PPGFIL - Mestrado (Dissertações)

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    A crise da modernidade em Hannah Arendt : história, educação e natalidade.
    (2024) Simões, Melisse Sana Lucioli Corrêa; Rangel, Marcelo de Mello; Rangel, Marcelo de Mello; Schittino, Renata Torres; Coelho, Venúncia Emília
    Este trabalho objetiva explicitar a crítica de Hannah Arendt à modernidade, sustentada pelo enfraquecimento da política enquanto espaço coletivo de diálogo e de ação, bem como os elementos da crise da modernidade que atingiram a educação, e a condição humana em sua dimensão política na condução da história. Arendt parte de seu tempo em busca de compreender o presente, propõe uma reflexão das condições do ser humano com base no século XX e analisa os fatos históricos da época em que viveu. Caracterizou como tempos sombrios este período conturbado, marcado por guerras, revoluções e regimes políticos descaracterizados da participação pública. Mas também de descobertas científicas e tecnológicas que alteram a relação do homem com o mundo e consigo mesmo, tornando-o cada vez mais alheio aos assuntos do mundo e envolto em seu próprio eu. As ações humanas em suas relações com o mundo constituem a história repleta de eventos imprevisíveis e irreversíveis, o que justifica a ênfase arendtiana à compreensão ou atividade permanente de reconciliação com a realidade. No entanto, a ruptura com a tradição marca, na era moderna, uma lacuna entre o passado e o futuro e indica que nossos valores já não servem para interpretar os fenômenos especificamente no período histórico caracterizado pelo século XX, no qual governos totalitários foram predominantes. O nexo entre pensamento e ação, filosofia e política estabelecido por Arendt nos leva a questionar o que significa pensar em tempos sombrios. Em situações-limite onde os valores humanos se desintegram, quais as implicações do pensamento político para questionar o que estamos fazendo? A hipótese argumentativa arendtiana indica que os aspectos do mundo moderno associados à quebra do senso comum ou sintonia do homem com o mundo trazem o que chama de crise: ruptura e também a possibilidade da abertura ao novo. Assim, a capacidade humana de julgar torna-se indispensável à orientação no mundo, sobretudo no qual a perda dos critérios objetivos implica um movimento de abertura a novas experiências, a estabelecerem novas conexões com a realidade e com a própria dimensão do passado.
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    A potência do blues clássico feminino evidenciada por Angela Davis e Herbert Marcuse.
    (2023) Barroso, Nathalia Nascimento; Kangussu, Imaculada Maria Guimarães; Kangussu, Imaculada Maria Guimarães; Carneiro, Silvio Ricardo Gomes; Guimarães, Bruno Almeida
    A presente dissertação apresenta o entrelaçamento entre a teoria estética desenvolvida por Herbert Marcuse ao longo de suas principais obras e a investigação realizada por Angela Davis na obra Blues Legancies and Black Feminism: Gertrude “Ma” Rainey, Bessie Smith and Billie Holiday. O Blues será apresentado enquanto uma manifestação estética que exemplifica a “nova sensibilidade” proposta por Marcuse. A partir das ideias de Davis, o gênero musical é tomado como um dos responsáveis por potencializar as significativas transformações na consciência social da classe negra trabalhadora norte- americana, sobretudo aquelas que envolvem as mulheres negras e que foram evidenciadas a partir da década de 1960 com a organização do Movimento Feminista Negro. O Blues Clássico feminino recebe destaque e a potência de mudança do gênero é evidenciada através da análise das principais canções de “Ma” Rainey, Bessie Smith e Billie Holiday a fim de demonstrar como a música apresenta um poder persuasivo sobre as mentes e corpos dos ouvintes. As cantoras preservaram em suas canções uma herança africana a ser apresentada aos negros norte-americanos que serviria de incentivo a modelos alternativos de comportamento e atitudes em relação aos estabelecidos.
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    O absurdo como propedêutica à revolta em Albert Camus.
