Reabilitação de uma área de empréstimo da UHE-Emborcação : técnicas tradicionais versus restauração ecológica.

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Data
2020
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Resumo
Apesar de serem áreas muito impactadas, são raros os trabalhos que descrevem projetos de reabilitação de áreas de empréstimo. Buscando suprir parte dessa lacuna, o presente estudo se desenvolveu em uma área degradada, de cerca de 220 ha, utilizada como área de empréstimo de solo argiloso para a implantação de um empreendimento hidrelétrico (UHE-Emborcação – Companhia Energética de Minas Gerais) na década de 1970. Localizada em Goiás, a região de clima tropical de estação seca está inserida no contexto do bioma Cerrado. Em 2000 foi executado um programa de recuperação de área degradada (PRAD), no local, que falhou, deixando a área desprovida de resiliência e em processo contínuo de degradação. O presente trabalho buscou avaliar a eficácia e eficiência de técnicas de restauração tradicionais e ecológicas através do monitoramento e análises de diversos indicadores ecológicos ao longo de dois anos. De forma concomitante à análise do PRAD e suas técnicas tradicionais, foram implantadas e monitoradas, técnicas de restauração ecológica que envolvem a transposição de topsoil e implantação de poleiros artificiais. A área foi dividida em três módulos, onde foram analisadas parcelas em área degradada (controle), área de Cerrado preservada (referência), parcelas com transposição de topsoil, parcelas doadoras de topsoil e parcelas com instalação de poleiros artificiais. Além do levantamento em campo das técnicas utilizadas no PRAD, foi realizada uma cartografia digital da área, a partir de mapeamento com veículo aéreo não tripulado (VANT), e monitorados indicadores de qualidade do solo. A cartografia contribuiu paras a visão macro do estado da área, permitindo a identificação das estruturas do PRAD e tipologias de solo exposto e vegetação remanescente. Os indicadores de qualidade do solo permitiram uma análise mais local, em microescala, tendo sido avaliados: condutividade hidráulica; resistência do solo à penetração; densidade do solo; porosidade total e macroporosidade; granulometria; matéria orgânica; pH; soma de bases; capacidade de troca catiônica potencial; capacidade de troca catiônica efetiva; saturação por bases; saturação por alumínio; além das concentrações de macro e micronutrientes. Os resultados mostraram que metodologias clássicas de controle de erosão e revegetação não foram suficientes para recuperar o solo e devolver a resiliência do ecossistema, profundamente degradado. Análises estatísticas (teste T de Student, ANOVA, ACP, Regressão linear e Modelo Linear Generalizado) mostraram que as transformações físicas e químicas ocorridas nos tratamentos podem ser acompanhadas e representadas por três desses indicadores, que apresentaram diferenças significativas: o aumento nos teores de potássio e matéria orgânica e a redução dos valores de densidade do solo. De forma adicional, verificou-se que a transposição de topsoil se apresentou como uma técnica promissora, por seu baixo custo e fácil aquisição de material, diferentemente da técnica de poleiros artificiais, que não mostrou eficácia na recuperação ambiental ao longo do período monitorado. As parcelas com transposição de topsoil apresentaram uma gradual evolução edáfica, que permitiram o estabelecimento de regenerantes da flora e da macrofauna de solo. Além disso, os dados mostraram que a perturbação realizada nas áreas doadoras de topsoil, localizada e de pequena escala, não as degradaram. Os produtos da análise de função da paisagem (LFA) indicam que para o sucesso de um futuro projeto de restauração ecológica, este deve ser feito em fases, com a transposição de topsoil iniciando nas áreas limítrofes às porções de vegetação nativa ainda preservada (bordas), seguindo gradativamente para o centro da área. Paralelamente, indica-se um monitoramento contínuo e sistêmico com a avaliação de, pelo menos, três indicadores de solo: teor de matéria orgânica, concentração de potássio e macroporosidade.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Restauração ecológica, Solos - degradação, Degradação ambiental, Geologia ambiental, Indicadores ambientais
Citação
SOUZA, Yuri Andrade Figueiredo de. Reabilitação de uma área de empréstimo da UHE-Emborcação: técnicas tradicionais versus restauração ecológica. 2020. 191 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2020.