Licnofolida livre e em formulações nanoméricas : toxicidade, atividade in vitro e in vivo contra Trypanosoma cruzi e proposta de mecanismo de ação.
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Data
2022
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Resumo
A doença de Chagas permanece epidemiologicamente relevante e é a sexta doença mais
negligenciada do mundo, causando elevada morbidade e mortalidade em plena idade produtiva.
O mais grave é a falta de terapia profilática e curativa adequada para esta enfermidade, sendo
os únicos medicamentos atualmente utilizados o benznidazol (BZ) e nifurtimox (NIF). Estes
fármacos causam graves efeitos colaterais e apresentam limitada eficácia terapêutica na fase
crônica da doença, justificando a busca por novas opções terapêuticas. Este trabalho visou
avançar nos estudos da lactona sesquiterpênica licnofolida (LIC-livre) e em nanocápsulas (LIC-
NC) avaliando a citotoxicidade in vitro células cardíacas H9c2 e hepáticas HepG2 pelos
métodos de vermelho neutro; sua interferência no ciclo celular e na produção de espécies
reativas de oxigênio (EROs); genotoxicidade por ensaio cometa; fenômenos de apoptose e
necrose; seletividade para T. cruzi em comparação à células H9c2; análise qualitativa da
incorporação das NC fluorescente pelas células e parasitos na tentativa de explicar o mecanismo
de ação de LIC-NC na infecção por T. cruzi; avaliar a toxicidade aguda in vivo da LIC-livre e
LIC-NC; bem como sua eficácia terapêutica contra a cepa Colombiana de T. cruzi, protótipo de
resistência ao tratamento por BZ e NIF. O tratamento com BZ foi utilizado como grupo controle
de referência. No teste de vermelho neutro LIC-livre e LIC-NC apresentaram IC50 de 1,69μM
e 3,28μM em células H9c2 e IC50 de 3,11μM e 3,69μM em células HepG2. Não foram
observadas diferenças significativas entre as células na análise da evolução do ciclo celular,
tampouco na comparação dos tratamentos com LIC-livre e LIC-NC. Verificou-se aumento nas
fases sub-G1 e diminuição nas fases G2-M com ambas as formulações. Não foram observadas
diferenças significativas nas análises de apoptose e necrose entre LIC-livre e LIC-NC. Em
células H9c2, LIC-livre, LIC-NC, NC-BR e BZ aumentaram a produção de EROs. LIC-livre e
BZ induziram aumento na intensidade da cauda nas células H9c2, diferentemente das células
HepG2. Os testes em amastigota e epimastigota mostraram que LIC-livre possui maior ação
tripanocida in vitro quando comparada à LIC-NC. LIC-NC foi incorporada tanto pelas células
H9c2 não infectadas, quanto infectadas, e por tripomastigotas, mostrando boa entrega da
formulação nos sítios de interesse. No teste de toxicidade aguda não foram observadas
alterações significativas quanto aos parâmetros avaliados. LIC-NC curou 80% dos animais
infectados com a cepa Colombiana, 100% resistente aos fármacos de referência, com
negativação de todos os parâmetros avaliados (hemocultura, qPCR sanguínea e em tecido
cardíaco após imunossupressão e ELISA). A licnofolida se mostrou eficaz em sua ação anti-T.
cruzi in vitro e in vivo, na sua forma livre e nanoencapsulada, com diminuição da citotoxicidade
quando encapsulada, e melhora significativa da sua ação tripanocida in vivo. LIC ainda se
mostrou menos citotóxica em todos os parâmetros avaliados em relação ao grupo controle BZ.
Ambas as formulações se mostraram seguras quanto ao uso em camundongos, principalmente
a LIC-NC que foi também mais eficaz na cura da infecção por T. cruzi. Em conjunto, os
resultados incentivam estudos complementares da LIC-NC como uma nova opção terapêutica
a ser explorada e utilizada no tratamento da doença de Chagas.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Doença de Chagas, Trypanosoma cruzi, Nanocápsulas, Toxicidade
Citação
MILAGRES, Matheus Marques. Licnofolida livre e em formulações nanoméricas : toxicidade, atividade in vitro e in vivo contra Trypanosoma cruzi e proposta de mecanismo de ação. 2022. 124 f. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) - Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2022.