    (2023) Chrisostomo, Gustavo Henrique; Rangel, Marcelo de Mello; Rangel, Marcelo de Mello; Amitrano, Georgia Cristina; Batista, Gustavo Silvano; Pimenta Neto, Olímpio José
    A presente pesquisa tem como objetivo fazer uma análise interpretativa dos dois principais conceitos da obra de Albert Camus: absurdo e revolta, evidentes principalmente em O mito de Sísifo e O homem revoltado, respectivamente. Desse modo, tematizar o nascimento do afeto do absurdo a partir da constatação da indiferença do mundo aos lamentos humanos e mostrar por qual motivo o suicídio não pode ser uma resposta à falta de um propósito que acompanha essa constatação. Será necessário, também, mostrar a importância do afeto do absurdo para o nascimento de outro afeto: a revolta, que, para Camus, é a postura coerente para enfrentar o absurdo, conforme será trabalhado no decorrer da presente pesquisa. Assim, será importante analisar a história do afeto da revolta para entender o motivo pelo qual ela se corrompeu ao ponto de legitimar assassinatos em seu nome. Essa genealogia da revolta é importante para mostrar que ela pode ser uma postura coerente para enfrentar o absurdo, desde que não torne legítimo o crime de assassinato. Assim, para facilitar a compreensão desses conceitos filosóficos de Camus, uma relação entre a filosofia de Camus e a literatura, tanto do próprio filósofo franco-argelino quanto de outros autores, será necessária para ter uma perspectiva mais ampla sobre os temas camusianos, uma vez que o próprio autor utilizava a literatura como uma ferramenta essencial para elucidar seus conceitos filosóficos. Finalmente, uma aproximação dos temas camusianos com a realidade brasileira é importante, para entender que absurdo e revolta são afetos que estão além de uma determinada localização espacial, são afetos que todo ser humano está sujeito a experimentar. Essa aproximação será possível através da tematização da própria literatura brasileira, especialmente autores que também se interessam por questões semelhantes às de Camus, sobretudo absurdo e revolta. Enfatizamos, nesse sentido, o trabalho de Graciliano Ramos.
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    Da biopolítica de Foucault a necropolítica de Mbembe : alguns desdobramentos do desafio político da modernidade.
    (2023) Silva, Daniela Aparecida da Cruz; Guimarães, Bruno Almeida; Guimarães, Bruno Almeida; Alves, Marco Antonio Sousa; Rangel, Marcelo de Mello
    O presente trabalho busca considerar como os conceitos de biopoder e biopolítica elaborados por Michel Foucault relacionam-se com as análises mbembianas sobre a política da vida, a problemática da “guerra das raças” e consequentemente o racismo. Busca compreender como tal princípio de poder matar para viver se transforma em estratégias do Estado, não apenas orbitando em torno da questão jurídica, da soberania, mas em torno daquilo que diz do biológico de uma população, daquilo que se exerce no nível da vida, da espécie, da raça e dos fenômenos relativos à população. Evidenciando a extrapolação da lógica econômica para relações sociais e de como o racismo se comporta como peça fundamental na organização biopolítica de uma determinada população. Observa-se que a biopolítica e biopoder se apresentam como ferramentas analíticas (e políticas) relevantes para a compreensão dos modos através do quais a reflexão em torno das estratégias identitárias vislumbradas por Achille Mbembe, e as narrativas e projetos pós-coloniais podem ser redirecionadas. Interessa-nos, portanto, refletir sobre as dinâmicas de poder que moldam as formas de subjetivação e a construção da identidade, ao mesmo tempo em que ressalta a capacidade de resistência e transformação dos sujeitos diante dessas práticas de controle.
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    Do corpo criador à expressão da carne : introdução ao tema do estilo em M. Merleau-Ponty.
    (2013) Machado, Abiatar David de Souza; Furtado, José Luis; Furtado, José Luis; Silva, Cíntia Vieira da; Serra, Alice Mara
    A inquietação estética de Merleau-Ponty é a pesquisa do corpo criador e suas relações com a carne. As criações do corpo revelam a expressividade e a profundidade das dimensões sensíveis da experiência e do mundo sensível. Essa expressividade é estilo, tanto no corpo quanto no mundo. Segundo o filósofo, as obras de arte transformam e ampliam um sentido ‘em obra’ na percepção. Entende-se, assim, de que modo o corpo da obra reverbera o corpo do artista e a carne do mundo sem se confundir com ambos, na medida em que esse processo é o surgimento de uma singularidade estética e um campo aberto de significações. Partindo da arqueologia do corpo criador realizada por Merleau-Ponty, o objetivo da dissertação é mostrar em alguns textos do filósofo elementos que tornam possível uma filosofia do estilo na pintura, na literatura ou na criação poética.
