Da sala de aula à prateleira : livros paradidáticos sobre o corpo humano fundamentados pela metodologia Universidade das Crianças.

Abstract

A criança é sujeito de destaque no presente trabalho. Historicamente, a criança vem sendo tratada como um ser de menor importância na sociedade e no ambiente escolar, segundo ideias adultocêntricas. Há, contudo, uma mobilização no meio educacional que procura dar um novo tratamento a ela. Associamo-nos ao projeto Universidade das Crianças que é parte de um movimento internacional que, além de atuar aproximando as crianças do ambiente acadêmico, busca tratá-las de forma mais justa em relação aos adultos. Por meio dessa abordagem objetivou-se elaborar livros paradidáticos que contribuam para a aprendizagem de conceitos relacionados ao corpo humano, para alunos dos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental. O ensino sobre o corpo humano, contudo, tem sido trabalhado de maneira descontextualizada e/ou fragmentada dentro de disciplinas específicas, portanto, os professores frequentemente têm privilegiado aspectos particulares em detrimento aos aspectos afetivos, sociais, culturais, históricos, individuais e coletivos que envolvem este tema. Os documentos oficiais versam sobre um tratamento mais abrangente sobre o corpo humano. Uma das barreiras à implementação dessa proposta são as práticas ainda hoje desenvolvidas nas escolas pelos diretores, coordenadores e professores. Metodologias tradicionais, passivas e transmissivas ainda têm grande espaço nas escolas brasileiras. Como alternativa a este tipo de ensino, o projeto Universidade das Crianças na Universidade Federal de Ouro Preto faz-se presente na atual pesquisa. Trata-se de um projeto de pesquisa, de caráter pedagógico, destinado a alunos do Ensino Fundamental. O presente trabalho tem como público-alvo crianças dos 4º e 5º anos do ensino fundamental, entre 8 e 11 anos de idade, que aceitaram participar de oficinas pedagógicas com atividades sobre o corpo humano. O método escolhido para realizar as oficinas pedagógicas foi por meio dos Círculos de Cultura de Paulo Freire. Os alunos foram instigados a se expressar por meio de desenhos, perguntas e debates sobre subtemas diferentes. Os materiais produzidos pelos alunos foram recolhidos e analisados, buscando-se averiguar as principais percepções dos alunos sobre o corpo humano em seus múltiplos aspectos. A partir daí, foram elaborados dois livros paradidáticos, produtos desta dissertação. Concluiu-se que os alunos desta faixa etária compreendem de forma básica o corpo humano e por vezes são capazes de extrapolar sobre o tema, abordando-o principalmente sob uma perspectiva anatômico-fisiológica.