Carga de doenças crônicas atribuível ao consumo de bebidas açucaradas no Brasil.
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Data
2022
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Resumo
Introdução: O consumo de bebidas açucaradas está entre os principais marcadores
do padrão alimentar não saudável, e um dos principais fatores de risco para as
doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Nesse sentido, esse estudo objetivou
estimar a carga financeira e na saúde de DCNTs atribuíveis ao consumo de bebidas
açucaradas pela população brasileira, em 2019, e a mudança entre os anos de 1990
e 2019, por sexo e unidade federativa (UF). Métodos: Trata-se de um estudo
ecológico descritivo com utilização de dados secundários obtidos a partir do Global
Burden of Disease Study (GBD 2019) e do Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (DATASUS), para o Brasil. A carga foi estimada pela fração atribuível
populacional (FAP) para cada DCNT, e as métricas utilizadas foram os anos de vida
perdidos ajustados por incapacidade (DALY) - obtidos a partir da soma dos anos de
vida perdidos por morte prematura (YLL) e dos anos de vida perdidos devido à
incapacidade (YLD) - e óbitos. Os valores de custos financeiros foram obtidos pela
multiplicação dos custos totais em procedimentos de alta e média complexidade de
cada desfecho pela FAP. Para cada métrica, as taxas bruta e padronizada por idade
e seus respectivos intervalos de incerteza (IIs), de 95%, são apresentados.
Resultados: Em 2019, o consumo de SSB causou uma perda de 233.436,09 (II95%
157.094,89 – 302.483,29) DALY e 7.657,9 (II95% 5.131,26 – 9.795,68) de óbitos por
DCNTs no Brasil, sendo esses valores maiores para os homens [132.424,55 DALYS
(II95% 89.539,63 – 172.635); 4.174,36 óbitos (II95% 2.871,55 - 5.308,56) ], do que para
as mulheres. Esta carga reduziu no período de 1990 a 2019, com diminuição das
mudanças percentuais nas taxas padronizadas por idade de DALY e mortalidade.
Diabetes Mellitus tipo 2 (DM-2) e Doenças Isquêmicas Cardíacas (DICs) foram os
principais desfechos relacionados ao consumo de bebidas açucaradas. As estimativas
de YLD foram maiores para o DM-2, enquanto as YLL foram superiores para as DICs.
Quanto aos custos financeiros, em 2019, cerca de US$14 milhões foram gastos no
tratamento de alta e média complexidades das DCNTs atribuídas ao consumo de
bebidas açucaradas no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo esse gasto mais
elevado para o sexo masculino e nas Regiões Sudeste e Sul. Conclusão: Embora se
tenha observado uma tendência de redução do impacto do consumo de bebidas
açucaradas na carga na saúde de DCNTs no Brasil e nas suas UFs, o cenário que se
apresenta - marcado também por disparidades regionais - ainda é de alta carga para
a saúde da população e para os custos financeiros dos serviços de saúde. Deste modo, os resultados deste trabalho implicam na urgência da implantação de ações e
políticas articuladas para a redução do consumo de bebidas açucaradas, tanto em
âmbito nacional como estadual.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Doenças crônicas, Bebidas - açúcar, Custos da doença, Doenças - carga, Epidemiologia
Citação
LEAL, Joice Silva Vieira. Carga de doenças crônicas atribuível ao consumo de bebidas açucaradas no Brasil. 2022. 78 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Nutrição, Ouro Preto, 2022.