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    Democracia, deliberação e consenso sobreposto na filosofia de John Rawls.
    (2023) Reis, Lívia Carlos dos; Oliveira, Mário Nogueira de; Oliveira, Mário Nogueira de; Lima, Elnora Maria Gondim Machado; Moura, Julia Sichieri
    Este trabalho busca compreender a ideia de “consenso sobreposto razoável” desenvolvida por John Rawls, como parte de sua teoria da democracia deliberativa e fundamento para a legitimidade do poder político democrático. Todo o desenvolvimento da obra rawlsiana apresenta uma coerência conceitual de modo que, para analisar a sua proposta de um consenso deliberativo pluralista, é necessária a compreensão das ideias centrais de sua teoria da justiça como equidade e de sua proposta de um liberalismo político. Trata-se então de situar a teoria rawlsiana dentro daquilo que ele propõe como a tarefa da Filosofia Política nas democracias contemporâneas. Em seguida, busca-se examinar como estas ideias são apresentadas e situadas dentro de seu tratamento da democracia deliberativa e de sua visão sobre aquilo que justifica a legitimidade de uma concepção de justiça em um Estado democrático. Dado o fato do pluralismo razoável, deve-se buscar termos de cooperação social que possam ser aceitos por todos, uma vez que a sua legitimidade está diretamente relacionada ao seu potencial de justificação. É este potencial que garantirá a “estabilidade pelas razões certas”, ou seja, por meio do assentimento de cidadãos livres e igualmente considerados.
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    A temporalidade na fenomenologia de Heidegger e Husserl.
    (2023) Macedo, Bruno Alves; Nachmanowicz, Ricardo Miranda; Nachmanowicz, Ricardo Miranda; Moura, Sandro Márcio; Thomé, Scheila Cristiane
    A presente pesquisa faz um recorte contemporâneo sobre a questão do tempo, situando-se nas teses fenomenológicas dos filósofos Martin Heidegger e Edmund Husserl. Duas obras são utilizadas como literatura principal: Ser e Tempo e Fenomenologia da Consciência Interna do Tempo. O objetivo é investigar como esses autores compreendiam o tempo em suas investigações, de que forma o tempo foi nelas determinante e o nexo fenomenológico entre elas. Para alcançar essa proposta, o texto é organizado da seguinte forma: primeiro, introduz-se o debate no qual a fenomenologia se inseriu, apresentando os estágios iniciais do desenvolvimento do modelo retencional do tempo elaborados por William James e Franz Brentano. Em seguida, faz-se uma introdução sobre o desenvolvimento da fenomenologia por Husserl, culminando em uma análise da estrutura geral da consciência intencional. Após isso, o texto analisa a tese husserliana sobre o tempo, a qual é formulada em três instâncias: transcendente, imanente e formal. O tempo imanente é o fluxo de consciência preenchido e conteúdo para a interpretação do tempo transcendente. No entanto, o próprio fenômeno temporal está referido à sua estrutura formal de origem, a qual não pode ser concebida no tempo. Assim, Husserl elabora sua tese do fluxo formal a priori. A próxima etapa consiste em introduzir a fenomenologia hermenêutica de Heidegger, apresentando a estrutura geral da existência como preocupação [Sorge]. No entanto, a demanda por uma unidade de sentido do ser da existência, que é em todo caso compreendida, explícita ou implicitamente, em termos temporais, conduz à tese heideggeriana da temporalidade estática a priori como unidade de sentido da preocupação. Feitas essas considerações, entende-se que tanto Heidegger quanto Husserl conceberam os fenômenos sempre em suas modalidades [das Objekt im Wie], não como objetividades subsistentes. O caráter modal funciona como indicação formal para a temporalidade, a qual não pode ela mesma ser fenômeno, pois é origem de possibilidade destes. Além disso, entende-se também que a temporalidade abre um nível superior de investigação e é parte fundamental do método fenomenológico. Por fim, o próprio tempo, como indicação formal, parece conciliar-se com a estrutura formal da fenomenologia. Em todo caso, a temporalidade dá-se como estrutura originária constituidora do tempo, por conseguinte, dos fenômenos.
