Obtenção e caracterização de compósitos de polipropileno com cascas das sementes de Moringa oleifera.

Abstract

Os anos 70, marcados pela crise do petróleo, trouxeram conhecimento sobre os problemas ambientais causados pelo uso indiscriminado dos recursos não renováveis. Desde então, os fabricantes de automóveis têm procurado obter novos materiais para a construção de carros mais eficientes, o que favoreceu o desenvolvimento de polímeros de alto desempenho. Uma alternativa foi a utilização de agentes de reforços naturais na fabricação de compósitos. Neste trabalho, os compósitos foram preparados utilizando polipropileno como matriz e as cascas das sementes de Moringa oleifera em diferentes proporções como agente de reforço, tratadas com solução de hidróxido de sódio 10%. Estes compósitos foram caracterizados por TGA, DSC, DRX, FTIR, MEV, ensaio de flexão em 3 pontos e absorção de água. Verificou-se que o aumento da quantidade de fibras na matriz polimérica não alterou significativamente a morfologia e a quantidade de absorção de água das amostras. Também foi observado que a adição de maiores quantidades de fibras diminui a temperatura inicial de degradação dos compósitos e suas temperaturas de fusão são deslocadas para temperaturas mais baixas, indicativo de compatibilidade da matriz com o agente de reforço. O ensaio de flexão em três pontos mostrou que os resultados obtidos tiveram uma grande dispersão e que as cascas não influenciaram significativamente nas propriedades mecânicas do polipropileno. Isso pode estar relacionado a uma má distribuição das cascas na matriz, ao teor de cascas utilizado na fabricação dos compósitos ou até mesmo a granulometria das partículas. Os espectros obtidos no infravermelho evidenciou a presença de bandas típicas relacionadas à materiais lignocelulósicos comprovando a incorporação das cascas na matriz. As imagens obtidas das fraturas por MEV evidenciaram a eficiência do tratamento com NaOH, mostrando a remoção dos extrativos incorporados na parede celular das cascas e ainda o preenchimento dos espaços vazios da matriz de PP com o aumento do teor de cascas. A vantagem de utlilizar as cascas de Moringa oleifera como reforço, ou qualquer outro reforço lignocelulósico, está relacionado com a utilização de resíduos naturais biodegradáveis, o que poderia tornar viável para o meio ambiente.