Efeito do 17β estradiol na amigdala central nas respostas cardiovasculares e comportamentais ao estresse em ratas ovariectomizadas.

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Data
2017
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Resumo
Com a menopausa, a produção cíclica de estradiol e progesterona cessa. As concentrações séricas desses hormônios declinam abruptamente e apresentam potenciais de afetar processos cerebrais associados à cognição e outras desordens relacionadas com a idade, como disfunções autonômicas. Assim, os efeitos dos estrógenos sobre comportamentos como ansiedade e situações de estresse têm sido amplamente estudados, mas os mecanismos responsáveis ainda são inconclusivos. Em situações de estresse, o sistema nervoso central (SNC) de mamíferos produz respostas de defesa, com alterações endócrinas, autonômicas e comportamentais. Dessa maneira, o estudo de regiões cerebrais e suas vias é de fundamental importância para o entendimento desses mecanismos. A amígdala central (CeA) tem sido amplamente estudada como uma estação de integração e distribuição de estímulos essenciais para aquisição e expressão de respostas autonômicas em situações de estresse e medo. Assim, tivemos como objetivo nesse trabalho, avaliar o papel da ativação de neurônios na CeA em respostas autonômicas cardíacas, através da administração in situ de E2 (0,5 pmol/100 nl) ou agonista seletivo de receptor ER-β (DPN) em ratas sob diferentes tempos de ovariectomia (OVX) (2 semanas, 2 meses e 8 meses) e submetidas a um procedimentos de estresse por contensão/jato de ar. Avaliamos ainda a participação da CeA, quando estimulada por estradiol ou DPN, em comportamentos do tipo ansiedade no labirinto em T elevado e campo aberto. Ratas Wistar (190 ± 200g) de 85 dias de idade divididas em dois grupos, sham operados e OVX foram subdivididas em três novos grupos de acordo com o tempo de OVX. Após o tempo de cirurgia, cânulas guia foram implantadas bilateralmente direcionadas à CeA. Sete dias após esse procedimento, foram introduzidos cateteres nas artérias femorais para registro da pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC). Os experimentos foram realizados 48 horas após o último procedimento cirúrgico. Os registros cardíacos foram realizados por três dias consecutivos, onde no primeiro dia se administrou salina ou ciclodextrina (veículo para DPN); segundo dia, estradiol ou DPN, e o terceiro dia onde se procedeu ao registro sem administração de qualquer substância. Os registros foram realizados por um período aproximado de duas horas, onde os primeiros 20-30 minutos eram destinados à estabilização dos parâmetros dos animais. Após estabilização, se procedeu ao registro por 20 minutos, seguido da microinjeção, com mais 15-20 minutos para ação da substância. Realizava-se então o protocolo de estresse por 15 minutos e seguido de período final, até a estabilização dos sinais. Para os testes comportamentais fizemos uso de um novo grupo de animais, submetidos aos mesmos protocolos cirúrgicos de castração e implante de cânulas guia destinadas à CeA. A microinjeção de estradiol na CeA produziu redução da PAM e FC basais, 24 horas após sua administração, tanto em animais sham quanto em animais OVX com 2 semanas de cirurgia. Ao passar de dois meses, as respostas hipotensoras e bradicárdicas tornaram-se reduzidas até se anularem aos oito meses. Notamos através dos deltas de variações da PAM e FC, que animais sob maiores tempos de OVX apresentam máximas respostas hipertensoras e taquicárdicas 24 horas após administração de estradiol. Observamos nos testes comportamentais que animais OVX apresentam maior grau de ansiedade com elevação do tempo de latência de saída do braço fechado e que apesar de inúmeros trabalhos mostrarem efeitos ansiolíticos do estradiol em outras regiões cerebrais, quando administrado diretamente na CeA não exibiu tais efeitos, apresentando em contrapartida certo potencial ansiogênico em animais OVX. Notamos ainda que animais OVX se locomovem menos e mais lentamente que animais sham e a microinjeção de 100 nl (0,5 pmol) de estradiol na CeA normaliza os padrões de ambulação e velocidade dos animais. Concluímos que, o estradiol atuando na CeA, exerce forte modulação em respostas autonômicas cardíacas tanto em valores basais quando em respostas a situações estressoras, provavelmente através de receptores do tipo ER-α e que também desempenha importante papel nas atividades locomotoras dos animais atuando na CeA.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Ovariectomia, Menopausa, Stress - fisiologia
Citação
FORTES, Luis Henrique Santos. Efeito do 17β estradiol na amigdala central nas respostas cardiovasculares e comportamentais ao estresse em ratas ovariectomizadas. 2017. 123 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017.