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Título: A construção social da voz na performatividade do gênero : uma análise prosódico-discursiva no falar transgênero feminino.
Autor(es): Santos, Leandro Augusto dos
Orientador(es): Antunes, Leandra Batista
Palavras-chave: Pessoas transgênero - identidade
Voz
Celebridades da internet - análise do discurso
Análise crítica do discurso
Data do documento: 2020
Membros da banca: Antunes, Leandra Batista
Marusso, Adriana Silvia
Bodolay, Adriana Nascimento
Referência: SANTOS, Leandro Augusto dos. A construção social da Voz na performatividade do gênero: uma análise prosódico-discursiva no falar transgênero feminino. 2020. 143 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2020.
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo verificar o papel da prosódia na construção social da Voz de mulheres transgênero. Para tanto, escolhemos trabalhar com trechos de vídeos de 6 youtubers famosos: 2 homens cis (Christian Figueiredo e PC Siqueira), 2 mulheres cis (Kéfera Buchmann e Niina Secrets) e 2 mulheres trans (Mandy Candy e Thiessa). Delimitamos uma tag específica de vídeos para que pudéssemos ter mais comparabilidade de gênero textual (BAKHTIN, 1952-1953), e também para que os aspectos prosódicos tivessem maior semelhança (BARBOSA, 2012). Nossa análise discursiva, sob a perspectiva da Análise de Discurso Crítica, mostra que os homens constroem uma subjetividade hegemônica (FAIRCLOUGH, 2001) e pertencente à matriz heterossexual de normatividade (BUTLER, 1990), possuindo uma performatividade da imagem de “homem pegador” e de “homem ogro”. Nas mulheres cis observamos que Kéfera pretende se mostrar como uma “mulher sem frescuras” e Niina como uma “mulher empreendedora”, possivelmente na tentativa de subverter os padrões machistas de práticas sociais. Mandy e Thiessa possuem um número bem menor de inscrições em seus respectivos canais e representam uma categoria excluída pela heteronormatividade. Pudemos perceber que elas servem de visibilidade, inspiração e gurus de seus seguidores, tentando subverter as categorias de nossa sociedade. Além disso, há uma constante preocupação com conceitos como “passabilidade”, que demonstra insegurança de mulheres trans frente ao olhar do Outro (BARROSO, 2012). Com as análises acústicas, pudemos perceber que a voz das mulheres trans aqui analisadas possuem características mais femininas do que masculinas, o que comprova nossa hipótese de que pessoas que passaram pelo processo de transição hormonal teriam que moldar sua frequência fundamental para uma construção social de suas Vozes (BARROS FILHO, 2004). Pudemos perceber que as mulheres dos dois grupos apresentaram valores de f0 mais elevados que os homens, além de tessitura de até 40 Hz a mais que eles. Isso demonstra que há uma variação melódica maior no falar das mulheres, sejam cis ou trans. O teste de percepção – realizado de maneira remota com 79 pessoas – mostrou que as mulheres trans possuem passabilidade no que se refere a suas Vozes, tendo tido poucas respostas que mostram “confusão” do participante. Também notamos que Christian possui valores de f0 mais altos que PC Siqueira, o que nos faz perceber que as categorias de traços masculinos ou femininos não é linear e é tão binária quanto qualquer teoria social, ainda que haja diferenças fisiológicas nos tratos vocálicos de cada sexo/gênero.
Resumo em outra língua: This study aims to investigate the role of prosody in the social construction of the voice in MTF trans women. To do so, we’ve chosen to work with extracts of videos in the following Youtube channels: Christian Figueiredo and PC Siqueira (cisgender men), Kéfera Buchmann and Niina Secrets (cisgender women), and Mandy Candy and Thiessa (transgender women). We’ve agreed on the choice of videos in the #answer text genre to have more credibility in comparison to each other (BAKHTIN, 1952-1953); we’ve also decided to do it due to prosodic aspects (BARBOSA, 2012). In our discourse analysis – using the theories and methods of the Critical Discourse Analysis –, it’s possible to notice that the men are part of the asymmetrical societal power domination (FAIRCLOUGH, 2001) and that they belong to the compulsory heterosexuality (BUTLER, 1990). These facts are performative to their self-constructed image of “maneater” and “ogre man”. The feminine subjects Kéfera and Niina pose the performativity to “entrepreneur woman” and “tomboy” (although she’s very feminine herself); probably these acts are supposed to subvert the social heteronormative categories. Mandy and Thiessa, who have much less subscriptions, belong to an excluded area of the platform, the underdogs, though they are inspiration and visibility for the trans and LGBTQ+ community. We’ve noticed that they speak a lot about passing as women, which is a reflection of their insecurity a trans woman might feel posed to the view of the Other (BARROSO, 2012). Our acoustic analysis showed that the trans group has tracts that are perceived and descripted as feminine: as the hormone therapy does not change the voice of MTF trans people, it’s possible to say that they might use this feature as a way to show gender performativity, shaping their voices as a social construct (BARROS FILHO, 2004). We observed that the pitch range of the trans group was as high as the cis women. The perception test showed that the trans women we studied have a feminine passability because their voices were evaluated as more feminine than masculine. There were some misconceptions in the analysis of the participants in Christian’s voice excerpts, which are almost as high-pitched as the women’s results. That show that the categories of femininity and masculinity are not as linear as we’d supposed.
Descrição: Programa de Pós-Graduação em Letras. Departamento de Letras, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto.
URI: http://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/13156
Licença: Autorização concedida ao Repositório Institucional da UFOP pelo(a) autor(a) em 09/03/2021 com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que sejam citados o autor e o licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação.
Aparece nas coleções:PPL - Mestrado (Dissertações)

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