Evolução arqueana e paleoproterozoica de corpos plutônicos aflorantes no Bloco Itacambira – Monte Azul e em suas imediações : geocronologia U-pb, isótopos de Hf e geoquímica.
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2019
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Resumo
O paleocontinente São Francisco, localizado na porção centro-oriental do Brasil, é formado por
núcleos arqueanos e terrenos relacionados com arcos magmáticos paleoproterozoicos,
amalgamados no decorrer de processos orogênicos globais entre o Sideriano e o Orosiriano
(~2.36-2.0 Ga). Embora bem investigado na porção setentrional e meridional, o domínio central
e elo entre essas duas regiões do paleocontinente São Francisco carece de investigações para
embasar melhor a sua evolução crustal. Na presente tese foram conduzidos estudos no
embasamento leste da faixa Araçuaí, no bloco Itacambira-Monte Azul (BIMA) e no segmento
meridional do bloco Gavião, região norte de Minas Gerais, a partir de estudos petrográficos,
litogeoquímicos, geocronológicos (U-Pb em zircão e titanita) e isotópicos (Lu-Hf em zircão) em
plutonitos arqueanos (Pedra do Urubú, Rio Gorutuba e Barrocão) e paleoproterozoicos
(Barrinha-Mamonas, Estreito, Paciência, Morro do Quilombo, Serra Branca, Mulungú, Confisco
e Montezuma/Complexo Córrego Tinguí). Os granitoides que integram os plutons arqueanos
apresentam assinaturas geoquímicas e petrográficas semelhantes à biotita-granitos arqueanos
gerados pelo retrabalhamento de crosta continental mais antiga. Resultados geocronológicos
obtidos neste trabalho, aliados a dados compilados da literatura, indicam que esses granitos
foram gerados em dois eventos distintos de retrabalhamento crustal, um de idade Mesoarqueana,
e outro no Neoarqueano. Além disso, zircões herdados com idades entre o Paleo e o
Neoarqueano (entre 3.36 Ga e 2.51 Ga) são abundantes nos granitoides paleoproterozoicos
tardi- a pós-colisionais que ocorrem no BIMA. Esses zircões apresentam assinaturas de Hf
negativas e sugerem uma evolução arqueana duradoura para esse segmento do paleocontinente
São Francisco. Processos de retrabalhamento crustal são predominantes, enquanto eventos de
crescimento crustal seriam esporádicos em torno de 3.05 Ga. Os diversos plutons
paleoproterozoicos afloram segundo uma orientação preferencial N-S ao longo da região centrosetentrional do BIMA e na região do Complexo Córrego Tinguí, no setor meridional do bloco
Gavião. As assinaturas químicas dessas rochas, que variam de appinitos, sienitos, quartzomonzonitos a granitos, mostram que esses diversos corpos plutônicos são dominantemente
potássicos a ultrapotassicos, com afinidade alcalina a alcalina-cálcica, com forte enriquecimento
em LILEs e elementos terras raras leves, empobrecimento em Nb, Ta e Ti, além de moderados a
altos Mg#. Esse magmatismo potássico/ultrapotássico é compatível com um ambiente tectônico
tardi- a pós-colisional, no qual o processo de slab-break off foi seguido pelo colapso
orogenético e ascensão de uma pluma mantélica, associadas à um magma gerado pela fusão
parcial de uma fonte mantélica previamente metassomatizada por subducção, com posterior
hibridização de magmas gerados pela fusão parcial de crosta continental (protolitos ígneos e/ou
sedimentares). As datações U-Pb em zircão e titanita para esses granitoides indicam um evento
duradouro, com idades de cristalização entre 2.06 Ga e 1.98 Ga, compatíveis com o estágio
tardi- a pós-colisional registrado para o paleocontinente São Francisco ao longo da transição
entre o Riaciano e o Orosiriano. Apesar das semelhanças geoquímicas e geocronológicas, uma
assinatura isotópica contrastante registrada em zircões cristalizados e herdados presentes nessas
rochas, se mostra compatível com a existência de dois terrenos crustais distintos: um de
natureza predominantemente arqueana que possivelmente representa a borda ocidental
retrabalhada do paleocontinente São Francisco; e um terreno dominantemente juvenil, exótico
em relação à crosta paleo a neoarqueana do núcleo desse paleocontinente, provavelmente
relacionado a um ambiente de arco de ilhas, posteriormente acrescionado à sua margem. Dessa
forma, os resultados apresentados nesta tese trazem indícios de que a evolução
paleoproterozoica do segmento estudado registrada em granitoides tardi- a pós-colisionais é
mais complexa do que previamente proposto, mostrando-se em alguns aspectos similar com
aquela registrada na região do cinturão Mineiro, na porção meridional do paleocontinente São
Francisco.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Geoquímica, Geocronologia, Geotectônica, Paleocontinente São Francisco
Citação
BERSAN, Samuel Moreira. Evolução arqueana e paleoproterozoica de corpos plutônicos aflorantes no Bloco Itacambira – Monte Azul e em suas imediações: geocronologia U-pb, isótopos de Hf e geoquímica. 270 f. 2019. Tese (Doutorado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2019.