O viés de gênero na ecologia brasileira : uma análise no cenário acadêmico.

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Data
2024
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Resumo
A desigualdade de gênero persiste como um desafio em diversas áreas profissionais, inclusive na ciência. No contexto brasileiro, essa disparidade é vista entre os profissionais docentes e pesquisadores da ecologia. Frequentemente, a visibilidade e o progresso na carreira científica estão associados à produção e colaboração em publicações acadêmicas, contudo, as mulheres encontram obstáculos significativos ao buscar avançar em suas carreiras científicas, enfren- tando limitações de acesso a recursos, oportunidades e reconhecimento. Diante deste cenário, essa pesquisa teve como objetivo compreender a desigualdade de gênero entre os docentes dos programas de pós-graduação (PPGs) em ecologia no Brasil, considerando aspectos como repre- sentatividade, produção científica e redes de colaboração. Para esse fim, foi contabilizado o número de docentes nos PPGs do país no último quadriênio de 2017-2020, e quantos homens e mulheres estão presentes em cada. Encontrou-se um total 1.282 pessoas, sendo 817 homens e 465 mulheres. A análise das redes de interação mostrou-se um instrumento eficaz, possibili- tando a identificação das interações entre homens e mulheres em seus trabalhos, mostrando que a desigualdade de gênero está presente entre os docentes da ecologia em suas colaborações com outras pessoas em publicações científicas. Mais especificamente, foi mostrado que os homens ocupam a centralidade das redes de interações, enquanto as mulheres estão na periferia das redes, ocupando lugares de menor destaque e reconhecimento na ciência. Mesmo em regiões socioeconomicamente mais desenvolvidas, em que tende um maior nível de inclusão acadêmica e científica, é comum observar uma predominância masculina na área científica. Esses resulta- dos sugerem que os homens são centrais nas redes de interação de publicações, conectando mais vezes com outros homens, consequentemente, tendo mais destaque na academia e possi- bilidades de acessos a bolsas e recursos para pesquisas, enquanto as mulheres fazem subgrupos e tem menos conexões. A desigualdade de gênero é um padrão persistente na ecologia brasileira, evidenciando a predominância masculina independentemente das avaliações atribuídas, da re- gião em que essas pessoas atuam. Ao abordar essas questões, podemos trabalhar na criação de um ambiente científico mais inclusivo e diversificado, garantindo que todos os pesquisadores tenham acesso igualitário a oportunidades e reconhecimento em suas trajetórias profissionais.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais. Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente, Instituto de Ciências Exatas e Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Desigualdade de gênero, Ecologia, Redes de coautoria
Citação
CORNÉLIO, Letícia de Oliveira. O viés de gênero na ecologia brasileira: uma análise no cenário acadêmico. 2024. 31 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Biomas Tropicais) - Instituto de Ciências Exatas e Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2024.