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Título: Qualidade do sono durante a pandemia e suas interfaces com o consumo alimentar, comportamento sedentário e vitamina D.
Autor(es): Menezes Júnior, Luiz Antônio Alves de
Orientador(es): Meireles, Adriana Lúcia
Andrade, Amanda Cristina de Souza
Palavras-chave: Distúrbios do sono
Calcitriol
Comportamento sedentário
Exercício físico
COVID-19
Data do documento: 2022
Membros da banca: Meireles, Adriana Lúcia
Andrade, Amanda Cristina de Souza
Rodrigues, Paulo Rogério Melo
Caiaffa, Waleska Teixeira
Vieira, Renata Adrielle Lima
Amaral, Joana Ferreira do
Referência: MENEZES JÚNIOR, Luiz Antônio Alves de. Qualidade do sono durante a pandemia e suas interfaces com o consumo alimentar, comportamento sedentário e vitamina D. 2022. 207 f. Tese (Doutorado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2022.
Resumo: Introdução: O sono é um comportamento natural e imprescindível, ocupa cerca de um terço de nossas vidas e é fundamental para o nosso bem-estar físico, mental e emocional. A qualidade do sono e os problemas relacionados afetam praticamente todas as áreas da saúde e a maioria desses problemas pode ser tratada ou prevenida de forma eficaz, a partir do diagnóstico correto e da identificação e prevenção dos fatores de risco relacionados. O estudo do sono é recente na literatura e ainda é pouco claro o papel de certos determinantes, como o consumo alimentar, o comportamento sedentário e a vitamina D. Objetivos: Avaliar a qualidade do sono da população adulta da região dos Inconfidentes (MG) durante a pandemia da covid-19 e sua associação com o consumo alimentar, comportamento sedentário e vitamina D sérica. Metodologia: Foi realizado um inquérito soroepidemiológico transversal de base populacional com coleta de dados domiciliar em dois municípios da região dos Inconfidentes (Ouro Preto e Mariana), entre outubro e dezembro de 2020. Por meio de uma entrevista face a face foram avaliadas questões sociodemográficas, de comportamentos e condições de saúde. A qualidade do sono foi medida pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) e classificada como sono de boa qualidade (0-5 pontos) ou de má qualidade (> 5 pontos). Também foi realizada a coleta de sangue para a determinação de vitamina D sérica. Em todos objetivos propostos, a variável desfecho foi a má qualidade do sono. No primeiro objetivo, avaliou-se a qualidade do sono e sua associação com fatores sociodemográficos, condições de saúde e aspectos relacionados a pandemia da covid-19. No segundo objetivo, que foi avaliar a associação do consumo alimentar com a qualidade do sono, a variável exposição foi uma pontuação de ingestão de alimentos que considerou a frequência de consumo e a extensão e propósito do processamento de alimentos. A pontuação total variou de 0 (melhor) a 48 pontos (pior qualidade da alimentação), categorizados em quartis. Além disso, foi avaliado se os indivíduos substituíram seu almoço e/ou jantar por alimentos ultraprocessados por cinco, ou mais dias na semana. O terceiro objetivo foi avaliar a associação do comportamento sedentário isolado e em conjunto com a prática de atividade física na qualidade do sono. A variável exposição foi o comportamento sedentário, medido a partir do autorrelato do tempo total sentado em horas por dia, e o efeito da razão entre o tempo gasto em atividade física no lazer moderada a vigorosa pelo tempo em comportamento sedentário. Indivíduos com nove horas ou mais de tempo total sentado foram classificados com comportamento sedentário elevado. E o último objetivo foi 5 avaliar a associação entre a vitamina D com a qualidade do sono, estratificado pela exposição a luz solar diária. A vitamina D (25(OH)D) foi determinada por eletroquimioluminescência indireta, e classificada como deficiência, valores de 25(OH)D < 20 ng/mL numa