Padronização do gênero redação do Enem e práticas avaliativas excludentes : foco nas funções dos elementos coesivos.

Abstract

Esta pesquisa situa-se nos estudos da linguagem com perspectiva sociocultural (BAKHTIN, 2016), localizando-se na interface entre a Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006; MOTTA-ROTH; SELBACH; FLORENCIO, 2016), a Linguística Textual (KOCH, 2018) e a Política Educacional (ARROYO, 2019; LUCKESI, 2011) e toma a estrutura composicional, as escolhas estilísticas e o modo de apresentação do conteúdo temático do gênero do discurso Redação do Enem como objetos de estudo. O objetivo geral da pesquisa é explicitar como as funções lógico-semântico- argumentativas dos elementos coesivos têm sido utilizadas em favor da padronização da Redação do ENEM e de práticas avaliativas excludentes. Para isso, além da materialidade linguístico- discursiva, cujo foco está na padronização da construção coesiva dessas produções, foi dada ênfase aos contextos políticos e educacionais brasileiros, que têm contribuído para práticas educativas excludentes. Os corpora da pesquisa documental constam de três conjuntos de documentos: uma coletânea de 30 redações que obtiveram nota 1000 no ENEM, de 2012 a 2021; os documentos oficiais instrucionais (manuais e cartilhas) fornecidos pelo MEC nesse período para orientar as ações de candidatos e corretores; e relatórios estatísticos dos candidatos e seus desempenhos, gerados e divulgados pelo INEP/MEC nesse período. A partir deste trabalho foi possível discutir as implicações linguístico-discursivas advindas das alterações verificadas no gênero do discurso Redação do ENEM, avaliar as consequências da padronização do gênero no desenvolvimento dos saberes de escrita nos alunos da Educação Básica e refletir sobre os impactos socioeducacionais do processo de padronização do gênero e das práticas educativas excludentes.