Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/18135
Título: Atividade física durante a pandemia de Covid-19 : interfaces com a saúde física, qualidade do sono e autoavaliação de saúde.
Autor(es): Moura, Samara Silva de
Orientador(es): Meireles, Adriana Lúcia
Carraro, Júlia Cristina Cardoso
Palavras-chave: Atividade física
Covid-19
Qualidade do sono
Risco cardiovascular
Hemoglobinas glicadas
Data do documento: 2024
Membros da banca: Meireles, Adriana Lúcia
Sales, Aline Dayrell Ferreira
Parajára, Magda do Carmo
Oliveira, Lenice Kappes Becker
Menezes Júnior, Luiz Antônio Alves de
Referência: MOURA, Samara Silva de. Atividade física durante a pandemia de Covid-19: interfaces com a saúde física, qualidade do sono e autoavaliação de saúde. 2024. 278 f. Tese (Doutorado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Nutrição, Ouro Preto, 2024.
Resumo: Introdução: As evidências científicas produzidas em relação à atividade física (AF) são consideráveis e o aumento exponencial nos últimos anos forneceu informações congruentes no que concerne à sua importância e benefícios à saúde. Uma rotina regular de AF tem sido associada a uma melhor saúde física, como controle da homeostase glicídica e lipídica, bem como com uma melhor qualidade do sono e autoavaliação de saúde (AAS). Contudo, a pandemia da Covid-19 influenciou drasticamente a prática de AF. Objetivo: Avaliar os fatores associados à inatividade física (IF em residentes da região dos Inconfidentes, Minas Gerais, durante a pandemia da Covid-19. Métodos: Estudo transversal de base populacional em adultos, realizado de outubro a dezembro de 2020, em dois municípios brasileiros (Ouro Preto e Mariana). Foram coletados 1762 indivíduos, por meio de entrevista face a face, utilizando um questionário estruturado em formato eletrônico com questões sociodemográficas, hábitos de vida e condições de saúde. Foram conduzidas coletas de sangue para avaliação dos níveis séricos de lipoproteínas e concentração plasmática de hemoglobina glicada. A prática de AF foi avaliada por autorrelato, por questão adaptada do estudo "Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico “(VIGITEL)". A AF foi classificada como fisicamente ativos ou inativos, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A qualidade do sono foi medida pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP). A AAS foi avaliada por meio da pergunta: “Como você classificaria seu estado de saúde?” As respostas foram agrupadas em AAS negativa (regular, ruim ou muito ruim) e AAS positiva (muito bom ou bom). Além disso, foram mensurados os níveis séricos de lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e o colesterol total (CT), usando o método enzimático colorimétrico. As concentrações plasmáticas de hemoglobina glicada (HbA1c) foram avaliadas por meio do método imunoturbidimetria. Resultados: Os resultados serão apresentados em cinco artigos. No artigo I observou-se que a prevalência da IF foi mais elevada nos primeiros meses (março a julho/2020) da pandemia (M1) (67,3%), em comparação com os meses de outubro a dezembro de 2020 (M2) (58,7%) e no período anterior ao início da pandemia (M0) (39,7%). Indivíduos com sobrepeso, obesidade e baixo nível de escolaridade apresentaram maior probabilidade de serem fisicamente inativos. No artigo II, 51,9% apresentavam má qualidade de sono e 79,8% não estavam em trabalho a partir de casa (home office). A IF associou-se à má qualidade do sono (OR: 1,73; IC95%: 1,07-2,79) e ausência de home office (OR: 1,86; IC95%: 1,08-3,23). Na análise combinada, os indivíduos com qualidade de sono ruim e que não estavam em home office tinham uma chance 4,19 vezes maior de serem inativos fisicamente (OR: 4,19; IC 95%: 1,95-8,95). Referente ao artigo III, 7,1% dos participantes apresentaram níveis elevados de hemoglobina glicada (HbA1c). A análise de mediação revelou que a IF aumentava em 2,62 vezes (OR:2,62, IC95%:1,29-5,33) a probabilidade de níveis elevados de HbA1c, sendo que 26,87% desse efeito foi mediado pelo excesso de peso (OR:1,30; IC95%:1,06-1,57). O artigo IV apresentou prevalência de risco cardiovascular (RCV) intermediário a alto de 43,8% dos participantes e 56,0% estavam com excesso de peso. Na análise de mediação para o excesso de peso, constatou-se que os indivíduos fisicamente inativos apresentavam 1,90 vezes mais chance (OR: 1,90; IC95%; 1,14-3,17) de ter RCV intermediário a alto, sendo que 17,18% desse efeito foi mediado pelo excesso de peso (OR: 1,11; IC95%; 1,02-1,25). No artigo V, a prevalência de AAS negativa foi de 23,0% dos participantes e 15,5% tinham comportamento sedentário (CS) ≥ 9 horas. O modelo multivariado identificou associações entre IF e AAS negativa (OR: 1,72; IC95%: 1,01-2,93), mas não para CS. A análise de simultaneidade revelou que os indivíduos afetados por um destes comportamentos de risco à saúde tinham 1,84 vezes mais probabilidade de apresentar AAS negativa (OR: 1,84; IC95%: 1,06-3,22). Aqueles com dois comportamentos de risco à saúde tinham 2,12 vezes mais probabilidade de ter AAS negativa (OR: 2,12; IC95%: 1,03-4,39). Na análise conjunta, os que relataram ser fisicamente inativos e apresentarem CS ≥ 9 horas tiveram uma prevalência 2,15 vezes maior de AAS negativa (OR: 2,15; IC95%: 1,01-4,56). Conclusão: Este estudo revelou uma elevada prevalência de IF durante a pandemia da Covid-19. Além disso, evidenciou associação entre a IF e marcadores bioquímicos, como alterações nos níveis de hemoglobina glicada, e maior prevalência de RCV. Adicionalmente, a IF e o CS, em análise conjunta e simultânea mostraram associação com a AAS negativa. Por fim, a má qualidade do sono e não estar em home office foram associados a IF. Este estudo ressalta a importância de um comprometimento efetivo por parte dos fomentadores de políticas públicas, governantes, profissionais de saúde e pesquisadores para estabelecer medidas que incentivem e facilitem a adoção de estilos de vida mais ativos, com benefícios inquestionáveis para a saúde e o bem- estar da população.
