Influência da amígdala basomedial no comportamento do tipo ansiedade em ratos Wistar.
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Data
2019
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Resumo
A amígdala tem sido vinculada a uma variedade de funções ligadas a respostas
fisiológicas, comportamentais e endócrinas, relacionadas a estímulos emocionais. Esta região
encefálica é composta por vários sub-núcleos, que embora pertencentes à mesma estrutura, podem
se envolver em funções diferentes, o que torna o estudo de cada sub-núcleo de grande importância.
Em um trabalho do nosso grupo de pesquisa, sugerimos que a amígdala basomedial (BMA) está sob
ativação tônica, participando desta forma do controle cardiovascular de ratos, controlando respostas
exacerbadas frente situações de estresse social. Partindo do pressuposto que mudanças autonômicas
podem ser caracterizadas como causa ou efeito do comportamento do tipo ansiedade, o nosso
objetivo é avaliar, por meio de manipulações químicas e quimiogenéticas, a influência da BMA nas
repostas comportamentais do tipo ansiedade, bem como suas conexões com outras regiões cerebrais
envolvidas nestas respostas. Para isso, um grupo de ratos Wistar recebeu o implante de cânulas-guia
direcionados à BMA, bilateralmente, para injeção de drogas. Após sete dias, observamos que a
inibição química da BMA por meio da microinjeção bilateral do agonista GABAA, muscimol
(100pmol/100nL), diminuiu a interação social (IS) entre pares de animais. Por outro lado,
observamos que ao ativarmos quimicamente esta região, pela microinjeção bilateral do antagonista
GABAA, Bicuculline methochloride (BMC) (10pmol/100nL), houve aumento na IS entre os ratos.
Apesar disso, ambas, inibição e ativação química da BMA não alteraram os parâmetros
comportamentais analisados no teste de campo aberto (CA). Além do efeito ansiolítico entre pares
de animais, a ativação química da BMA aumentou a atividade neuronal na região do núcleo do leito
da estria terminal (BNST) e hipotálamo dorsomedial (HDM), além de demonstrar uma forte
tendência de aumento nas regiões da área preóptica medial (mPOA) e coluna ventrolateral da
substância cinzenta periaquedutal (vlPAG). A inibição química da BMA, por sua vez, não alterou a
atividade neuronal das regiões analisadas, apesar da forte tendência de aumento de atividade na
mPOA. Já outro grupo de ratos Wistar foi separado em dois sub-grupos: um deles recebeu a infusão
na BMA de DREADD AAV5-CaMKII-hM3D(Gq)-mCherry e o outro de AAV5-CaMKIIhM3D(Gs)-IRES-mCitrine, e ambos infectam preferencialmente neurônios glutamatérgicos
(400nL, bilateralmente). Após cinco semanas, no sub-grupo Gq, foi implantado uma sonda de
telemetria para posterior aferição de pressão arterial (PA), frequência cardíaca (FC) e temperatura
corporal. Observamos que, a ativação quimiogenética dos neurônios glutamatérgicos da BMA, após
injeção i.p. de CNO (3mg/Kg), no sub-grupo Gq, aumentou a IS entre os ratos, sem efeitos no teste
de CA. Já no sub-grupo Gs nenhum efeito foi observado em ambos os testes comportamentais. Na
semana seguinte vimos que a ativação quimiogenética da BMA, nos animais do sub-grupo Gq,
reduziu os aumentos de FC, PA e de temperatura corporal provocados pelo estresse por contenção.
Após estresse, a ativação quimiogenética da BMA no sub-grupo Gs não foi capaz de alterar o
comportamento dos animais. Já a redução do comportamento do tipo ansiedade social no sub-grupo
Gq não ocorreu após estresse. Estes resultados sugerem que, tanto o bloqueio dos receptores
gabaérgicos, quanto a ativação quimiogenética de neurônios glutamatérgicos na BMA, reduzem o
comportamento do tipo ansiedade social e respostas de estresse, exercendo influência nestas
situações por meio de conexões com regiões encefálicas também envolvidas em situações de defesa.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Amígdalas, Ansiedade, Stress - fisiologia
Citação
MESQUITA, Laura Batista Tavares. Influência da amígdala basomedial no comportamento do tipo ansiedade em ratos Wistar. 2019. 82 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2019.