Caracterização petrológica, geoquímica e geocronológica de corpos intrusivos máficos da porção central da Serra do Espinhaço.

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Data
2017
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Resumo
Ao longo da cordilheira do Espinhaço ocorrem diversos diques e soleiras de rochas máficas intrusivas em sucessões sedimentares da bacia homônima e no embasamento. Estudos já realizados na porção meridional e setentrional da cordilheira atestam diferentes eventos magmáticos ao longo da evolução geológica dessa bacia. O presente trabalho apresenta os resultados de estudos petrográficos, geoquímicos e geocronológicos desenvolvidos para corpos máficos que ocorrem na porção central da Serra do Espinhaço, no extremo norte de Minas Gerais. Este setor faz parte do sistema de dobras e falhas de cavalgamento do domínio externo do orógeno Araçuaí. Nos limites da área de estudo, três ocorrências principais foram mapeadas (Costa 2013; Bersan 2015) e caracterizadas. Com base nos resultados obtidos, elas foram classificadas em dois grupos distintos. As ocorrências que compõem o grupo I ocorrem encaixadas em rochas metassedimentares do Supergrupo Espinhaço, alojadas como soleiras nas unidades siliciclásticas do Grupo Sítio Novo, ou cortando o embasamento cristalino. Petrograficamente, os corpos do grupo I constituem metagabros de granulação média a grossa, às vezes com textura porfirítica. A assembleia mineral é constituída essencialmente por plagioclásio, anfibólio e clinopiroxênio, além de minerais secundários que sugerem alterações metamórficas de grau baixo, embora feições do protólito ígneo ainda estejam preservadas. Caracterizações litoquímicas mostram que essas rochas foram originadas a partir de um magma subalcalino, com afinidades toleíticas, típico de magmatismo intraplaca continental. As análises de elementos incompatíveis revelam um leve enriquecimento em LREE e LILE em relação aos HFSE. O enriquecimento relativo em elementos litófilos é compatível com os valores levemente negativos de !Hf obtidos, sugerindo assimilação de material crustal. Dados geocronológicos obtidos a partir de análises U-Pb (via LA-ICPMS) em grãos de zircão de duas amostras indicaram idades 206Pb/238U de 895± 3 Ma e 896 ± 2 Ma, consideradas como a melhor estimativa para cristalização magmática dassas rochas. Já as rochas do grupo II correspondem às soleiras máficas que ocorrem na porção nordeste da área de estudo intrudindo rochas paleoproterozoicas do Grupo Terra Vermelha. Do ponto de vista petrográfico, essas rochas apresentam apenas pequenas diferenças em relação às intrusões do grupo I, já que apresentam textura mais fina, exibindo leve foliação e maior abundância de minerais secundários. Os resultados obtidos a partir das caracterizações litoquímicas também indicaram magmas parentais toleíticos de ambiente intraplaca, porém, observa-se um expressivo enquecimento de elementos incompatíveis quando comparadas às rochas do grupo I, sugerindo que as ocorrências dos dois grupos evoluíram de fontes distintas. Para as rochas metamáficas do grupo II, os dados isotópicos de U-Pb forneceram uma idade concórdia de 1730 ± 8 Ma (MSWD = 0.033), que pelas características magmáticas dos zircões datados, foram interpretadas como a idade de cristalização dessas rochas. Assim, com os resultados obtidos nesse trabalho foi possível reconhecer pelo menos dois eventos magmáticos associados com magmas máficos no domínio do Espinhaço Central, de modo que as intrusões que lá ocorrem apresentem significados tectônicos distintos ao longo da evolução da bacia. Num contexto regional, as rochas dos grupos I e II apresentam correlações com outras rochas de natureza máfica que ocorrem disseminadas em outros domínios do bloco São Francisco, evidenciando que condições extensionais de grande magnitude afetaram significativamente o bloco São Francisco durante o Toniano e Estateriano. Do ponto de vista geodinâmico, registros máficos com características e idades semelhantes às que ocorrem no bloco São Francisco são reportados em outros blocos crustais, como no cráton do Congo e Norte da China, de modo que esses extensivos eventos de magmatismo máfico registrados durante o Toniano e Estateriano podem estar associados a tentativas de fragmentação de massas continentais maiores (ou supercontinentes) das quais esses blocos faziam parte no passado. Embora a configuração dessas massas continentais mais antigas ainda seja alvo de muitas discussões.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Rochas máficas
Citação
MOREIRA, Helen Fonseca. Caracterização petrológica, geoquímica e geocronológica de corpos intrusivos máficos da porção central da Serra do Espinhaço. 2017. 148 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017.