Resumo em outra língua: Introduction: The scientific evidence produced in relation to physical activity (PA) is considerable and the exponential increase in recent years has provided congruent information regarding its importance and health benefits. A regular PA routine has been associated with better physical health, such as control of glucose and lipid homeostasis, as well as better sleep quality and self-rated health (SHA). However, the Covid-19 pandemic has drastically influenced the practice of PA. Objectives: To assess the factors associated with physical activity in residents of the Inconfidentes region, Minas Gerais, during the Covid-19 pandemic. Methods: This was a cross-sectional population-based study of adults, carried out from October to December 2020 in two Brazilian municipalities (Ouro Preto and Mariana). A total of 1,762 individuals were interviewed face-to-face, using a structured questionnaire in electronic format with sociodemographic questions, lifestyle habits and health conditions. Blood samples were taken to assess serum lipoprotein levels and plasma concentration of glycated hemoglobin. The practice of PA was assessed by self-report, using a question adapted from the study "Surveillance of risk and protective factors for chronic diseases by telephone survey" (VIGITEL). PA was classified as physically active or inactive, according to the recommendations of the World Health Organization (WHO). Sleep quality was measured using the Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI). SAD was assessed using the question: "How would you classify your state of health?" The answers were grouped into negative SRH (fair, bad or very bad) and positive SRH (very good or good). In addition, serum levels of high-density lipoprotein (HDL-c) and total cholesterol (TC) were measured using the enzymatic colorimetric method. Plasma concentrations of glycated hemoglobin were assessed using the immunoturbidimetry method. Results: The results will be presented in five articles. Article I found that the prevalence of PI was higher in the first months (March to July 2020) of the pandemic (M1) (67.3%), compared to the months of October to December 2020 (M2) (58.7%) and in the period before the start of the pandemic (M0) (39.7). Individuals who were overweight, obese and had a low level of education were more likely to be physically inactive. In article II, 51.9% had poor sleep quality and 79.8% were not working from home (home office). PI was associated with poor sleep quality (OR: 1.73; 95%CI: 1.07-2.79) and absence of home office (OR: 1.86; 95%CI: 1.08-3.23). In the combined analysis, individuals with poor sleep quality who were not working from home were 4.19 times more likely to be physically inactive (OR: 4.19; 95% CI: 1.95-8.95). Regarding article III, 7.1% of the participants had high HbA1c levels. The mediation analysis revealed that PI increased the likelihood of high HbA1c levels by 2.62 times (OR: 2.62, 95%CI: 1.29-5.33), with 26.87% of this effect being mediated by overweight (OR: 1.30; 95%CI: 1.06-1.57). Article IV showed a prevalence of intermediate to high cardiovascular risk (CVR) of 43.8% of participants and 56.0% were overweight. In the mediation analysis for excess weight, it was found that physically inactive individuals were 1.90 times more likely (OR: 1.90; 95%CI; 1.14-3.17) to have intermediate to high CVR, and 17.18% of this effect was mediated by excess weight (OR: 1.11; 95%CI; 1.02-1.25). In article V, the prevalence of negative SBP was 23.0% of participants and 15.5% had sedentary behavior (SB) ≥ 9 hours. The multivariate model identified associations between PI and negative SB (OR: 1.72; 95%CI: 1.01-2.93), but not for SB. The simultaneity analysis revealed that individuals affected by one of these health risk behaviors were 1.84 times (OR: 1.84; 95%CI: 1.06-3.22) more likely to have negative AAS. Those with two health risk behaviors were 2.12 times (OR: 2.12; 95%CI: 1.03-4.39) more likely to have negative SRH. In the joint analysis, those who reported being physically inactive and having a WC ≥ 9 hours had 2.15 times (OR: 2.15; 95%CI: 1.01-4.56) higher prevalence of negative SRH. Conclusion: The study showed an association between PI and biochemical markers, such as changes in glycated hemoglobin levels and a higher prevalence of CVR. This study reinforces the importance of an effective commitment on the part of public policy promoters, government officials, health professionals and researchers to establish measures that encourage and facilitate the adoption of more active lifestyles, with unquestionable benefits for the health and well-being of the population.
Descrição: Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
URI: http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/18135
Licença: Autorização concedida ao Repositório Institucional da UFOP pelo(a) autor(a) em 11/03/2024 com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que sejam citados o autor e o licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação.
Aparece nas coleções:PPGSN - Doutorado (Tese)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
TESE_AtividadeFísicaPandemia.pdf40,66 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Este item está licenciado sob uma Licença Creative Commons Creative Commons