero álcool. O perfil de produção dos metabolitos secundários é compatível com as cervejas com álcool, tradicionalmente produzidas. Os resultados mostram que a presença do lúpulo pode influenciar o processo fermentativo da levedura ERC10B havendo necessidades de testes mais apurados.