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    Obra de arte : Dasein e fenomenologia.
    (2023) Hernandes, Brenda Korczagin; Nachmanowicz, Ricardo Miranda; Nachmanowicz, Ricardo Miranda; Figueiredo, Virginia de Araújo; Souza, Guiomar Maria de Grammont Machado de Araújo
    O presente trabalho tem por objetivo compreender o pensamento de Martin Heidegger e sua visão da obra de arte a partir do ensaio A origem da obra de arte (1936), assim como o desdobramento de seu pensamento em relação aos parâmetros de Ser e Tempo (1927). Para isso, pretende-se evidenciar as bases para a reflexão ontológico-fenomenológica que se iniciam em ST e se realizam no ensaio de 1936. O objetivo da pesquisa é contribuir para a viabilização de acesso ao pensamento heideggeriano a respeito da temática do artístico.
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    O autoritarismo na indústria cultural e no fascismo segundo Theodor W. Adorno.
    (2023) Leal, Emanuel Djaci de Oliveira; Alves Júnior, Douglas Garcia; Alves Júnior, Douglas Garcia; Freitas, Verlaine; Duarte, Rodrigo Antônio de Paiva; Kangussu, Imaculada Maria Guimarães
    A presente dissertação tem como objetivo compreender se a indústria cultural, no cerne da democracia burguesa, pode influenciar a aparição de fenômenos autoritários, pela ótica de Theodor W. Adorno (1903-1969). A princípio, esta pesquisa buscará entender o arranjo do sistema capitalista diante do qual Adorno viveu e escreveu a sua obra. Em seguida, a indústria cultural será analisada a partir de seus operadores, para compreender se ela pode ser assumida como uma instituição capaz de promover o autoritarismo, tendo em vista que, a partir de momentos de crise, o sistema capitalista precisa intensificar a dominação vigente, a fim de assegurar sua sobrevida, produzindo tais fenômenos autoritários. Um dos objetos deste estudo é a consciência do sujeito, refletindo o conceito adorniano de semiformação [Halbbildung], pois, além dos pressupostos objetivos, há o aspecto subjetivo que perpassa o problema do autoritarismo, visto que esses movimentos contrarrevolucionários necessitam do apoio da população para colherem seus frutos. Outro objeto serão os escritos de Adorno sobre os discursos e as propagandas fascistas. Essas últimas entendidas como sendo permeadas por mecanismos psicológicos que objetivam assegurar a dominação sobre os indivíduos, manipulando pulsões inconscientes e tendo por finalidade a cooptação individual para o seu coletivo.
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    Ética e religião : uma abordagem analítica do teísmo.
    (2023) Machado, Matheus Batista; Miranda, Sérgio Ricardo Neves de; Miranda, Sérgio Ricardo Neves de; Spica, Marciano Adilio; Marques Segundo, Luiz Helvécio
    O presente trabalho tem como principal objetivo comparar duas teorias metaéticas com o fim de selecionar qual das duas explica de forma mais satisfatória o fenômeno da moralidade. As teorias selecionadas para este trabalho foram a TCD (Teoria do Comando Divino) e o Naturalismo Ético. Ambas as teorias possuem seus méritos, como por exemplo, a defesa da objetividade dos valores e a normatividade dos deveres. Entretanto, no decorrer do trabalho, visou-se analisar mais profundamente ambas as teorias e concluiu-se que, por mais méritos que possua, a teoria do Naturalismo Ético não é capaz de explicar de forma plena a moralidade objetiva e a existência dos deveres morais. Ao postular a existência de Deus, torna-se muito mais simples a tarefa de explicar a moralidade em termos de objetividade, normatividade dos deveres e a motivação que os seres humanos possuem para agirem de forma correta. O sucesso da TCD em explicar a moralidade nos leva a inferir a probabilidade da existência de Deus.
