Meireles, Adriana LúciaAndrade, Amanda Cristina de SouzaMenezes Júnior, Luiz Antônio Alves de2022-10-132022-10-132022MENEZES JÚNIOR, Luiz Antônio Alves de. Qualidade do sono durante a pandemia e suas interfaces com o consumo alimentar, comportamento sedentário e vitamina D. 2022. 207 f. Tese (Doutorado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2022.http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/15678Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.Introdução: O sono é um comportamento natural e imprescindível, ocupa cerca de um terço de nossas vidas e é fundamental para o nosso bem-estar físico, mental e emocional. A qualidade do sono e os problemas relacionados afetam praticamente todas as áreas da saúde e a maioria desses problemas pode ser tratada ou prevenida de forma eficaz, a partir do diagnóstico correto e da identificação e prevenção dos fatores de risco relacionados. O estudo do sono é recente na literatura e ainda é pouco claro o papel de certos determinantes, como o consumo alimentar, o comportamento sedentário e a vitamina D. Objetivos: Avaliar a qualidade do sono da população adulta da região dos Inconfidentes (MG) durante a pandemia da covid-19 e sua associação com o consumo alimentar, comportamento sedentário e vitamina D sérica. Metodologia: Foi realizado um inquérito soroepidemiológico transversal de base populacional com coleta de dados domiciliar em dois municípios da região dos Inconfidentes (Ouro Preto e Mariana), entre outubro e dezembro de 2020. Por meio de uma entrevista face a face foram avaliadas questões sociodemográficas, de comportamentos e condições de saúde. A qualidade do sono foi medida pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) e classificada como sono de boa qualidade (0-5 pontos) ou de má qualidade (> 5 pontos). Também foi realizada a coleta de sangue para a determinação de vitamina D sérica. Em todos objetivos propostos, a variável desfecho foi a má qualidade do sono. No primeiro objetivo, avaliou-se a qualidade do sono e sua associação com fatores sociodemográficos, condições de saúde e aspectos relacionados a pandemia da covid-19. No segundo objetivo, que foi avaliar a associação do consumo alimentar com a qualidade do sono, a variável exposição foi uma pontuação de ingestão de alimentos que considerou a frequência de consumo e a extensão e propósito do processamento de alimentos. A pontuação total variou de 0 (melhor) a 48 pontos (pior qualidade da alimentação), categorizados em quartis. Além disso, foi avaliado se os indivíduos substituíram seu almoço e/ou jantar por alimentos ultraprocessados por cinco, ou mais dias na semana. O terceiro objetivo foi avaliar a associação do comportamento sedentário isolado e em conjunto com a prática de atividade física na qualidade do sono. A variável exposição foi o comportamento sedentário, medido a partir do autorrelato do tempo total sentado em horas por dia, e o efeito da razão entre o tempo gasto em atividade física no lazer moderada a vigorosa pelo tempo em comportamento sedentário. Indivíduos com nove horas ou mais de tempo total sentado foram classificados com comportamento sedentário elevado. E o último objetivo foi 5 avaliar a associação entre a vitamina D com a qualidade do sono, estratificado pela exposição a luz solar diária. A vitamina D (25(OH)D) foi determinada por eletroquimioluminescência indireta, e classificada como deficiência, valores de 25(OH)D < 20 ng/mL numa população saudável e 25(OH)D < 30 ng/mL para grupos em risco de deficiência de vitamina D (idade ≥ 60 anos, indivíduos com obesidade, cor de pele parda ou preta, com câncer, diabetes ou doenças renais crônicas). A exposição a luz solar diária foi classificada como "insuficiente" quando menor que 30 minutos por dia. As associações foram estimadas a partir de análise logística univariada e multivariada. Gráficos acíclicos