Biodisponibilidade relativa e bioacessibilidade de elementos potencialmente tóxicos em solo do Quadrilátero Ferrífero.

Abstract

Os impactos negativos causados pela extração mineral ao meio ambiente, seres humanos e os passivos ambientais gerados são diversos. A disponibilização no meio ambiente de metais não essenciais presentes na matriz mineral por tal atividade apresenta-se um potencial risco à saúde humana, uma vez que vários destes elementos são tóxicos e podem bioacumular-se na cadeia trófica. Diante disto, é pertinente investigar a biodisponibilidade e a bioacessibilidade de elementos não essenciais, tais como As, Pb, Mn, Cd, muitas vezes presente no solo intemperizado resultante da extração mineral. Para a análise do comportamento dos elementos potencialmente tóxicos, testes in vitro têm sido adotados em detrimento dos testes in vivo em função das restrições éticas, operacionais e financeiras destes. Objetivou-se neste projeto averiguar a bioacessibilidade de elementos não essenciais no solo da antiga Mina do Chico Rei, localizada na cidade de Ouro Preto/MG, onde ocorre alta concentração do As e outros elementos tóxicos. Além disto, também será objeto de estudo o solo de uma residência localizada nas proximidades da Mina. A caracterização química destes solos nas diferentes faixas granulométricas identificou cerca de 30 elementos químicos e demostrou que a maior concentração de elementos potencialmente tóxicos ocorreu nas frações granulométricas com menor diâmetro de partícula. A extração sequencial BCR do solo da Mina de Chico Rei revelou biodisponibilidade relativa de elementos potencialmente tóxicos na primeira etapa, da qual elementos são facilmente lixiviáveis da matriz mineral. A Análise de Componentes Principais (PCA) apontou que duas componentes principais explicaram cerca de 95,16% do modelo para a mobilização dos elementos, seguindo um padrão de comportamento de acordo com a distribuição granulométrica e a concentração dos elementos nas amostras. Ensaios de bioacessibilidade gastrointestinal e pulmonar que visam simular o comportamento de elementos potencialmente tóxicos perante às características físico-químicas do organismo humano demonstraram baixa bioacessibilidade destes elementos. O Risco Carcinogênico avaliado para a concentração total de As nas amostras apresentaram valor acima do nível tolerável pela Resolução CONAMA nº 420/2009, de 1 x 10-5. Entretanto, ao considerar o teor bioacessível de As para o cálculo do risco estes valores atendem a Resolução, sendo considerados de baixo risco carcinogênico aos seres humanos.