As orações relativas nas atas de audiência pública da câmara municipal de Ouro Preto (MG) : uma abordagem sociolinguística.

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Data
2015
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Resumo
O emprego de orações relativas, no Português do Brasil, apresenta variantes padrão e não-padrão. Trabalhos de Mollica (1977) e Tarallo (1983) mostram a substituição gradativa da variante padrão pelas não-padrão. Kato (1993) associa as estruturas não-padrão a estruturas de deslocamento à esquerda, conhecidas como estruturas de tópico. Reche (1998) e Abreu (2013) versam sobre aquisição e uso das orações relativas por crianças e adultos. Este trabalho propõe um estudo sociolinguístico das variantes das orações relativas presentes nas atas de audiências públicas (APs) da Câmara Municipal de Ouro Preto/MG (CMOP). O objetivo geral é investigar qual variante relativa em coocorrência se destaca na escrita dessas atas. Como objetivos específicos, estabeleceu-se: investigar se a variante padrão das relativas está sendo, de fato, substituída, através do tempo, pelas variantes não-padrão, conforme apontam os estudos de Tarallo; verificar a forma com que a autoria das atas influencia o aparecimento de alguma variante; e identificar alguns fatores linguísticos e extralinguísticos que favorecem a ocorrência das orações relativas. Para a realização desta pesquisa, foram selecionadas 24 atas de Audiências Públicas, ocorridas entre os anos de 2001 e 2012. Ao rodar os dados no programa Goldvarb, foram encontradas 77% de relativas não-padrão e 23% de relativas padrão preposicionadas. Os fatores que mais influenciaram as relativas não-padrão foram: linguísticos - lugar e tempo, a preposição mais requerida pelo contexto foi em e as que mais influenciaram o aparecimento dessa variante foram outras (sobre, com e a), os verbos mais encontrados foram ter, falar, estar, ser, chegar, trabalhar, ir e precisar. Associada a alguns desses verbos, a função sintática de objeto indireto foi a mais influente, apesar de a mais encontrada ter sido a de adjunto adverbial. No tocante aos fatores sociais, levou-se em conta a escolaridade – ensino médio e ensino técnico – e o tempo de serviço na Câmara – ter de 6 a 10 anos de serviço na CMOP e ter trabalhado até dois anos na Seção de Atas. Os fatores que mais influíram nas relativas padrão foram: linguísticos – publicações, a preposição mais requerida pelo contexto foi em e as que mais impactaram no aparecimento dessa variante foram de e em, respectivamente; os verbos mais encontrados foram ir, estar, ser, ter e haver. Associadas a alguns desses verbos, encontrou-se como as mais influentes a funções sintáticas de adjunto adverbial e de complemento nominal; sociais – escolaridade, possuir graduação, especialmente em Letras, ter de 11 a 15 anos de serviço na CMOP e nunca ter trabalhado na Seção de Atas ou ter trabalhado no Setor até quatro anos. A classe gramatical substantivo, a presença de traço especificado e de traço menos humano foram os mais encontrados nas duas variantes estudadas. Ao comparar o áudio com o texto das atas, observou-se que apenas um autor realizava correções e os fatores que o diferenciam dos demais autores de atas são, principalmente, possuir graduação em Letras e ser professor. A partir dessa análise comparativa, é possível inferir que esses dois fatores sociais do autor influenciam o aparecimento das orações relativas padrão.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Letras. Departamento de Letras, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Orações relativas, Câmara municipal de Ouro Preto, Autoria
Citação
MACHADO, Verônica Barçante. As orações relativas nas atas de audiência pública da câmara municipal de Ouro Preto (MG): uma abordagem sociolinguística. 2015. 130 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2015.