população saudável e 25(OH)D < 30 ng/mL para grupos em risco de deficiência de vitamina D (idade ≥ 60 anos, indivíduos com obesidade, cor de pele parda ou preta, com câncer, diabetes ou doenças renais crônicas). A exposição a luz solar diária foi classificada como "insuficiente" quando menor que 30 minutos por dia. As associações foram estimadas a partir de análise logística univariada e multivariada. Gráficos acíclicos direcionados (DAG) foram elaborados para auxiliar na seleção de conjuntos mínimos e suficientes de variáveis de ajuste para confundimento a serem incluídas nos modelos multivariados, a partir do critério da porta de trás (backdoor). Resultados: Foram avaliados 1.762 indivíduos, 998 do município de Ouro Preto (56,6%) e 764 de Mariana (43,4%). Em relação às características sociodemográficas dos participantes do estudo, 51,9% eram do sexo feminino, 47,2% da faixa etária de 35 a 59 anos, 53,2% indivíduos solteiros, 67,9% pretos ou pardos, 31,2% tinham até 8 anos de estudo e 41,1% possuíam renda familiar de até 2 salários mínimos. O IQSP teve uma pontuação média de 6,32 pontos (IC95% 6,03-6,62) e a prevalência de má qualidade do sono (IQSP > 5) foi observada em 52,5% (IC95% 48,6-56,4) do total da amostra. Em relação ao primeiro objetivo, as variáveis associadas a má qualidade do sono foram: ter uma perda de peso de 5,0% (OR:1,66; IC95%: 1,01-2,76) ou ganho de peso de 5,0% (OR:1,90; IC95%: 1,08-3,34), ter sintomas da covid-19 (OR:1,94; IC95%: 1,25-3,01), ter sintomas de ansiedade (OR:2,22; IC95%: 1,20-4,14) e viver sozinho (OR:2,36; IC95%: 1,11-5,00). Quanto ao segundo objetivo, observou-se que indivíduos no quartil 3 e 4, caracterizados por maior consumo de alimentos ultraprocessados e menor consumo de alimentos in natura/minimamente processados, tiveram maiores chances de má qualidade do sono (Q3=OR: 1,71; IC95%: 1,03-2,85; Q4=OR: 2,44; IC95%: 1,32-2,44) comparados aos indivíduos do primeiro quartil, caracterizados por maior consumo alimentos in natura/minimamente processados e menor consumo de alimentos ultraprocessados. Em relação ao comportamento sedentário (terceiro objetivo), na análise multivariada os indivíduos com comportamento sedentário de 9 horas ou mais por dia, tinham mais de chances de ter má qualidade do sono (OR: 1,81; IC95%: 1,10-2,97). E nos indivíduos com comportamento sedentário ≥ 9h, a prática de um minuto de atividade física moderada a vigorosa por hora de comportamento sedentário reduziu a chance de ter má qualidade do sono (OR: 0,83; IC95%: 0,70-0,96). Por fim, em relação ao quarto objetivo, encontramos que a prevalência de 6 deficiência de vitamina D foi de 32,2% (IC95%: 26,9-38,0), e na análise multivariada, a deficiência de vitamina D foi associada a má qualidade do sono apenas em indivíduos com exposição a luz solar insuficiente (< 30 minutos/dia) (OR: 2,08; IC95%: 1,16-3,72). Além disso, em indivíduos com exposição a luz solar insuficiente, cada aumento de 1 ng/mL nos níveis de vitamina D reduziu em 4,2% a chance de ter má qualidade de sono (OR: 0,96; IC95%: 0,93-0,99). Conclusão: Este estudo revelou que mais da metade dos indivíduos tinham má qualidade do sono durante a pandemia da covid-19, e que a perda ou ganho de peso, sintomas da covid-19, viver sozinho, ou ter sintomas de ansiedade foram associados a má qualidade do sono. Além disso, o maior consumo de alimentos ultraprocessados concomitantemente com menor consumo de alimentos in natura/minimamente processados, o comportamento sedentário elevado e a deficiência de vitamina D em indivíduos que tinham exposição a luz solar insuficiente foram associados a má qualidade do sono. Dessa forma, este estudo fornece subsídios para a elucidação de alguns determinantes do sono, permitindo a formulação de políticas, programas e ações, apoiando a gestão em saúde e contribuindo para a promoção da qualidade do sono.
