A pegada ecológica como instrumento de avaliação da sustentabilidade ambiental no manejo de resíduos sólidos da mineração de ferro.

Abstract

A mineração gera grandes montantes de Resíduos Sólidos (RS), os quais podem impactar negativamente o meio ambiente, mesmo quando gerenciados corretamente. Assim, o manejo adequado de RS é primordial para o desenvolvimento sustentável do setor. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar e discutir o desempenho ecológico do manejo de RS na Mina do Andrade, um empreendimento de mineração de ferro localizado na cidade de Bela Vista de Minas (no Estado de Minas Gerais), região nordeste do Quadrilátero Ferrífero. Essa avaliação foi feita por meio da estimativa da Pegada Ecológica Corporativa (PEC) e da Pegada de Carbono Corporativa (PCC) do manejo de RS no empreendimento entre os anos de 2017 e 2019. A análise e discussão da evolução do desempenho ecológico foram feitas por meio do estudo comparativo da geração de resíduos, das PEC e PCC associadas, considerando dois contextos: (A) adoção de novas estratégias para o gerenciamento de RS, a partir de janeiro de 2018; e, (B) a expansão da mina, a partir de novembro de 2018. A geração de Resíduos Sólidos Industriais (RSI) aumentou devido ao aumento do consumo de recursos para a expansão do empreendimento, enquanto a PEC desses resíduos caiu em 89% entre 2017 e 2019, sendo que os RSI coproceessados ou incinerados geraram as maiores PEC do triênio. Neste trabalho, foi utilizada uma adaptação do método para a estimativa da pegada ecológica do "uso do solo" para determinar a PEC e a PCC de Resíduos de Mineração (RM - estéril), considerando a área ocupada pela base das pilhas de estéril. Os RM demandaram cerca de 120 hag de áreas florestadas por ano, gerando uma PCC de 342,51 tCO2 anuais. A PCC total dos RSI foi nula em todo o período, visto que as áreas bioprodutivas contidas nos limites do empreendimento supriram demanda por sequestro de carbono para a disposição dos resíduos, e ainda geraram um crédito ecológico de carbono para o empreendimento. Além disso, foi evidenciado que o manejo de RSI demandou, majoritariamente, áreas florestadas sequestradoras de carbono, enquanto os RM demandaram, principalmente, áreas florestadas fornecedoras de matéria-prima. Dessa forma, foi constatado que as florestas foram os ecossistemas mais impactados para o manejo de RS gerados na Mina do Andrade. Então, conclui-se que a adoção de estratégias sustentáveis alinhadas aos princípios da P+L em empreendimentos minerários é especialmente importante para a redução da PEC e da PCC, e para a conservação dos ecossistemas florestais.