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    La teologia política de J. B. Metz en diálogo con las tesis de Walter Benjamin : hacia una praxis de la memoria en la experiencia latinoamericana.
    (2023) Quinchia Castaneda, Yenni Andrea; Rangel, Marcelo de Mello; Rangel, Marcelo de Mello; Pinho, Amon Santos; Batista, Gustavo Silvano
    Para el teólogo Alemán Johann Baptist Metz, el sentido del sufrimiento en su relación con una cultura de la memoria y una historia de esperanza atraviesan la visión escatológica propia del cristianismo, visión que entra en un diálogo inminente con la perspectiva del mesianismo judaico propuesta por Walter Benjamin y otros autores desde singularidades que oscilan entre lo sagrado y lo profano desde sus usos tanto filosóficos como comunitarios y populares. De esta forma se plantea una revisión de los alcances, las posibilidades y quizás obstáculos que se plantean a partir de la praxis de dicha memoria en la experiencia latinoamericana. La escatología cristiana invoca una justicia ilimitada, que alcanza tanto los sufrimientos del presente como los del pasado, y que excede, por tanto, los límites de la justicia de los estados nación o sistemas bajo los límites de una racionalidad moderna. El sufrimiento y la pasión en sentido cristiano, presentes en dicha escatología, actualizan el problema de la teodicea en la doctrina judeo-cristiana, central en las discusiones planteadas en el Concilio Vaticano II y retomadas en la nueva concepción pastoral de la iglesia, siendo el Documento de Medellín protagonista en la fundación y construcción de esta nueva iglesia de carácter universal y policéntrica. Según esta visión escatológica, reafirmada en Medellín, la teología tiene una especial responsabilidad frente la pregunta por el lugar de Dios hoy. En estos tiempos de olvido de Dios, la teología debe reconocer y hacer frente a la crisis epistemológica y práxica por la que atraviesa, esto es, el problema de la verdad en su relación con la justicia y el mensaje sobre Dios.
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    Crenças de coordenação e a impenetrabilidade da crise ambiental.
    (2022) Gonçalves, Vinícius; Cardoso, Guilherme Araújo; Noronha, Daniel de Luca Silveira de; Cardoso, Guilherme Araújo; Noronha, Daniel de Luca Silveira de; Petterson, Bruno Batista; Segundo, Luiz Helvécio Marques
    Os problemas ambientais gerados pelo comportamento das sociedades humanas foram identificados há mais de dois séculos, quando se notou que uma demanda irrestrita não é condizente a um sistema limitado pelas leis ecológicas. Esta crise ambiental se perpetua pois não há uma coesão quanto ao seu reconhecimento, não havendo um consenso em como a enfrentar. As pesquisas que apontam sua gravidade são rebatidas por argumentos que negam sua existência, os representantes destes argumentos negacionistas são impenetráveis aos fenômenos que a comprovem. Desta forma, a crise ambiental continua a se agravar, a resistência presentes em certos grupos socioculturais está incrustada no próprio comportamento destes; já que a permanência de determinados hábitos nocivos ao ambiente, demonstram estar além das possibilidades de mudança, disponíveis pelo avanço tecnológico e científico da sociedade atual. A intencionalidade compartilhada proposta por Michael Tomasello, é uma capacidade cognitiva unicamente humana e compõe sua teoria da evolução social, ela determina os mecanismos de cognição social que emergiram durante a história evolutiva humana, estes possibilitaram a produção, acúmulo e a transmissão de cultura. Dentro deste contexto evolutivo os argumentos negacionistas são observados sob uma nova perspectiva, mediante sua eficiência em explorar as crenças que coordenam determinados grupos. Derivadas da intencionalidade compartilhada, as crenças de coordenação são um dos principais fatores para o surgimento da organização social, assim elas apresentam um potencial para uma nova aproximação do problema da crise ambiental que se enraíza na forma com que os seres humanos se relacionam entre si, em relação ao seu grupo sociocultural, e também com seu ambiente.
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    Atravessando a fronteira da pele : corpo e poder em Foucault e Preciado.
