Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/15066
Título: Minha corpa é voz de afeto : a cisheteronormatividade encarnada na cidade e o direito como impedimento para o fim do mundo.
Autor(es): Mello, Germana Maria Guinle de
Orientador(es): Bahia, Alexandre Gustavo Melo Franco de Moraes
Palavras-chave: Direitos sexuais - direitos LGBTI+
Ideologia de gênero
Interesses coletivos
Afeto - psicologia
Data do documento: 2022
Membros da banca: Bahia, Alexandre Gustavo Melo Franco de Moraes
Pereira, Flávia Souza Máximo
Cabral, Raíssa Éris Grimm
Referência: MELLO, Germana Maria Guinle de. Minha corpa é voz de afeto: a cisheteronormatividade encarnada na cidade e o direito como impedimento para o fim do mundo. 2022. 205 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2022.
Resumo: O Direito institucionalizado tem se empenhado em impedir o fim do mundo, mantendo as estruturas do cistema que permeiam a cidade, em vez de promover rupturas junto a movimentos sociais que reivindicam direitos humanos. Há contornos existentes no cotidiano de pessoas trans* nas cidades que são ignorados pelo Direito institucionalizado. A memória da luta e opressão do período da ditadura militar proporciona o entendimento de continuidades no modus operandi do poder público, não tendo sido a democracia capaz de tornar todas as pessoas sujeitas de direito. A partir da articulação entre as teorias transfeminista, decolonial e queer, é possível depreender que há uma teia de poderes estabelecida pela cisheteronormatividade, enredada na branquitude, que opera no cotidiano de pessoas trans* na cidade e no convívio nos espaços públicos. Por diversos dispositivos mobilizados, a cisheteronormatividade expulsa pessoas trans* de ambientes públicos, retirando a possibilidade de serem consideradas cidadãs para serem apenas um perigo a ser retirado de vista por políticas higienistas. Direitos específicos para pessoas LGBTI+ são demasiadamente precários e não abarcam as pessoas em maior vulnerabilidade do grupo. Os demais direitos costumam não considerar sua existência. A elaboração teórica do Direito à Cidade busca concretizar a gestão democrática, a possibilidade de pleitear projetos utópicos de cidade e a apropriação de espaços públicos, conceitos mais distantes de sua positivação, afastando as soluções de problemas reais de grupos sociais dissidentes. O direito institucionalizado é uma estrutura que pressupõe exclusões cistêmicas que podem ser tensionadas, mas não abolidas. A atmosfera criada pelo direito busca perpetuar o modelo posto, que é cisheteronormativo. Assim, a pesquisa pretende privilegiar o direito não institucionalizado, como propõe o Direito Achado na Corpa, derivação do Direito Achado na Rua, que busca fortalecer outras formas de produção do direito, possivelmente menos vinculadas à colonialidade. O que tem permitido a vida e conquistas de pessoas trans* são o movimento social, organizações sociais e múltiplas formas de rupturas e coletivizações de modos de vida disruptivos que se encontram cada vez mais fortalecidos, caminhos sem orientação prevista, mas que abrem portas para o fim do mundo. A pesquisa tem cunho qualitativo, jurídico-sociológico e é construída como pesquisa militante, contando com campo realizado de forma online por entrevistas semiestruturadas com pessoas trans* participantes ativas de movimentos LGBTI+ e do programa TODXS Embaixadorxs de 2020, cujo tema foi “meu corpo é voz de afeto”. As perguntas objetivaram uma compreensão de afetos que informam a relação dessas pessoas com espaços públicos da cidade e com o Direito. Utilizouse pistas da cartografia para desenhar a rede de forças que se conectam em movimento permanente no que foi relatado. O objetivo geral da pesquisa consiste em compreender o afeto do direito para pessoas trans* no ambiente da cidade e, a partir de análises transfeminista, decoloniais e queer, identificar estruturas cisheteronormativas que impedem acesso a espaços públicos e desafios para a concretização do Direito à Cidade, localizando algumas rupturas produzidas que viabilizam vidas e abrem espaço para o fim do mundo, que o direito institucionalizado se empenha em impedir.
Resumo em outra língua: Institutionalized law has been committed to preventing the end of the world, maintaining the structures of the cistem that permeate the city, instead of promoting ruptures with social movements that claim human rights. There are contours in the daily lives of trans* people in cities that are ignored by institutionalized law. The memory of the struggle and oppression of the military dictatorship period provides an understanding of continuities in the modus operandi of public power, as democracy was not able to make all people subject to rights. From the articulation between transfeminist, decolonial and queer theories, it is possible to infer that there is a web of powers established by cisheteronormativity, entangled in whiteness, which operates in the daily lives of trans* people in the city and in the conviviality in public spaces. Through several mobilized devices, cisheteronormativity expels trans* people from public environments, removing the possibility of being considered citizens to be just a danger to be removed from view by hygienist policies. Specific rights for LGBTI+ people are too precarious and do not encompass the most vulnerable people in the group. The 8ilitant8 rights usually do not consider their existence. The theoretical elaboration of the right to the city seeks to concretize democratic management, the possibility of claiming utopian city projects and the appropriation of public spaces, concepts that are further away from its positivization, moving away from the solutions of real problems from dissident social groups. Institutionalized law is a structure that presupposes cystic exclusions that can be tensioned, but not abolished. The atmosphere created by law seeks to perpetuate the model put in place, which is cisheteronormative. Thus, the research intends to privilege non-institutionalized law, as proposed by the Law Founded in the Body, a derivation of the Law Founded in the Street, which seeks to strengthen other forms of law production, less linked to coloniality. What has allowed the lives and achievements of trans* people are the social movement, social organizations and multiple forms of ruptures and collectivizations of disruptive ways of life that are increasingly strengthened, paths with no foreseen orientation, but that open doors to the end of the world. The research has a qualitative, legal-sociological nature and is constructed as a 8ilitant research, with a field carried out online through semi-structured interviews with trans* people who are active participants in LGBTI+ movements and in the 2020 TODXS Ambassadorxs program, whose theme was “my body is voice of affection”. The questions aimed at understanding the affections that inform the relationship of these people with public spaces in the city and with the law. Cartography clues were used to draw the network of forces that connect in permanent movement in what was reported. The general objective of the research is to understand the affect of the law for trans* people in the city environment and, from transfeminist, decolonial and queer analyses, identify cisheteronormative structures that prevent access to public spaces and challenges for the concretion of the right to the city, locating some ruptures produced that make lives viable and make room for the end of the world, which institutionalized law strives to prevent.
Descrição: Programa de Pós-Graduação em Direito. Departamento de Direito, Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto.
URI: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/15066
Licença: Autorização concedida ao Repositório Institucional da UFOP pelo(a) autor(a) em 16/07/2022 com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que sejam citados o autor e o licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação.
Aparece nas coleções:PPGD - Mestrado (Dissertações)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
DISSERTAÇÃO_CorpaVozAfeto.pdf1,41 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Este item está licenciado sob uma Licença Creative Commons Creative Commons