Experiência em uma sala de matemática no contraturno : repensando a educação (matemática).

Abstract

Coerente ao cenário brasileiro, a escola, em que a professora responsável pela pesquisa apresentada nesta dissertação leciona a aprendizagem da Matemática, estava aquém do desejável. Com a intenção de melhorar a aprendizagem dessa disciplina, essa mesma escola tinha em sua proposta pedagógica a utilização de aulas de intervenção de Matemática que não traziam mudanças relevantes ao cenário existente. Em vista disso, a professora responsável por esse trabalho propôs uma reorganização dessas aulas por meio de um laboratório de ensino de Matemática, que neste trabalho foi ressignificado como uma sala de Matemática que seguiu as concepções educacionais de Dewey no que se refere a um ensino concebido por meio das experiências dos estudantes. A pesquisa de cunho qualitativo foi realizada com o objetivo de compreender como os estudantes atribuem significados para conceitos matemáticos quando estão em uma sala de Matemática concebida com uma educação Matemática fundamentada em experiência. As atividades realizadas tiveram como fio condutor um assunto presente na escola e de interesse às participantes da pesquisa; a má condição do campão de terra batida da escola. Essa problemática e o objetivo de colocar grama no campão possibilitaram o desenvolvimento de várias atividades que foram planejadas de acordo com as experiências e as necessidades que as alunas apresentavam no momento. As atividades seguiram os dois princípios de experiência, a interação e a continuidade (DEWEY, 2010). A pesquisa de campo foi desenvolvida durante as aulas de intervenção de Matemática no período contraturno, uma vez por semana, e se estendeu por 17 semanas com um grupo de 7 alunas do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do município de Contagem  MG. Neste trabalho apresentamos uma narrativa à luz da análise da pesquisa de campo que teve como pano de fundo três conteúdos entretecidos: medida, triângulo retângulo e área. Os dados coletados (por meio de gravações em áudio e vídeo, fotografias, diário de campo da professora, trabalhos das alunas e entrevista semiestruturada) e analisados pelo método de análise de conteúdo apontaram que, em virtude de as atividades terem sido planejadas e realizadas em uma maneira interconectada, favoreceu que as estudantes utilizassem as experiências prévias em novas situações. Também permitiram inferir que as significações que as alunas atribuíram para os conceitos matemáticos  medida, triângulo retângulo e área  se deram em conformidade com o contexto dos seus “usos”. Dessa forma as compreensões foram se desenvolvendo à medida que as estudantes se envolviam em atividades práticas.