Prevalência das infecções parasitárias intestinais em aldeias da etnia indígena Maxakali, Minas Gerais, Brasil.

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Data
2019
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Resumo
A prevalência de parasitas intestinais é reconhecidamente elevada entre populações ameríndias e há sérias desigualdades no que se refere à saúde e à assistência de saúde das populações indígenas no Brasil. A etnia Maxakali, localizada na região nordeste de Minas Gerais em fronteira com o sul da Bahia, é um grupo indígena que sobreviveu ao extermínio e até hoje preservam muitos de seus aspectos culturais. Possuem hábitos como andar descalços, viver de forma aglomerada, deixar expostos no ambiente os alimentos, defecar no chão e nas coleções hídricas, dentre outros, que propiciam a transmissão de parasitos intestinais. Além disso, são seminômades o que dificulta a implementação de medidas de saneamento pelos órgãos competentes e a determinação da real prevalência desses parasitos intestinais. Desta forma estudos epidemiológicos nesta área se fazem necessários para que medidas preventivas e de controle sejam implementadas, podendo desta forma melhorar a qualidade de vida destes povos. As parasitoses intestinais são umas das principais causas de morbimortalidade nestes índios. Objetivo: O objetivo deste estudo foi descrever o perfil epidemiológico da esquistossomose e de outras infecções parasitárias intestinais em indivíduos que vivem nos polos base Água Boa e Pradinho, pertencentes à etnia Maxakali. Materiais e métodos: Os exames parasitológicos foram realizados pelas técnicas de Kato-Katz (uma lâmina de uma amostra) e TF-Test® (três lâminas de uma amostra). Um total de 545 amostras foram analisadas, correspondendo a quantidade de indivíduos que completaram as duas técnicas diagnósticas. Resultados: Foi encontrada uma prevalência de 84,2% para helmintos, sendo a maior positividade obtida para infecção por ancilostomídeos (59,3%), seguida por uma taxa de 51,9% para Schistosoma mansoni, de 13,9% para Hymenolepis nana, 3,9% para Trichuris trichiura, 0,7% para Taenia sp., detectados pela combinação das duas técnicas diagnósticas. Ascaris lumbricoides foi detectado apenas pela técnica de Kato-Katz com uma taxa de 0,6%, Strongyloides stercoralis e Enterobius vermicularis foram detectados apenas pela técnica de TF-Test®, apresentando positividade de 13,0% e 0,4%, respectivamente. Considerando os protozoários intestinais, foi encontrada uma prevalência de 84,8%, dos quais 28,3% eram patogênicos, 16,1% for Entamoeba histolytica/dispar e 15,2% por Giardia duodenalis. Dentre os protozoários não patogênicos, as taxas de positividade foram de 74,5% para Entamoeba coli, 56,7% para Endolimax nana e 29,9% para Iodamoeba butschii. Em relação ao diagnóstico da esquistossomose mansoni, a avaliação do desempenho da técnica de TF-Test® comparado a técnica de Kato-Katz demonstrou uma taxa de positividade pelo Kato-Katz de 45,7%, e pelo TF-Test® de 33,2%, e combinando as duas técnicas a positividade foi de 51,9%. A amplitude da carga parasitária foi de 24 a 4.056 ovos por grama de fezes (opg), com uma média geométrica de 139 opg. A sensibilidade, especificidade e acurácia pelo TF-Test® em relação ao Kato-Katz foram de 59,0%, 88,5%, e 75,0%, respectivamente. A concordância entre as duas técnicas foi moderada (k = 0,486), conforme determinado pelo índice kappa. Conclusão: A combinação de um método quantitativo e qualitativo realizado com apenas uma amostra fecal foi eficaz para a detecção de uma maior prevalência de S. mansoni e outros helmintos. A alta prevalência de parasitos intestinais pode ser atribuída à falta de infraestrutura sanitária, aos hábitos de higiene propícios à transmissão, às condições ambientais e também à alta densidade de hospedeiros intermediários, este último especificamente para a infecção da esquistossomose. Isso indica a necessidade da implementação de medidas de controle como saneamento básico, educação em saúde, além do tratamento em massa.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Intestinos - parasitos, Esquistossomose, Índios Maxakali
Citação
NACIFE, Maria Beatriz Pena e Silva Leite. Prevalência das infecções parasitárias intestinais em aldeias da etnia indígena Maxakali, Minas Gerais, Brasil. 2019. 67 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2019.