Sobre o tempo livre na era do teletrabalho.

Abstract

O crescente interesse no fenômeno do teletrabalho inspirou pesquisas em disciplinas que variam desde o transporte e planejamento urbano, ética, direito, sociologia, aos estudos organizacionais. Apesar dos grandes avanços sobre a temática, observamos que na literatura em Administração a maioria das discussões centra-se em visões prescritivas e positivadas ao comportamento organizacional, resultando em teorias motivacionais, estratégias de redução de custo e gerenciamento. Diante disso, uma abordagem crítica que problematize dark sides e possíveis efeitos ambíguos do teletrabalho no modo de vida dos trabalhadores ainda persiste como lacuna a ser explorada. Sendo assim, utilizamos uma literatura crítica para abordar o fenômeno do teletrabalho. Questionamos como a teoria crítica pode auxiliar os estudos sobre teletrabalho a refletirem sobre possíveis ambiguidades e facetas veladas dessa modalidade de trabalho frente ao tempo livre do trabalhador. Nossa argumentação aponta para a instrumentalização do tempo livre, destacando como o mesmo tem se tornado tempo produtivo ao capital. Acreditamos que as contribuições práticas e sociais da pesquisa são trazer problematizações sobre o tempo livre do trabalhador, oferecendo à sociedade, aos estudantes, aos legisladores e aos formuladores de políticas públicas críticas sobre como nossa sociedade vem desamparando trabalhadores enquadrados nas relações de trabalho contemporâneas.