Discurso, neoliberalismo e pandemia - o dia em que a Rede Globo chorou pelas vítimas da Covid-19 no Brasil.

Abstract

O presente estudo pertence â Anâlise do Discurso e pretende identificar a posigâo ideolégica do Jornal Nacional presente em seu discurso midiâtico e possfveis reverberaqoes dele no imaginârios sociodiscursivos da audiéncia, no contexto da crise pandémica do coronavirus instaurada no Brasil, no ano de 2020. O referencial teérico fundamentou-se na obra de Patrick Charaudeau e, complementarmente, usou a obra de pensadores da Anâlise do Discurso Crftica, como Teun A. Van Dijk e Norman Fairclough. O corpus da pesquisa é heterogéneo e o ponto central da anâlise discursiva estâ no editorial televisionado em junho de 2020 pelo Jornal Nacional para noticiar e comentar 50 mil vftimas fatais da doenqa, â época. Como braqos da anâlise central, é feita uma contextualizagâo histérica de atuagâo midiâtica do Grupo Globo e do Jornal Nacional, o que inclui a anâlise discursiva de manchetes do jornal digital “O Globo”. Também houve o levantamento de imaginârios sociodiscursivos despertados pelo discurso do noticiârio, os quais, foram retirados de uma amostragem de comentârios postados pela audiéncia do editorial na rede social Twitter. Por fim, foram incorporados resultados de outras pesquisas da grande area das ciéncias sociais e da lingufstica nas anâlises feitas neste estudo para conferir robustez â cosntrugâo da pesquisa. Os resultados apontam no sentido de que o discurso do editorial das 50 mil mortes corrobora com a alienagâo da audiéncia ao nâo fornecer informagoes suficientemente crfticas acerca das principais causas da disseminagâo da doenga e de seus impactos (entre as causas, hâ a defesa e o apoio â implantagâo de projetos socieconémicos e polfticos, como os de cârater neoliberal — ideologia historicamente apoiada pelo Jornal Nacional. Entre os impactos socioeconomicos da pandemia, a disseminagâo da doenga foi mais cruel entre pessoas de classes mais hipossuficientes, sendo esse um tipo de dado ocultado pelo editorial). Somado â anâlise do passsado discursivo do jornal, o discurso dramâtico, paternal e humano do “editorial das 50 mil mortes” se torna incoerente.