    (2022) Gonzaga, Caio Henrique Duarte; Silva, Cíntia Vieira da; Silva, Cíntia Vieira da; Lobo, Rafael Haddock; Alves Júnior, Douglas Garcia
    O presente trabalho parte da crítica feita ao pensamento de Michel Foucault por Paul B. Preciado, especificamente sobre os modos de produção dos corpos e subjetividades contemporâneos não levados a cabo nas análises da biopolítica. Embora o filósofo francês tenha antevisto os elementos constituintes dos regimes de subjetivação que atuam na nova modalidade de controle, Preciado sustenta a ideia de que as tecnologias de poder contemporâneas, farmacológicas e midiático-pornográficas, configuram um novo cenário político intimamente conectado ao novo modelo de capitalismo que começa a se mostrar na virada do século XX. Para descrever as principais configurações que a gestão da vida pode assumir em diferentes momentos, nossa pesquisa acompanha com Michel Foucault as análises pioneiras em torno dos procedimentos, dispositivos e técnicas para a criação e condução de condutas no regime biopolítico. Assim, recorremos às reflexões sobre a ritualização disciplinar do corpo a fim de situar a mesma estratégia de ação sobre ações prescrevendo a conduta do indivíduo nas principais configurações de gestão política da vida na sociedade contemporânea. A hipótese levantada por Preciado é que a estratégia farmacopornográfica deriva de semelhante forma de criação e gestão das tecnologias políticas do corpo, busca-se evidenciar a necessidade progressiva da substituição da autonomia na constituição ética de si, pela prescrição heterônoma de um código moral, bem como o trajeto histórico-crítico que permite situar a moderna gestão farmacopornográfica como estratégia política de governo de condutas, fornecendo pistas para uma reflexão sobre o desenvolvimento e preservação de micropolíticas de resistência, de práticas de si e de defesa de novas subjetividades.
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    Leituras sobre a tecnologia na filosofia de Herbert Marcuse.
    (2022) Kelly, Diego Aurélio Viana; Freitas, Romero Alves; Freitas, Romero Alves; Gatti, Luciano Ferreira; Guimarães, Bruno Almeida
    Na filosofia crítica elaborada por Herbert Marcuse, a tecnologia desempenha um importante papel para a dinâmica social, uma vez que ela contém um potencial ambíguo, que a torna capaz de promover tanto a dominação e a exploração, quanto a emancipação e o florescimento dos indivíduos. Deste modo, os critérios que orientam o desenvolvimento tecnológico são fundamentais para a noção marcuseana de pacificação da existência, na medida em que, para atingir um estágio social que corresponda a essa noção, é necessária a reorganização de tais critérios em uma base que não esteja compromissada com o prolongamento do estado de dominação, miséria e exploração sustentado pelas forças econômicas e políticas dominantes. Portanto, a presente pesquisa visa retomar as reflexões de Marcuse acerca da tecnologia, e as distintas interpretações da mesma, quando se trata de estabelecer as referências teóricas que estão por detrás de sua análise.
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    Organicismo musical a partir do juízo teleológico kantiano.
    (2022) Souza, Demétrius Alexandre da Silva; Nachmanowicz, Ricardo Miranda; Nachmanowicz, Ricardo Miranda; Vieira, Vladimir Menezes; Assumpção, Gabriel Almeida
    O objetivo principal deste trabalho é propor a utilização do juízo teleológico de Kant – tal como apresentado na Crítica da faculdade de julgar (1790) – enquanto ferramenta conceitual para compreensão da obra musical entendida como objeto estético autônomo no interior do paradigma organicista. Para tanto, pareceu-nos necessário, em primeiro lugar, analisar a filosofia da música kantiana e averiguar suas afinidades com o discurso da autonomia da música. Em segundo lugar, acompanhamos de um ponto de vista histórico e conceitual, a transição da heteronomia à autonomia musical. E, por fim, apresentamos o pensamento de Kant sobre teleologia e organismo contidos na obra supracitada com vistas a explicitar alguns de seus pormenores técnicos e também com vistas à abertura provocada pela aplicação destes conceitos em áreas diversas daquelas nas quais o filósofo efetivamente as aplicou. A realização deste itinerário nos permitiu mobilizar elementos teóricos suficientes para sustentar nossa proposta: as propriedades de uma finalidade interna, bem como a de um força formativa – características distintivas dos seres organizados – podem ser transferidas para a obra musical mediante o recurso heurístico da analogia e fornecer assim, uma modo de pensar a autonomia da música na sua estreita relação com o organicismo ao mesmo tempo em que é coerente com as exigências da filosofia crítica e com o testemunho histórico. Concluímos que, se a filosofia da música kantiana não compreende a música como obra autônoma e, em certo sentido, não a compreende como bela arte, a teoria dos organismos e do juízo teleológico deste autor, dada a convergência histórica das noções de autonomia e organicidade, oferece subsídios para que possamos compreendê-la como tal.
