Barracos entre o barroco e o barranco : as resistências das mulheres do movimento Chico Rei em Ouro Preto/MG.
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Data
2024
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Resumo
A presente pesquisa visa verificar se a perspectiva decolonial contribui para a análise da atuação
das mulheres do Movimento Chico Rei enquanto prática da resistência à marginalização no
contexto de Ouro Preto/MG, cidade brasileira de histórico colonial e relevo acidentado,
patrimônio da humanidade e que, também, possui alto risco geológico. Nesse sentido, o estudo
parte da seguinte questão: a perspectiva decolonial pode contribuir para a análise da atuação
das mulheres no Movimento Chico Rei como um movimento de resistência que reivindica o
direito à moradia em Ouro Preto/MG? Para responder a essa pergunta-problema, o estudo, de
vertente jurídico-sociológica, utiliza a cartografia, método que se aproxima da tradição das
pesquisas qualitativas e assume uma concepção construtivista, que considera que os termos da
relação de produção de conhecimento se articulam e se constituem. Após a introdução, a divisão
desta pesquisa considera três capítulos: o primeiro capítulo apresenta as noções teóricas, tendo
por base o giro decolonial como oposição à lógica da modernidade/colonialidade, relacionadas
às lutas pelo exercício do direito à moradia que confrontam a pretensa naturalidade da
regularização das cidades, a partir de reflexões sobre o poder exercido pelo Estado-capital, e
sobre as resistências a esse exercício de poder, reconhecendo, de forma interseccional e
localizada, os corpos como territórios também políticos. Com base nas noções relacionadas no
primeiro capítulo, o segundo capítulo contextualiza a cidade de Ouro Preto, abordando as
marcas da história da qual foi cenário e é produto, que não se restringem à fachada de cartão-
postal, mas incluem a desigualdade habitacional que coloca à margem, em encostas/barrancos,
pessoas pobres habitantes de Ouro Preto. Nesse cenário, o Movimento Chico Rei, que reivindica
o debate quanto à pauta habitacional na cidade, também sugere alternativas de formas de viver,
denunciando – e fazendo barracos sobre e nas – áreas seguras para moradia e que não cumprem
função social em Ouro Preto. Portanto, o terceiro capítulo deste estudo aborda o contexto do
surgimento, identidade, reivindicações e articulações do Movimento Chico Rei, considerando,
sobretudo, as lutas costuradas pelas mulheres no âmbito do movimento social, cujas atividades
superam a lógica individualista e possibilitam novas formas de viver e (re)existir. Nesse
aspecto, o estudo conclui que a perspectiva decolonial possibilita reconhecer que as resistências,
no plural, são locais e cotidianamente exercidas, a partir da consciência da exploração, o que
demonstra a potência da atuação das mulheres do Movimento Chico Rei que, em rede e em
diferentes frentes, integram e constroem sua identidade coletiva e ampliam as práticas
emancipatórias no contexto da cidade barroca de Ouro Preto.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Direito. Departamento de Direito, Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Direito à moradia, Colonização - decolonialidade, Coletivismo, Mulheres
Citação
MACIEL, Teresa Viegas. Barracos entre o barroco e o barranco: as resistências das mulheres do movimento Chico Rei em Ouro Preto/MG. 2024. 120 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2024.