Resumo em outra língua: Introduction: Sleep is a natural and essential behavior, takes up about one-third of our lives, and is vital for our physical, mental, and emotional well-being. Sleep quality and related problems affect almost all healthcare areas. Most of these problems can be effectively treated or prevented by correctly diagnosing, identifying, and preventing related risk factors. The sleep study is recent in the literature and the role of specific determinants such as food consumption, sedentary behavior, and vitamin D remains unclear. Objectives: To evaluate the sleep quality of the population from the Inconfidentes region (MG) during the covid-19 pandemic and its association with food consumption according to the degree of processing, sedentary behavior, and serum vitamin D. Methodology: A population-based cross-sectional seroepidemiological survey was conducted with household data collection in two cities of the Inconfidentes region (Ouro Preto and Mariana), between October and December 2020. Sociodemographic, behavioral, and health conditions questions were assessed by face-to-face interview. Sleep quality was measured by the Pittsburgh Sleep Quality Index (IQSP) and classified as good sleep quality (0-5 points) or poor sleep quality (> 5 points). Blood was also collected for serum vitamin D measurement. In all objectives, the outcome variable was poor sleep quality. In the first objective, we evaluated sleep quality and its association with sociodemographic factors, health conditions, and aspects related to the covid-19 pandemic. In the second objective, that was to assess the association of food intake with sleep quality, the exposure variable was a food intake score that considered the frequency of consumption and the extent and purpose of food processing. The total score ranged from 0 (best) to 48 points (worst food quality), categorized into quartiles. In addition, it was evaluated whether individuals replaced their lunch and/or dinner with ultra-processed foods for five, or more days in the week. The third objective was to evaluate the association of sedentary behavior separately and in addition to physical activity on sleep quality. The exposure variable was sedentary behavior, measured by self-reported total time spent sitting in hours per day, and the effect of the ratio of time spent in moderate to vigorous leisure-time physical activity to time spent in sedentary behavior. Individuals with nine hours or more of total sitting time were classified as a higher sedentary behavior. And the last objective was to evaluate the association between vitamin D and sleep quality, stratified by daily sunlight exposure. Vitamin D (25(OH)D) was determined by indirect electrochemiluminescence, and classified as deficiency, values of 25(OH)D < 20 ng/mL in a healthy population and 25(OH)D < 30 ng/mL 8 for groups at risk for vitamin D deficiency (age ≥ 60 years, individuals with obesity, brown or black skin color, with cancer, diabetes, or chronic kidney disease). Daily sunlight exposure was classified as "insufficient" when less than 30 minutes per day. Associations were estimated from univariate and multivariate logistic analysis. Directed acyclic graphs (DAG) were developed to assist in the selection of minimal and sufficient sets of adjustment variables for confounding to be included in the multivariate models, from the backdoor criterion. sults: We evaluated 1,762 individuals, 998 from Ouro Preto (56.6%) and 764 from Mariana (43.4%). Regarding the sociodemographic characteristics of the study participants, 51.9% were female, 47.2% were aged 35 to 59 years, 53.2% were unmarried, 67.9% were black or brown, 31.2% had up to 8 years of schooling, and 41.1% had family income of up to 2 minimum wages. The IQSP had a mean score of 6.32 points (95%CI 6.03-6.62) and the prevalence of poor sleep quality (IQSP > 5) was observed in 52.5% (95%CI 48.6-56.4) of the total sample. Regarding the first objective, the variables associated with poor sleep quality were: a weight loss of 5.0% (OR:1.66; 95%CI: 1.01-2.76) or a weight gain of 5.0% (OR:1.90; 95%CI: 1.08-3.34), covid-19 symptoms (OR:1.94; 95%CI: 1.25-3.01), anxiety symptoms (OR:2.22; 95%CI: 1.20-4.14), and living alone (OR:2.36; 95%CI: 1.11-5.00). Regarding the second objective, individuals in quartiles 3 and 4, characterized by higher consumption of ultraprocessed foods and lower consumption of fresh/minimally processed foods had higher chances of poor sleep quality (Q3=OR: 1.71; 95%CI: 1.03-2.85; Q4=OR: 2.44; 95%CI: 1.32-2.44) compared to individuals in the first quartile, characterized by higher consumption of fresh/ minimally processed foods and lower consumption of ultraprocessed foods. About sedentary behavior (third objective), in the multivariate analysis, individuals with sedentary behavior of 9 hours or more per day were more likely to have poor sleep quality (OR: 1.81; 95%CI: 1.10-2.97). And in individuals with sedentary behavior ≥ 9h, performing one minute of moderate to vigorous physical activity per hour of sedentary behavior reduced the chance of poor sleep quality (OR: 0.83; 95%CI: 0.70- 0.96). Finally, regarding the fourth objective, we found that the prevalence of vitamin D deficiency was 32.2% (95%CI: 26.9-38.0), and in multivariate analysis, vitamin D deficiency was associated with poor sleep quality only in individuals with insufficient sunlight exposure (< 30 minutes/day) (OR: 2.08; 95%CI: 1.16-3.72). Furthermore, in subjects with insufficient sunlight exposure, each 1 ng/mL increase in vitamin D levels reduced the chance of having poor sleep quality by 4.2% (OR: 0.96; 95%CI: 0.93-0.99). 9 Conclusion: This study found that more than half of the individuals had poor sleep quality during the covid-19 pandemic, and weight loss or gain, covid-19 symptoms, living alone, or anxiety symptoms were associated with poor sleep quality. In addition, higher consumption of ultraprocessed foods concomitant with lower consumption of fresh and minimally processed foods, high sedentary behavior, and vitamin D deficiency in individuals who had insufficient sunlight exposure was associated with poor sleep quality. Thus, this study provides subsidies for the understanding of some determinants of sleep, allowing the development of policies, programs, and actions, supporting health management, and contributing to the promotion of sleep quality.
Descrição: Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
URI: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/15678
Licença: Autorização concedida ao Repositório Institucional da UFOP pelo(a) autor(a) em 06/10/2022 com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que sejam citados o autor e o licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação.
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