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    Cuidado de si e educação libertária em Michael Foucalt.
    (2022) Teixeira, Marcos Torres; Rangel, Marcelo de Mello; Teodoro, Jorge Benedito de Freitas; Rangel, Marcelo de Mello; Teodoro, Jorge Benedito de Freitas; Haddock Lobo, Rafael; Santos, Adriano Négris dos
    Este trabalho reflete uma educação mais livre dos domínios imperiais colocando a subjetividade num âmbito mais próprio de constituição de si mesmo. A cultura de si analisada por Michel Foucault na Hermenêutica do Sujeito revela uma perda histórica significativa naquilo que podemos chamar de educação numa cultura de si, que foi sendo esquecida diante da necessidade medieval e moderna de controle dos corpos numa relação complexa entre poder-saber-sexo. O sexo, desta maneira, como parte mais íntima dos corpos era o dispositivo mais capaz de fornecer as instituições de controle um aparato discursivo entre normalidade e anormalidade. Contudo, a multiplicação destes discursos, sendo “anormais” ou “normais”, sobre o sexo no próprio campo de exercício do poder demonstraram uma capacidade infinita de produção de si mesmo dos corpos, que se fossem desenvolvidos numa cultura de si como na antiguidade grega necessitariam muito mais de uma liberdade individual do que de um controle excessivo. Nesse sentido uma educação mais libertadora seria mais viável no desenvolvimento de um projeto educacional qualificado e satisfatório. Assim, a análise foucaultiana é uma denúncia cultural, em que uma educação desenvolvida pela antiguidade grega fora em certa medida suprimida pela instituição católica, estatal e científica na época medieval e moderna, de maneira hipócrita e excessiva.
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    La experiencia de lo por venir : razón, escritura y cuerpo por venir.
    (2022) Ceballos Alarca, Daniel Alejandro; Rangel, Marcelo de Mello; Rangel, Marcelo de Mello; Ribeiro, Helano Jader Cavalcante; Haddock Lobo, Rafael; Guiomar Maria de Grammont Machado de A e Souza
    El presente trabajo intenta un acercamiento teórico-crítico a la experiencia del por venir a partir del pensamiento de Walter Benjamin esbozado desde su reflexión en el texto Sobre el Programa de una filosofía por venir. Desde allí podemos establecer un diálogo con otros autores que nos permitan dilucidar la importancia de la experiencia del por venir como una instancia de alteridad en la filosofía en un primer capítulo y su relación con la escritura y la literatura en un segundo capítulo, donde cobrará protagonismo la relación entre lo que entendemos por el cuerpo por venir, la fragilidad, la imagen y la escritura. En este segundo capítulo será crucial el encuentro entre la obra de Benjamin y Franz Kafka, donde tomaremos los fragmentos de algunos micro-relatos que nos posibiliten remitirnos y profundizar en la experiencia del por venir. Mientras que en el primer capítulo intentamos abordar el lugar de la razón desde sus límites y desde sus márgenes, peligros y posibilidades rescatando el camino esbozado por Benjamin en su Programa de 1918.
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    Espectros de Górgias : efeitos póstumos da feitiçaria sofística.
