Varajão, Angélica Fortes Drummond ChicarinoCassino, Raquel FrancoRodrigues, Jonathas de Souza BittencourtFollador, Gabriela Luíza Pereira Pires2022-12-062022-12-062022FOLLADOR, Gabriela Luíza Pereira Pires. Paleoflora e palinologia da Paleolagoa Seca (Catalão, GO, Brasil) e implicações para a paleoecologia da região meridional do Cerrado. 2022. 159 f. Tese (Doutorado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2022.http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/15807Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.O presente estudo traz informações inéditas a respeito das condições paleoambientais e paleoclimáticas da Paleolagoa Seca, um depósito fossilífero do Quaternário Superior de origem lacustre situado no complexo ultramáfico-alcalino-carbonatítico (Catalão I) do município de Catalão, Goiás, Brasil. Neste estudo foram realizadas análises de 171 folhas fósseis encontradas no nível fossilífero do afloramento da Paleolagoa Seca. Foram realizadas nas folhas a Análise da Margem Foliar (AMF), Análise da Área Foliar (AAF) e a identificação taxonômica de cada espécime. Para essas análises foram utilizados modelos matemáticos baseados em equações lineares univariadas com calibrações para o Hemisfério Sul para determinar a temperatura e precipitação local na época de deposição dessas folhas. A fim de obter um resultado mais condizente com a realidade, os modelos matemáticos foram submetidos previamente a uma floresta moderna com condições geográficas similares às da Paleolagoa Seca, a Estação Ecológica do Panga. Dos 10 modelos utilizados para determinar a Temperatura Média Anual (TMA), seis apresentaram valores próximos à realidade e as outros 4 superestimaram a temperatura, sendo então desconsideradas. Quanto aos modelos utilizados para estimativa da Precipitação Média Anual (PMA) todos os cinco utilizados apresentaram valores próximos à realidade. A TMA atual do município de Catalão é de 22,6°C e os resultados obtidos por meio da AMF variaram entre 22,6°C e 26,6°C, a PMA atualmente é de 1434 mm, e os resultados obtidos por meio da AAF variaram entre 647 a 948 mm. Além das análises dos macrofósseis vegetais, também foram realizadas análises de Difração de Raios X (DRX), com a finalidade de realizar a identificação da associação mineralógica do afloramento e testemunho, análises palinológicas para complementar e comparar os dados do conteúdo da macroflora, e análises de fragmentos de carvão do afloramento e testemunho. Este estudo detectou o registro mais antigo de incêndios naturais no Cerrado, anterior há 43.500 anos AP (Antes do Presente). Os fragmentos de carvão foram identificados em morfotipos segundo a classificação de Enache and Cumming (2006), sendo o tipo F predominante nas amostras. No intuito de situar esse registro no tempo geológico, quatro amostras do testemunho e duas amostras do afloramento foram enviadas para datação radiocarbônica pela Espectrometria de Massa do Acelerador (MAS - Accelerator Mass Spectrometry) para o Laboratório Beta Analytic (Miami, USA). Apenas duas amostras do testemunho apresentaram idades dentro do limite de detecção do laboratório, as outras quatro ultrapassaram esse limite. A datação do nível fossilífero da Paleolagoa Seca apresentou uma idade de ~43.000 anos cal. AP e o do nível subsequente à camada fossilífera ~35.000 anos cal. AP. O conjunto de dados indicou que há 43.000 anos AP a temperatura na região de Catalão era até 3°C mais alta que a atual e a precipitação média anual era cerca de aproximadamente 500 mm mais baixa que a atual. Os resultados das DRXs revelaram a presença de jarosita, um hidrossulfato de ferro que ocorre normalmente quando há oxidação de minerais de sulfeto, como a pirita que foi encontrada na camada de argilito preto anterior à do nível fossilífero, indicando que o ambiente em que as folhas foram depositadas foi exposto à superfície, indicando uma diminuição do nível de água da lagoa, corroborando a baixa precipitação obtida na AAF. A análise palinológica do nível de argilito preto revelou a presença de uma vegetação típica de Mata de Galeria e um estrato herbáceo arbustivo típico de ambientes alagáveis, além da presença de árvores típicas da Mata Atlântica, como Cecropia e Podocarpus. Essa vegetação é condizente com condições climáticas mais úmidas antes de 43.500 anos AP. A identificação taxonômica das folhas fósseis e dos dados polínicos da camada fossilífera revelaram uma vegetação típica de Mata de Galeria e Mata Seca no entorno do lago e uma vegetação mais aberta do Cerrado, como Cerrado strictu sensu no platô de Catalão. Não foi identificado fragmentos de carvão na camada fossilífera. A predominância do morfotipo F nas análises dos fragmentos de carvão da camada de argilito preto, indicam que os incêndios que ocorreram na região eram incêndios de superfície, típico dos incêndios naturais que ocorrem no Cerrado. Os resultados da Paleolagoa Seca foram comparados com o estudo de outra macroflora fóssil presente em um sítio próximo ao da Paleolagoa Seca, denominado Paleolago Cemitério e com dados de espeleotemas do Centro-leste e do Nordeste do Brasil.pt-BRabertoPaleoecologia - pleistocenoFósseis vegetaisPalinologiaPaleolimnologiaCarvão - geologiaIncêndiosCerradoPaleoflora e palinologia da Paleolagoa Seca (Catalão, GO, Brasil) e implicações para a paleoecologia da região meridional do Cerrado.TeseAutorização concedida ao Repositório Institucional da UFOP pelo(a) autor(a) em 21/10/2022 com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que sejam citados o autor e o licenciante. Não permite a adaptação.