A preservação da memória através do léxico : análise de unidades fraseológicas na cidade de Ouro Preto-MG.

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2023
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Resumo
Esta pesquisa tem abordagem qualitativa e se propõe a explicar de que forma o uso das unidades fraseológicas contribui para a (re)construção de uma memória coletiva e para a preservação do patrimônio imaterial linguístico. Por meio da coleta de dados com aplicação de questionário semiestruturado aos Guias de Turismo da cidade de Ouro Preto (MG), levantaram-se dezessete unidades fraseológicas que, segundo os próprios entrevistados, surgiram no passado colonial ouro-pretano. Adotou-se a perspectiva de Corpas Pastor (1996) que considera a Fraseologia como área da Ciência do Léxico que tem como objeto de estudo as “unidades fraseológicas” (UFs), combinações fixas da língua, que podem ser categorizadas em: parêmias ou sentenças proverbiais, expressões idiomáticas, colocações, pragmatemas e as expressões de classificação complexa (que incluem os estereótipos, clichês, bordões e slogans). Quanto ao procedimento metodológico, a pesquisa se ampara nos estudos de Brasileiro (2016) e se divide em quatro capítulos, a saber: (i) revisão bibliográfica acerca da memória, linguagem, patrimônio e identidade, com base em teóricos como, Yates (1966), Maurice Halbwachs (2006) e Stuart Hall (2006); (ii) discussão acerca da Ciência do Léxico, na qual se evidenciam a Fraseologia e a Fraseografia e, para tal, respalda-se, principalmente, em Corpas Pastor (1996), Biderman (1999), Monteiro-Plantin (2014) e Alain Polguère (2018); (iii) explicitação dos procedimentos metodológicos, nos quais se abordam os processos para realização desta pesquisa que, dentre as muitas manifestações linguísticas entre as quais escolheu-se a análise das UFs para construção do corpus; para esta etapa baseia-se em Brasileiro (2016); (iv) análise das fichas fraseo-semânticas, por meio das quais se verificou o carácter sócio-histórico das fraseologias extraídas das entrevistas; posteriormente, dedica-se à discussão dos dados coletados com o propósito de investigar como o uso das UFs contribui para a (re)construção da memória coletiva e para a preservação do patrimônio imaterial linguístico. Para esse último capítulo, destacam-se dois tipos de fontes consultadas para a elaboração das fichas, bem como para nortear a discussão dos dados encontrados, a saber: (i) os dicionários de língua, como, Bluteau (1712) e Pinto (1832) e (ii) as obras fraseológicas, como as de Delicado (1651) e Perestrello da Camara (1848). Os resultados desta pesquisa demonstram que grande parte das UFs coletadas ao longo das entrevistas são registradas em dicionários e/ou em obras fraseológicas, destacando-se a UF nem tudo que reluz é ouro, considerada a mais antiga do corpus, tendo sido registrada na obra de Delicado (1651). A maioria das UFs, incluindo a supracitada, ao serem consideradas no contexto lexical dos guias, revelaram novas interpretações, ampliando as contextualizações originalmente registradas nas obras consultadas. Embora a maioria dessas versões ainda não tenham sido formalmente registradas, isso pode demonstrar a existência de uma estreita relação entre as UFs e a memória histórica e cultural de Ouro Preto. Dessa forma, as UFs desempenham um papel fundamental ao propiciarem a reflexão sobre fatores culturais e históricos extralinguísticos, contribuindo significativamente para a preservação da memória coletiva e para o enriquecimento do léxico da comunidade linguística ouro-pretana.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Letras. Departamento de Letras, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Lexicografia, Fraseologia, Linguagem e memória, Palavras e expressões, Linguagem e línguas
Citação
LISBOA, Ana Luiza Barreto. A preservação da memória através do léxico: análise de unidades fraseológicas na cidade de Ouro Preto-MG. 2023. 199 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2023.