    (2022) Pandolpho, Raquel Wachtler; Rangel, Marcelo de Mello; Coelho, Venúncia Emília; Rangel, Marcelo de Mello; Coelho, Venúncia Emília; Haddock Lobo, Rafael; Motta, Guilherme Domingues da
    A eloquência característica e os efeitos da prosa poética de Górgias de Leontinos foram tais que, entre os gregos, gorgianizar tornou-se sinônimo de ser orador, de embelezar discurso. Especular sobre os espectros de Górgias é uma tentativa de desconstruir a visão monótona que a filosofia tem deste mago do discurso: imagem do leontino cristalizada na história da filosofia pela personagem platônica que contracena com Sócrates no diálogo Górgias. Sofisticar o fantasma filosófico de Górgias é, ao mesmo tempo, gorgianizar a história da filosofia. O resgate da feitiçaria sofística em nossa dissertação ocorre através do diálogo com a bruxaria discursiva gorgiana, focando em goēteía (feitiçaria) e peithṓ (persuasão) – relacionadas à mageía e aos epōidaí (encantamentos) – no lógos-phármakon e na psykhagōgía. Rastreando espectros da feitiçaria gorgiana, buscamos mostrar que sofistas e filósofos, ao concorrem politicamente pelo espaço do psykhagōgos, são herdeiros dos feiticeiros necromantes (góētes). A ênfase é na caracterização de sofistas e filósofos como condutores de almas, feiticeiros dos discursos, macumbeiros das palavras. O fantasma de Górgias é rastreado através de suas heranças em Aspásia e em Platão. Concluímos propondo que Górgias segue assombrando a filosofia, fazendo herdeiros entre filósofos-feiticeiros contemporâneos, como podemos observar mediante o resgate da ambiguidade do phármakon (endossada feiticeiramente pelo Elogio de Helena) na filosofia de Derrida e de Preciado.
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    Por uma política espectral.
    (2022) Moreira, Fernando Brito; Rangel, Marcelo de Mello; Haddock Lobo, Rafael; Rangel, Marcelo de Mello; Haddock Lobo, Rafael; Ferreira, Luciana Pereira Queiroz Pimenta; Freitas, Romero Alves
    Esta pesquisa tem como objetivo principal apresentar como Jacques Derrida trabalha a questão da política a partir de uma lógica da espectralidade, que tenta romper com outra lógica: opositiva, binária e hierárquica. Ela propõe uma política espectral, que emerge do encontro com os fantasmas. Está dividida em três capítulos. No primeiro, através de um diálogo com a filosofia de Lévinas, apresenta como a relação entre O Mesmo e o Outro é sempre de heranças, como O Mesmo deve se colocar diante do Outro; demonstra o caráter heterogêneo da herança e a in-fidelidade que emerge a partir do contato com ela, reforçando o impacto que as heranças levinasianas têm no pensamento derridiano. No segundo, apresenta a temática do trabalho de luto ao explorar a noção de coração enquanto lugar próprio do luto absoluto e elucida como o deslocamento operado no conceito de luto freudiano se torna fundamental para pensar relações éticas. No terceiro e último, após um longo preâmbulo, investiga a relevância que a noção de espectro/fantasma tem para a política espectral e como essa política acontece.
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    Em tempo : subdesenvolvimento como revolução. Um diálogo entre Gilles Deleuze e o Cinema Novo de Glauber Rocha.
    (2022) Moreira, Thiago Ferraz; Silva, Cíntia Vieira da; Silva, Cíntia Vieira da; Silva, Alberto da; Alves Júnior, Douglas Garcia
    Neste trabalho, buscamos intercruzar os pensamentos de Gilles Deleuze e Glauber Rocha sobre o cinema. Discutimos a complexa questão em torno do tempo, no encalço do pensamento de Henri Bergson e da arte cinematográfica, sobretudo, do cinema moderno em Deleuze, bem como os aspectos em torno das dificuldades de produção trazidas por Glauber Rocha. Problematizamos a questão do “olhar estrangeiro” quanto às produções feitas em condições de subdesenvolvimento e as questões identitárias na engendração da noção de um povo. Tratamos do certame que apreende o conceito de cinema revolucionário e das operações que tangem questões decoloniais, buscando suporte em pensadores como Eduardo Viveiros de Castro, Ismail Xavier, Frantz Fanon, Paulo Emílio Sales Gomes, Marilena Chauí, dentre outros. A conclusão depreende dos ecos deixados pelo Cinema Novo e pelo pensamento filosófico, tal qual as potencias revolucionárias suscitadas pelos conceitos de nômade e clandestinidade.