Correlações entre a intensidade da dor e o perfil inflamatório em mulheres androides e ginoides com diagnóstico de dor crônica.

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2023
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Resumo
Introdução: A obesidade e o sobrepeso são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o acúmulo excessivo de gordura associado a desfechos clínicos negativos. A obesidade é resultante de uma complexa interação entre fatores socioeconômicos, genéticos, epigenéticos e de estilo de vida. Estudos têm associado o excesso de adiposidade ao aumento dos níveis plasmáticos de biomarcadores pró-inflamatórios. Esta inflamação sistêmica de baixo grau, que, possui caráter crônico e tem sido associada a alterações musculoesqueléticas, pode gerar dor e déficits funcionais. Biomarcadores, tais como a proteína C reativa (PCR) e várias citocinas, entre elas a interleucina-6 (IL-6), têm sido relacionados aos sintomas álgicos articulares em indivíduos com excesso de adiposidade. Níveis aumentados destas moléculas podem promover desregulação da função endócrina do tecido adiposo, contribuindo para um caráter patogênico do sobrepeso e da obesidade. Além disso, o aumento da adiposidade aumenta o recrutamento de leucócitos (neutrófilos, monócitos e linfócitos) da circulação para o tecido adiposo gerando um perfil inflamatório local no tecido adiposo. A literatura mostra que a forma “androide” é mais frequentemente correlacionada com o aumento da mortalidade e com fatores de risco, quando comparada com a forma “ginoide”. Entretanto, não se sabe se estes diferentes fenótipos da obesidade (androide e ginoide) apresentam diferenças quanto à intensidade de dor e do perfil inflamatório sistêmico em indivíduos com dor articular crônica. Objetivo: Diante do exposto, o objetivo geral deste estudo é comparar os níveis circulatórios de biomarcadores inflamatórios (PCR e IL-6) e a dor em pacientes classificados em androides ou ginoides, com diagnóstico clínico de dores articulares crônicas. Método: Participaram deste estudo 30 mulheres, sendo 18 do fenótipo Androide (idade: 50,61 anos ± 9,41; IMC: 33,19 kg/m2 ± 3,85 e EVN: 7,88 ± 1,66) e 12 do fenótipo Ginoide (idade: 50,67 anos ± 9,45; IMC: 34,70 kg/m2 ± 4,62 e EVN: 8,58 ± 1,49); com diagnóstico clínico de dor articular crônica em ombro, coluna e/ou joelho, com intensidade de dor maior ou igual a 4 na Escala Visual Numérica e classificadas com sobrepeso ou obesidade, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC). Para esta pesquisa, foram realizados dois encontros, sendo o primeiro para a anamnese da voluntária e o segundo para realização do exame de densitometria por dupla emissão de raio-x (DXA), além da coleta de sangue para análises das moléculas Proteína C reativa (PCR) e Interleucina-6 (IL-6) como biomarcadores da inflamação. Resultados: A análise dos resultados mostra que não houve diferença entre o número total de leucócitos (A: 6045 μL e G: 5230 μL, com p = 0,48), neutrófilos (A: 3440 μL e G: 3017 μL, com p = 0,41), linfócitos (A: 2208 μL e G: 2115 μL, com p = 0,67), monócitos (A: 429,7 μL e G: 392,8 μL, com p = 0,43), eosinófilos (A: 137,6 μL e G: 204,9 μL, com p = 0,04) e basófilos (A: 17,27 μL e G: 15,41 μL, com p = 0,61). Quando comparados com os valores de referência, ambos os grupos apresentaram inflamação sistêmica de baixo grau a partir da análise do PCR (A: 0,8 mg/dl e G: 0,43 mg/dl, com p = 0,02), contudo, não apresentam níveis elevados de IL-6 (A: 2,5 pg/ml e G: 2,8 pg/ml, com p = 0,63). A intensidade de dor foi elevada em ambos grupos (registrado na Escala Visual Numérica média de A: 7,5 ± 1,54 e G: 8,6 ± 1,95), valores próximos ao limite máximo de percepção, porém, não houve diferença estatística entre eles (A: 8 e G: 8,5, com p = 0,25). Não houve correlação significativa entre PCR ou IL-6 e Massa Corporal (PCR r = 0,07 e p = 0,68 e IL-6 r = -0,25 p = 0,16), Tecido Gordo (PCR r = 0,04 e p = 0,82 e IL-6 r = -0,06 p = 0,75) e Intensidade da Dor (PCR r = 0,24 e p = 0,19 e IL- 6 r = 0,01 p = 0,93). Conclusão: A análise dos dados permite concluir que mulheres de perfil androide e ginoide, encontraram-se com inflamação de baixo grau, de acordo com a PCR, com diferença estatística e maior dosagem nas de perfil androide. Células eosinófilos foram encontradas em maior contagem em ginoides, hipotetizando uma exposição deste grupo a um equilíbrio do grau inflamatório, numa possível relação entre eosinófilos, interleucina-4, IL-6 e PCR. A intensidade da dor não foi diferente entre os grupos, sugerindo que as multicausalidades da dor devem ser exploradas, que possam estar influenciando no sintoma álgico além da inflamação presente.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Androides, Dor crônica, Inflamação, Interleucina-6, Proteína C reativa
Citação
COTA, Cecília Cristina. Correlações entre a intensidade da dor e o perfil inflamatório em mulheres androides e ginoides com diagnóstico de dor crônica. 2023. 52 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Nutrição, Ouro Preto, 2023.