direcionados (DAG) foram elaborados para auxiliar na seleção de conjuntos mínimos e suficientes de variáveis de ajuste para confundimento a serem incluídas nos modelos multivariados, a partir do critério da porta de trás (backdoor). Resultados: Foram avaliados 1.762 indivíduos, 998 do município de Ouro Preto (56,6%) e 764 de Mariana (43,4%). Em relação às características sociodemográficas dos participantes do estudo, 51,9% eram do sexo feminino, 47,2% da faixa etária de 35 a 59 anos, 53,2% indivíduos solteiros, 67,9% pretos ou pardos, 31,2% tinham até 8 anos de estudo e 41,1% possuíam renda familiar de até 2 salários mínimos. O IQSP teve uma pontuação média de 6,32 pontos (IC95% 6,03-6,62) e a prevalência de má qualidade do sono (IQSP > 5) foi observada em 52,5% (IC95% 48,6-56,4) do total da amostra. Em relação ao primeiro objetivo, as variáveis associadas a má qualidade do sono foram: ter uma perda de peso de 5,0% (OR:1,66; IC95%: 1,01-2,76) ou ganho de peso de 5,0% (OR:1,90; IC95%: 1,08-3,34), ter sintomas da covid-19 (OR:1,94; IC95%: 1,25-3,01), ter sintomas de ansiedade (OR:2,22; IC95%: 1,20-4,14) e viver sozinho (OR:2,36; IC95%: 1,11-5,00). Quanto ao segundo objetivo, observou-se que indivíduos no quartil 3 e 4, caracterizados por maior consumo de alimentos ultraprocessados e menor consumo de alimentos in natura/minimamente processados, tiveram maiores chances de má qualidade do sono (Q3=OR: 1,71; IC95%: 1,03-2,85; Q4=OR: 2,44; IC95%: 1,32-2,44) comparados aos indivíduos do primeiro quartil, caracterizados por maior consumo alimentos in natura/minimamente processados e menor consumo de alimentos ultraprocessados. Em relação ao comportamento sedentário (terceiro objetivo), na análise multivariada os indivíduos com comportamento sedentário de 9 horas ou mais por dia, tinham mais de chances de ter má qualidade do sono (OR: 1,81; IC95%: 1,10-2,97). E nos indivíduos com comportamento sedentário ≥ 9h, a prática de um minuto de atividade física moderada a vigorosa por hora de comportamento sedentário reduziu a chance de ter má qualidade do sono (OR: 0,83; IC95%: 0,70-0,96). Por fim, em relação ao quarto objetivo, encontramos que a prevalência de 6 deficiência de vitamina D foi de 32,2% (IC95%: 26,9-38,0), e na análise multivariada, a deficiência de vitamina D foi associada a má qualidade do sono apenas em indivíduos com exposição a luz solar insuficiente (< 30 minutos/dia) (OR: 2,08; IC95%: 1,16-3,72). Além disso, em indivíduos com exposição a luz solar insuficiente, cada aumento de 1 ng/mL nos níveis de vitamina D reduziu em 4,2% a chance de ter má qualidade de sono (OR: 0,96; IC95%: 0,93-0,99). Conclusão: Este estudo revelou que mais da metade dos indivíduos tinham má qualidade do sono durante a pandemia da covid-19, e que a perda ou ganho de peso, sintomas da covid-19, viver sozinho, ou ter sintomas de ansiedade foram associados a má qualidade do sono. Além disso, o maior consumo de alimentos ultraprocessados concomitantemente com menor consumo de alimentos in natura/minimamente processados, o comportamento sedentário elevado e a deficiência de vitamina D em indivíduos que tinham exposição a luz solar insuficiente foram associados a má qualidade do sono. Dessa forma, este estudo fornece subsídios para a elucidação de alguns determinantes do sono, permitindo a formulação de políticas, programas e ações, apoiando a gestão em saúde e contribuindo para a promoção da qualidade do sono.pt-BRabertoDistúrbios do sonoCalcitriolComportamento sedentárioExercício físicoCOVID-19Qualidade do sono durante a pandemia e suas interfaces com o consumo alimentar, comportamento sedentário e vitamina D.TeseAutorização concedida ao Repositório Institucional da UFOP pelo(a) autor(a) em 06/10/2022 com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que sejam citados o autor e o licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação.