Tempo é dinheiro : memória, identidade e desejo em O pai Goriot, de Balzac.

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Data
2020
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Resumo
Durante a Revolução Industrial, o mundo começa a funcionar à medida que o dinheiro circula e o tempo adquire valor de moeda em prol da produtividade. Em meio à ascensão do capitalismo, ocorre na França, em 1789, a Revolução Francesa, evento responsável pela horizontalização no tratamento entre pessoas e a organização de uma nova ordem do mundo. Posteriormente, já durante a Restauração, Balzac começa a consolidar seu projeto de representação da sociedade francesa da primeira metade do século XIX. Um dos livros pertencentes à A comédia humana e que consolida seu projeto é O pai Goriot, romance no qual vemos a jornada do jovem arrivista Eugène de Rastignac para ascender socialmente, tornar-se rico, recuperando, assim, o prestigio de sua família, nobre e decadente, e que está em busca de sua identidade. O aprendizado do jovem é cristalizado ao final do romance após os ensinamentos de Vautrin e da viscondessa de Beauséant. Para aprender o mecanismo social, Eugène aproveita um dos conselhos de Vautrin, que ganha vantagem sobre a viscondessa: vender-se quando a oportunidade for boa. Numa sociedade em que o dinheiro está em toda parte, é compreensível que o caráter também seja mercantilizado, pois como Rastignac afirma, é preciso rastejar, bajular e mentir para tornar-se um homem da sociedade. Em A comédia humana, a hiperconectividade das narrativas demonstra a força cognitiva da literatura de Balzac, desenvolvida por meio da verossimilhança, da identificação com as personagens e do realismo em um jogo proposto pelo narrador. O processo de formação de Rastignac termina com sua compreensão de que não é possível resolver a contradição, mas sim aprender a habitála. À sombra da literatura de Balzac e de suas personagens arrivistas está Napoleão Bonaparte, o usurpador que conquistou sozinho a Europa e fundou, conforme sua vontade, uma dinastia: a dos self-made man.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Letras. Departamento de Letras, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Honoré de Balzac, Ficção romântica, Capitalismo, Literatura francesa, Ficção francesa
Citação
MOTA, Leilane Luiza Ferreira. Tempo é dinheiro: memória, identidade e desejo em O pai Goriot, de Balzac. 129 f. 2020. Dissertação (Mestrado em Letras) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2020.