Representações de mães doadoras e de profissionais da atenção básica à saúde sobre a doação de leite humano.

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Data
2014
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Resumo
Os Bancos de Leite Humano (BLH) têm se apresentado como um dos importantes elementos estratégicos da política pública nacional em favor da amamentação. Porém, para garantir a quantidade de leite suficiente para atender às demandas do BLH é necessário que as mulheres estejam sensibilizadas para essa doação. Levando-se em consideração os diversos fatores psicossociais envolvidos no ato de doar, este estudo teve por objetivo identificar as representações sociais de mulheres doadoras e de profissionais de saúde da atenção básica do município acerca da prática de doação de leite humano. Trata-se de uma pesquisa descritiva, qualitativa. O referencial teórico adotado foi a Teoria das Representações Sociais, concebida por Moscovici. Foram realizadas entrevistas domiciliares com as mães doadoras e, nas unidades das Equipes Saúde da Família com os profissionais, apoiadas por roteiros norteadores. As entrevistas foram gravadas e transcritas, na íntegra, para posterior análise por meio do método de Análise Estrutural da Narração. Foram entrevistadas 12 mães doadoras e 12 profissionais da atenção básica. Os resultados mostraram que as mulheres construíram representações que valorizam a amamentação, o leite humano e o ato de doar, sendo tais representações as principais motivações para a concretização da doação. A manutençãoda doação de leite humano, apesar das dificuldades enfrentadas por estas mulheres durante este processo, foi possível devido ao sentimento gratificante, à valorização atribuída à doação e apoio de pessoas significativas para elas. Estas mães assumem a amamentação como algo comum da vida e necessário à condição da maternidade. A valorização da amamentação faz com que estas mulheres representem aquelas mães que não podem ou não querem amamentar como inferiores, não sendo completas. Os depoimentos acerca do aconselhamento durante o pré-natal sobre a doação de leite revelou uma fragilidade na integralidade do serviço de saúde prestado a estas mulheres, representando um possível obstáculo para a sensibilização de doadoras em potencial. A análise dos depoimentos dos profissionais da atenção básica revelou representações que valorizam a doação de leite humano, a doadora e o BLH. Nestas representações é possível observar que houve a impregnação das dimensões simbólicas disseminadas pelo discurso científico acerca da amamentação e da doação de leite humano. Porém, a falta de conhecimento, encontrada de forma marcante nas falas, e a representação de que a mãe pode produzir „leite insuficiente‟ leva à insegurança destes profissionais que culmina no abandono, por muitos, do aconselhamento sobre a doação. Além disso, muitos profissionais não se sentem responsáveis pela sensibilização das usuárias do serviço sobre a doação de leite humano. Os achados apontam para a necessidade de melhor capacitação destes profissionais com o intuito de oferecer elementos para favorecer a desconstrução e reelaboração de representações para desmistificar aquelas existentes que inviabilizam a conduta de apoio à doação de leite humano. Faz-se necessário também a (re)elaboração das orientações estabelecidas pelo Ministério da Saúde acerca das atribuições à atenção básica à saúde durante o pré-natal. Espera-se que os achados desta pesquisa forneçam subsídios para o estabelecimento de possíveis intervenções nessa realidade, viabilizando a elaboração de ações que promovam a sensibilização de mulheres para a doação. Sugerem-se futuras investigações sobre representações daquelas mães que têm condições de doar o excedente de seu leite, porém não o fazem, o que poderá enriquecer ainda mais a discussão sobre a temática.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Bancos de leite humano, Leite humano, Pessoal de saúde pública
Citação
Miranda, W. D. de. Representações de mães doadoras e de profissionais da atenção básica à saúde sobre a doação de leite humano. 2014. 103 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2014.